quarta-feira, 29 de junho de 2011

No centro com o Escher

Quinta-feira passada, dia de feriado, aproveitei a folga do trabalho e fui ao Centro Cultural Banco do Brasil no centro de São Paulo para conferir a exposição do Escher. Já fazia um tempo que eu estava afim de ver os quadros deste pintor que admiro bastante. Peguei um ônibus e fui até o miolinho de São Paulo.

Acho até engraçado mas nunca costumo ir ao centro da cidade. As exceções são a virada cultural, que acontece todo ano, e quando tenho alguma reunião a trabalho. Fora isso, é muito difícil eu passar pelo Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, Prefeitura Municipal. O interessante é que em muitas cidades em que eu conheco a turismo, no nosso país ou fora, o centro é um dos lugares que eu sempre conheço, cheio de coisas para ver, prédios antigos, museus. O pior é que o centro de São Paulo é assim também.

Encontrei o CCBB facilmente e logo me deparei com a gigantesca fila para entrar. Poxa, não imaginava que o Escher era tão conhecido assim. Logo depois liguei os neurônios e percebi que estava no meio de um feriado, e talvez os paulistanos que acabaram ficando em casa não tinham muito o que fazer. Quase desisti, mas já que estou aqui na frente, tenho que aproveitar, eu pensei. A sorte foi que eu estava com um livro na mochila e, assim, não fiquei parado à toa. Demorei uma hora e quinze para entrar no bonito prédio do centro cultural. Lá dentro, mais algumas filas para entrar nas galerias.

Foi muito legal ver as pinturas originais deste pintor maluco que brinca com a perspectiva, geometria e espaço das coisas. Sem falar nos seus quadros que analisam diferentes mutações: formas geométricas que viram chineses a caráter, bichos se transformando em outros etc. Outros quadros clássicos do M. C. Escher também estavam lá, como aquele em que os quatro lances da escada, todos conectados um com os outros, só sobem ou descem; seus auto-retratos; a carpa no lago com as folhas caídas na superfície.

Todos as pinturas que eu já tinha visto nos livros e internet estavam presentes na exposição. Novidade: além das pinturas, a exposição montou algumas instalações baseadas na obra do pintor, muito interessante. Havia uma sala que, olhada de uma das duas janelas, um gato e uma cadeira estavam flutuando; através da outra janela, a mesma sala estava com o gato sentado em cima da cadeira, que, por sua vez, estava paradinha no chão.

Conheci o Escher pelo meu tio Maurício. Em uma das vezes em que fomos para sua casa, em Florianópolis, ele nos mostrou um livro que havia comprado deste pintor. Eu e meu irmão ficamos encantados com as loucuras do mesmo. Lembro-me que o livro ficou emprestado um tempo em casa, quando meus pais ainda moravam em Campo Grande. O chato foi ter que devolver pro meu tio depois. Logo mais foi a vez da minha mãe passar a gostar das obras do Escher; não demorou muito e ela mesmo comprou um outro livro dele! O legal é que hoje quase toda a família gosta das obras do pintor holandês. Meu tio já viu a exposição no CCBB no Rio de Janeiro, agora preciso incentivar meu irmão e minha mãe a virem para São Paulo e conferirem os quadros originais de perto. Vale cada segundo esperado na fila.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Santiago a trabalho, Viña no fim de semana

Estou agora no aeroporto de Santiago esperando o voo de volta para o Brasil. Vim para o Chile na sexta passada, tinha uma reunião neste mesmo dia mas acabou sendo cancelada. Pelo menos tive tempo para descansar e aproveitar o final de semana. O motivo da vinda: participar em uma feira sobre energia hidrelétrica no Chile, já que há pouco fechamos um contrato com a instituição que organizou a feira.

Foi bom ter vindo na sexta, pude aproveitar um pouco mais o final de semana e conhecer um pouco mais o país. No sábado peguei um ônibus e fui para Viña del Mar visitar uma amiga chilena, a Romina, que mora nesta cidade. A viagem demorou pouco mais de uma hora e meia e, como o nome já diz, Viãa fica bem em frente ao mar. Mesmo com o tempo horrível que fez, deu pra perceber um pouco a dinâmica da cidade, que é bem espalhada e limitada de um lado pelo mar e do outro por morros e montanhas.

No sábado à noite fomos para um bar perto do apartamento da Romina, bem pequeno mas muito legal. Ela sempre toma mojito neste bar, mas eu, como sempre, acabei tomando uma cerveja. Uma banda tocou no espaço, um som um pouco diferente mas interessante. Na primeira parte do show, um pouco mais clássico, conservador. Na outra metada, mais barulhento e pesado.

No domingo não fizemos muita coisa, o tempo estava um pouco melhor mas ainda longe de estar bom. Fomos a um restaurante e comemos um pouco da culinária tradicional chilena: peixe e frutos do mar. Experimentei o famoso pisco sour mas não gostei, muito doce, lembra bastante caipirinha. Gostaria de ter conhecido Valparaiso também, que fica bem ao lado de Vina. Talvez na próxima.

De volta à Santiago, o pouco que consegui aproveitar e conhecer mais foi, de novo, a culinária. Fui à um bar/restaurante perto do hotel, que gostei bastante. O lugar, que se chama Liguria, era um pouco diferente, descolado, músicas legais tocando ao fundo, lembrava um pouco a Peluqueria Francesa da última visita à Santiago. Acho legal também que os chilenos colocam abacate em tudo, comem junto com a comida, misturam nos lanches e sanduíches, é muito bom. Durante a feira em que participei, pedi um cachorro-quente e... veio com abacate também! Essa me surpreendeu. Mas o pior é que combinou.

Outra coisa que notei também é que aqui no Chile os kebabs são muito mais populares que no Brasil. Só perto do hotel, achei uns três lugares que vendiam essas delícias e acabei experimentado dois deles: um mais tradicional; o outro com pitadas chilenas e, claro, lascas de abacate. Não me espanto que esteja acima do peso e entre um grande prato e outro aqui no Chile, me veio à cabeça uma resposta para usar de bate-pronto aos meus amigos e familiares na próxima vez que caçoarem do meu peso: “pelo tanto que como e bebo, isto não é nada!”.

Comparados com os dois dias da feira, hoje foi bem mais tranqüilo, tive apenas duas reuniões e cheguei cedo e com calma no aeroporto. Li bastante durante a viagem e terminei agora pouco um livro do Mario Benedetti, A borra do café. Típico deste escritor, um livro muito agradável de ler, contando a trajetória, acontecimentos e experiências de um garoto comum que nasce e cresce em Montevideo. Suas primeiras experiências amorosas, amigos do bairro, mudanças de casa, tudo é narrado de maneira simples mas maestral.

Meu voo está sendo anunciado, timing perfeito, já que acabei de escrever um pouco mais sobre o que vivenciei no país dos andes desta vez. Tomara que da próxima eu venha a turismo e tenha mais tempo para desfrutar com calma.

Última semana em Frankfurt

Sem eu perceber minha pequena estada em Frankfurt havia chegado ao fim. Quando dei conta, já me encontrava na última semana e estava cheio de coisas para fazer, já que estava acontecendo o treinamento anual do fundo de carbono, mas também precisava resolver algumas outras pendências. Tirando o chinês e a indiana, vários outros colegas chegaram para passar esta semana e discutir sobre nossa atividade dentro do banco.

Devido ao incerto mercado de carbono atual, o ânimo dos colegas nao estava lá entre os melhores, mas mesmo assim nos reuníamos para fazer alguma coisa depois das várias apresentações e discussões diárias. Fomos um dia a um restaurante mexicano, no outro comemos comida persa (fiquei um pouco desapontado), nos encontramos em cafés alemães. Acho sempre muito legal estar em um meio internacional, cheio de pessoas diferentes com origens distintas: China, Argentina, Indonésia, Índia, Quênia, Filipinas.

Outra coisa divertida que fizemos, organizada pelo banco especialmente para nosso encontro, foi andar por Frankfurt com uma Bier Bike. Do tamanho de uma mesa grande, nesta bicicleta (maior que muitos carros) 10 pessoas pedalam ao mesmo tempo enquanto outras 6 pessoas ficam sentadas sem precisar se enforcar. No meio, onde estão localizados o barril de chope e outras bebidas, fica uma pessoa cumprindo a função de garçom e servindo os pequenos atletas. Uma pessoa da empresa fica no comando da grande e engraçada bicicleta. Por onde passávamos atraíamos olhares risonhos das pessoas, que nos acenavam, tiravam fotos, comentavam. Até metade do passeio eu pedalei como um camelo, a pedalada era muito pesada. Fizemos um pit-stop e mudei minha função para garçom da turma. Me saí bem, servir era muito mais fácil e divertido que pedalar.

No último dia foi organizado um outro passeio, desta vez mais tranqüilo mas não tão divertido. Andamos de barco pelo Rio Main, que corta Frankfurt, durante mais ou menos uma hora. Ficamos conversando mas ninguém se encantou muito com a paisagem. Muito menos eu, que dias antes havia feito outro passeio de barco com meus pais pelo Reno, que é muito mais interessante.

Reservei o sábado (último dia) para fazer um pouco de compras. Por compras leia-se, por favor, lembranças para amigos e encomendas, já que eu nunca compro algo para mim mesmo. Minha ideia era comprar mais um livro para ler no Brasil, mas como acabei dormindo tarde adentro, acabei ficando sem tempo de ir à livraria. Sentiria na pele, horas depois, no voo, as conseqüências de ter tirado esta soneca prolongada durante a tarde. Se dormi por uma hora no apertado avião, acho que foi muito.

Em resumo, o breve tempo que passei na Alemanha foi muito proveitoso. Principalmente no começo, trabalhei bastante e não tive muito tempo para fazer programas particulares durante a semana. Pelo menos nos finais de semana consegui aproveitar mais, viajar um pouco, conhecer novos lugares, encontrar com pessoas conhecidas e me divertir.

É de se espantar o nível de organização e riqueza da Alemanha, mesmo ficando por quase dois meses neste país, não cansava de ter novas experiências que me mostravam, cada vez mais, um pouco mais da Impossible Germany. Sem contar o tempo, perfeito, agradável, que também contribuía, segundo um amigo meu, para que os alemães também ficassem mais simpáticos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Na cidade das kölschs

No último final de semana inteiro que passei na Alemanha, fui para Colônia, já que minha mãe queria muito conhecer esta cidade. Meus pais pegaram o trem na manhã de sexta-feira enquanto eu fiquei trabalhando. Depois do trabalho foi a minha vez de ir partir para a mesma cidade, que é considerada uma das mais legais e animadas da Alemanha. A viagem de trem demora mais ou menos duas horas e meia e passa pelo mesmo caminho que fizemos com o barco poucos dias atrás. O Manfred, pai da ex-namorada do meu irmão, que se tornou amigo da família, também foi para Colônia nos encontrar. Detalhe: ele nao foi de trem, mas sim com seu motorhome, esse tipo de carro com casa embutida!

Na sexta à noite nos encontramos todos na beira do rio, que corta a cidade quase no meio. O Manfred tinha estacionado sua casa móvel lá. Ficamos conversando, comendo e bebendo enquanto olhávamos o rio e os barcos passando. No dia seguinte, fizemos praticamente a mesma coisa, apenas em um local diferente: pegamos o motorhome e saímos um pouco de Colônia, estacionamos de novo em frente ao rio. Passamos a tarde toda fazendo basicamente as mesmas coisas que havíamos feito na noite anterior. Mas valeu a pena.

Consegui encontrar o Fernando, colega do trabalho de São Paulo que está morando e trabalhando temporariamente em Colônia, e sua namorada, a Paula. Fizemos algo divertido. Como a cidade é famosa por sua cerveja típica, chamada kölsch, fomos pingando de bar em bar (como os espanhois) e experimentando várias das diferentes marcas dessas cervejas. O copo para esta cerveja também é típico, fino e alto. No final das contas acabamos indo em uns sete bares diferentes, e em cada um que íamos, eu e a Paula pegávamos uma bolacha de recordação.

No domingo, depois de dormir bastante, quase hibernar (eu estava dormindo muito pouco nas últimas semanas), fomos dar um passeio no centro de Colônia. Achei a cidade, na verdade, movimentada até demais, cheia de turistas, gente por todo lado. Bem no centro da cidade, ao lado da estação de trem, fica uma catedral muito famosa que funciona como um imã para pessoas com câmeras fotográficas a mão. Apesar de imperssiva por seu tamanho, eu, particurlamente, acho a catedral um pouco feia e sem graça. Mas é o símbolo da cidade, fazer o quê?

Uma coisa muito legal que descobrimos na cidade foi uma ponte de trem, perto também da catedral, que está repleta de cadeados presos em sua grade de corrimão. A tradição é os casais ou namorados escreverem seus nomes no cadeado e prenderem na grade, como símbolo de amor eterno ou algo assim. São cadeados de todos os tipos, cores, tamanhos, datas, opções sexuais, uma festa. Fiquei impressionado com a quantidade de cadeados no lugar. Em uma parte da ponte, no chão, uma frase escrita: "Que tipo de sociedade vivemos em que cadeados são símbolo de amor?". Escolha certa para tal símbolo ou não, a veradade é que o passeio em Colônia foi muito divertido.

sábado, 11 de junho de 2011

Pelo Reno

Aproveitando o feriado que teve na quinta-feira aqui na alemanha, dia 2 de junho, fiz um passeio de barco com meus pais pelo Rio Reno. Fomos, primeiro, de trem até uma cidade chamada Bingen. Andamos um pouco pore la procurando de onde o barco saía, quando achamos o pier, já estava quase na hora do barco partir. Corremos e conseguimos entrar nos últimos segundos antes do cara desamarrar a corda do barco.

Este caminho pelo Reno é muito bonito, cheio de pequeninas cidades na beira do rio, vários castelos nas encostas, é considerado umas das regioes mais bonitas da alemanha. O passeio no barco foi muito agradável, ficamos no deck do barco, que tinha um bar para server os turistas, eu e meu pai que gostamos! Demos sorte com o tempo também, já que no dia anterior estava horrível.

A travessia demorou uma hora e meia antes de chegar em St. Goar, outra pequena cidade, cheia de turistas. A principal atração do local é um castelo, que escolhemos apenas ver de fora. Trocamos uma visita pelos aposentos do rei por um almoco em um restaurante na beira do rio. Foi a melhor coisa que fizemos, até porque gosto muito mais de comer do que de ver castelos. Pegamos o barco de volta, mas desta vez a viagem demorou quase três horas, parece que o sentido do rio faz alguma diferenca.

De volta em Bingen, eu queria dar uma passeada pela cidade, existe um parque bem comprido em frente ao rio, muito gostoso. O problema é que nao tímnhamos muito tempo e já tivemos que ir para a estacao pegar o trem. Na volta, meus pais nao paravam de falar o quao encantados estavam com os trens alemaes, como funcionavam bem, eram silenciosos, pontuais.

Baden-Baden e Strassbourg

Há mais ou menos umas três semanas, o Klaus, um colega do trabalho aqui em Frankfurt, convidou eu e a Ramya (a indiana) para fazer um passeio turístico no domingo. Como o Klaus é casado com uma francesa, ele mora durante a semana na Alemanha e nos finais de semana ele passa com a família, em Strassbourg.

Acordamos cedinho e pegamos o trem para Baden-Baden, ao sul de Frankfurt, e encontramos o Klaus lá, que já estava nos esperando na estacao. Baden-Baden é uma cidade balneário - o próprio nome já diz – cheia de gente rica e pessoas velhas. Fiquei sabendo também que é uma cidade que os russos adoram, ultimamente a elite deste país vem comprando casas e mais casas na cidade. Dá até para entender, a cidade é muito agradável e bonita.

Gostei bastante de um parque que separa as duas maos de uma avenida, ficamos andando por ele e conversando, o tempo estava ótimo. Depois da caminhada, fomos a um museu em frente ao parque. O prédio era interessante, arquitetura moderna, clean, amplo. Dentro dele, uma exposicao de um pintor alemao chamado Neo Rauch; quadros bem coloridos, oníricos, malucos, gostei de vários deles. Já o Klaus e a Ramya nao tiveram a mesma sorte, ficaram até um pouco indignados com a audácia do artista e, pricipalmente, da bilheteria. Gosto é gusto.

Almocamos rapidinho em um pequeno restaurante chinês (como eu gosto do arroz orintental, tem um sabor diferente, acho melhor que o brasileiro), pegamos o carro do Klaus e fomos para Strassbourg. No caminho, tempo para descansar um pouco da longa caminhada, admirar a paisagem e, é claro, conversar sobre o instável mercado de créditos de carbono.

É engracado como cidades que estao localizadas tao perto uma das outras podem possuir culturas tao diferentes, neste caso a língual – Baden-Baden fica apenas 45 minutos de carro de Strassbourg. A história desta última cidade é um pouco conturbada e interessante, ela pertenceu alguns anos para a Alemanha, logo depois da Segunda Guerra, depois os franceses tomaram a cidade de volta. Por isso, existe uma grande influência da arquitetura alema. Mas eu gostei mesmo desses apartamentos residenciais franceses, que têm algumas janelinhas que saem do telhado.

O passeio em Straussbourg consistiu mais ou menos na mesma coisa que na cidade anterior: caminhar pela cidade, conversar, parar em alguns lugares para tirar foto. Essa cidade francesa é bem charmosa, existe um rio que passa bem no meio dela, cheia de bares e restaurantes em frente. A cidade abriga também alguns orgaos da Comunidade Europeia, os prédios sao grandes obras de arte.

Na última parte do passeio fomos para a casa da família do Klaus, ao lado de Strassbourg, e jantamos couz-couz marroquino, um pouco diferente do brasileiro, mas muito bom também. Fomos muito bem recebidos, achei muito legal o Klaus passer um dia do seu final de semana mostrando essas duas cidades e nos convidando para sua casa. Na volta, sentei no banco de trás e dormi boa parte do caminho. Nao demoramos para chegar em Frankfurt, o Klaus deve ter aproveitado da falta de limite das estradas alemas.

terça-feira, 31 de maio de 2011

A Augusta de Frankfurt

Há alguns dias, indo do meu apartamento para o local onde meus pais estao hospedados aqui em Frankfurt, acabei descobrindo a Rua Augusta de Frankfurt. Perto da estacao de trem (incrível como estes redutos decadentes sempre ficam perto de uma estacao de trem ou rodoviária) e muito parecida com a via brasileira, a rua sem-vergonha está cheia de avisos luminosos, prostitutas na rua, inúmeras casas de sauna e caca-niqueis. Andando por ela já presenciei algumas cenas estranhas como apertos de mao demorados, consumo de drogas pesadas e até um cara estranho, sem camiseta, com a calca caindo, atrapalhando a janta de alguns clientes de um restaurando ao lado do antro. O garcom que nao ficou nada satisfeito. Uma vez, vi dois policiais caminhando pela rua como se tudo fosse normal, como se estivessem na Avenida Paulista. Como na rua de mesma funcao da maior cidade brasileira, a vida careta está bem ao lado da vida do excesso, dividida por fronteiras quase invisíveis. De repente as boates e casas de show acabam, dando lugar a restaurantes para turistas comportados e até chiques. Tem coisas que sao iguais no mundo todo.

Sobre pepinos assassinos e outros acontecimentos

Desde meu último texto algumas coisas novas aconteceram aqui na Alemanha. Primeiro uma colega da Índia chegou aqui em Frankfurt e depois um colega da China. Os dois também vieram um pouco antes da semana internacional de treinamento do fundo (semana que vem) para vivenciar um pouco mais o trabalho aqui na central. Outros dois visitantes também chegaram nos últimos dias, desta vez do Brasil: meus pais! Eles vao ficar aqui até semana que vem.

Automaticamente tenho tido muito mais coisas pra fazer fora do escritório. Tenho tentado sair do trabalho um pouco mais cedo e encontrar meus pais em algum lugar da cidade, no meu apartamento ou no deles. Eles estao encantados com o silêncio e organizacao de Frankfurt, pra nao falar da comida. Na sexta-feira passada fui com eles para o parque/jardim Palmenhof Garten, que fica ao lado do trabalho. O lugar é muito bonito, com várias estufas simulando a flora de diversas regioes do mundo. Muitas flores e plantas também, um lugar ótimo para dar uma passeada.

Os colegas alemaes do trabalho estao sendo simpáticos, sempre tem um que convida pra fazer alguma coisa, ainda mais agora que a indiana e o chinês também estao aqui. Outro dia mesmo fomos a um restaurante típico alemao, comi o maior joelho de porco da minha vida! Saindo do restaurante, achamos uma estante pública cheia de livros. Funciona assim: qualquer um pode pegar um livro pra ler mas, de preferência, tem que depositar um livro na estante. Até os alemaes ficaram espantados que tal aparato funcione nesses tempos de vandalismo.

No final de semana, nossa chefe também nos convidou para ir tomar café da manha em uma padaria perto do hotel em que estamos ficando. Foi muito divertido, ela também levou o filho dela, ele nao tem nem dois anos ainda e é engracado. A padaria é maravilhosa: francesa, cheia de paes deliciosos, sanduíches e doces. Claro que comi o típico croissant. Depois da padaria encontrei meus pais e ficamos caminhando na beira do rio, todo sábado tem uma feira de usados, aqui literalmente chamada de feira das pulgas. Nao tinha muita coisa interessante mas valeu a pena para comprar copos de cerveja e um livro de fotos do Van Gogh.

Faz algum tempo que nao como salada aqui, um vírus, que ja matou mais de 10 pessoas no país, está se espalhando pela Alemanha (país com maior caso de óbitos) e Europa. Provavelmente veio da Espanha, através de pepinos orgânicos. O KfW suspendeu há algumas semanas a salada e verduras cruas do cardápio. As autoridades estao agora confessando que a situacao está mais séria do que antes imaginada. Ainda bem que nao é algo como a doenca da vaca-louca, se suspendessem a carne do cardápio eu iria ficar doido!

sábado, 21 de maio de 2011

Que pais e esse?

Pouco antes de entrar no aviao, peguei um exemplar da Folha. Sexta-feira, gosto de ler o jornal deste dia. Depois das machetes, na contra-capa, uma coluna de um Jose Sarney. Nao pode ser o cafajeste do nosso presidente no senado, pensei. Um jornal destes nao iria reservar um espaco tao nobre para uma pessoa assim. Antes de comecar o artigo li a assinatura embaixo do mesmo; nao havia nenhuma indicacao se era escrito por um senador ou, coincidentemente, por outra pessoa com o mesmo nome do infeliz. No meio do texto, uma mencao ao mandato presidencial do escritor. Era ele mesmo, puxa vida. Entre uma linha e outra, a indignacao com a situacao atual da educacao brasileira. O sujeito e mesmo um cara de pau, ja que o Maranhao, estado onde e coronel e manda-chuva ha decadas, tem um dos niveis mais baixos de desenvolvimento e uma grande populacao analfabeta. Nao bastando a maioria dos cretinos, escolhidos por nos, votar para que o cretino-mor continuasse o presidente de uma das instituicoes publicas mais importantes do Brasil, um dos maiores jornais brasileiros ainda cede um importante espaco de comunicacao a um dos piores politicos do nosso pais, para que o mesmo escreva suas asneiras todas as sextas-feiras. Folha de Sao Paulo, meus parabens.

Chile

Sempre vi o Chile como o exemplo para a America Latina. O pais e bem mais organizado que seus vizinhos, tem um sistema de educacao exemplar, nivel de exportacoes altos e condicoes estaveis e atrativas para o investimento externo. Na semana passada, em uma breve viagem inesperada, tive a oportunidade de conhecer Santiago, junto com meu chefe e minha chefe da Alemanha. Do pouco que pude ver e perceber - fiquei apenas 3 dias na capital chilena -, minhas impressoes acima puderam ser comprovadas.

Santiago e uma cidade grande mas nao tao desorganizada como outras no continente. Apesar de ter bastante transito, nada se compara com Sao Paulo, por exemplo. As ruas sao extremamente limpas e as pessoas parecem ser educadas. Em um dos centros financeiros da cidade, arranha-ceus sao construidos. Fui para Santiago a trabalho e, por isso, estive em varios escritorios. Em um deles, que ficava no 40o andar, a vista para a cidade era impressionante. Para subir e descer pelo elevador, apenas alguns segundos, chegava ate fazer pressao no ouvido.

A viagem foi intensa, sem falar no fuso horario que deixou as coisas ainda um pouco mais dificeis. Na segunda-feira, primeiro dia no Chile, fui dormir quase meia-noite, que na Alemanha, onde estava acostumado com o fuso, ja eram seis da manha. Como nao tive tempo para quase nada, minhas experiencias chilenas se resumiram em ver um pouco a cidade indo de um lugar para o outro, reunioes e conversas com chilenos, que, por sinal, sao bem orgulhosos de seu pais e, claro, a culinaria.

O restaurante do hotel era muito bom, nas duas noites jantamos nele. Em todas as refeicoes no Chile eu comi peixe ou frutos do mar, tudo uma delicia. Ser um pais extremamente fino e cumprido, exposto ao mar, tem la suas vantagens. Em um almoco, depois de um colega de Frankfurt dar a dica, fomos para um restaurante chamado La peruqueria francesa. O lugar fazia juz ao nome, logo que entramos, vimos que do lado havia um cabelereiro onde alguns senhores trabalhavam. O restaurante tinha uma decoracao muito diferente e bem despojada, uma mistura da antiga casa do meu tio Mauricio com as kneipes de Berlim. O ambiente era decorado com items antigos e a venda. Comi um prato muito diferente, atum grelhado por fora e cru por dentro, geleia de frutas vermelhas e uma coisa que parecia um pure de batatas, mas doce.

Comilancas e gula a parte, conseguimos finalmente fechar o contrato com a instituicao que estavamos negociando. Vamos ser o comprador de creditos de carbono do projeto e tambem ajudaremos na implementacao do mesmo, que consiste em criar uma plataforma para facilitar a implementacao de pequenas hidreletricas no Chile. Este acontecimento teve um significado importante para mim, ja que foi o primeiro projeto que foi finalizado. O segundo passo agora e trabalhar para que tudo seja implementado corretamente.

Depois de tres interminaveis dias, na quarta-feira a tarde fomos para o aeroporto e pegamos um voo para o Brasil, para aproveitar que estavamos na America do Sul e conversar com alguns parceiros em Sao Paulo. Dormi duas noites em casa, consegui ainda encontrar alguns grandes amigos na quinta e, ja na sexta, embarquei para a Alemanha com a minha chefe. Conversamos bastante no voo, ela e simpatica e aberta. Chegando no quarto do hotel em Frankfurt, dormi da uma da tarde ate as 9 da noite, justo agora que tinha me acostuma com o fuso do Chile e Brasil. Escrevo essas linhas as tres da manha e desconfio que terei que contar varios carneirinhos ainda. De volta ao Chile: vamos ver se da proxima vez consigo conhecer um pouco mais deste pais e sua capital, as primeiras impressoes foram positivas.

Bicicletas "moveis"

Essa me surpreendeu. Com a mobilidade de Frankfurt eu ja estava acostumado, cidade pequena, varias estacoes de metro, pessoas indo trabalhar de bicicleta. Mas, desde quando cheguei, comecei a notar umas bicicletas da Deustsche Bahn espalhadas pela cidade. Achei engracado, o que a empresa de trens da Alemanha tinha a ver com bicicletas? Depois de um tempo, uma colega do trabalho me explicou: voce se cadastra no site pagando 10 euros e, toda vez que quiser usar uma das bicicletas, liga para um telefone, avisa que esta pegando a bicicleta dando o endereco da mesma. Quando a pedalada perder a graca ou o destino chegar, e so deixar a bicicleta em qualquer lugar e ligar mais uma vez avisando o novo endereco. Detalhe, nao precisa pagar cada vez que se usa a bike, somente a taxa anual de cadastro. Pratico, nao?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sobre o governo, propaganda e empresas alemas

Tenho trabalhado bastante aqui na Alemanha, o dia no escritório comeca cedo e termina tarde. Muitas vezes os almocos sao curtos e minha vida social se resume em fazer alguma coisa nos finais de semana. Mas nao posso reclamar, é bom que eu esteja trabalhando bastante, quanto mais aprender aqui, mais poderei usar depois no Brasil. Pouco a pouco vou conhecendo um pouco mais de Frankfurt e da Alemanha, como venho relatando aqui no blog.

Coincidentemente, a Alemanha também vai realizar um censo em pouco tempo. Pelo que entendi, o último aconteceu há mais de dez anos e, pelo visto, os alemaes também nao se alegram em responder às perguntas. Nada melhor, entao, do que propagandas para convencê-los da importância em preencher os questionários. Pela cidade toda estao espalhados criativos cartazes sobre o censo. Em um deles, uma mulher olha um prédio e algo escrito quer dizer que só é possível construir apartamentos no local exato, caso se saiba onde está a demanda para estas moradias.

Em outro placar, uma foto aérea mostra vários carros, vermelhos, amarelos e pretos, que, como as cores das janelas do prédio do outro anúnio, formam os matizes da bandeira alema. A frase, neste caso, é uma pergunta: "Como saberemos o local onde construir nossas ruas no futuro?". Por último, um homem, capacete na cabeca, admira vários contêiners de cores também germânicas empilhados em um porto. Como os alemaes saberao como se preparar para continuar sendo grandes exportadores? Tomara que o censo saiba responder estas perguntas.

Bom, propagandas públicas sao decididas pelo governo, que, por sua vez, está ligado aos políticos. Mas os polícos aqui na Alemanha, como fiquei sabendo no último final de semana, nao recebem votos diretamente da populacao; os cidadaos podem votar apenas nos partidos. Uma vez selecionados e, creio eu, ponderados, os mesmos podem indicar quem vai representá-los no congresso, senado, etc. O presidente alemao, que também é indicado pelo partido ou coalizao, estava há poucos dias no Brasil e assinou alguns acordos de cooperacao na área de infraestrutura. Mas, na verdade, quem manda mesmo no país é a chanceler, Angela Merkel.

Ainda no tema governo e, indiretamente, empresas públicas, fiquei sabendo um pouco mais sobre a Deutsche Bahn, empresa estatel de transporte ferroviário do país. No último final de semana, o Moritz me falou que muitos alemaes reclamam desta empresa, já que ela é muito cara e pouco eficiente. Houve, há alguns anos, uma corrente muito forte a favor da privatizacao da Deutsche Bahn, mas que foi neutralizada logo que a crise mundial de 2008/2009 irrompeu, desencarrilhando os possíveis compradores da jogada. Realmente, voltado de Wupertal no final de semana passado senti as agruras dos alemaes: paguei uma pequena fortuna pela passagem e o trem atrasou quase meia hora. Bom saber que, em menor ou maior escala, nao é só no Brasil onde a ingerência pública se faz presente.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Wupertal e Düsseldorf; festa em Colônia

Tive um final de semana bem produtivo, intenso e agradável. No sábado cedo peguei o trem e fui para Wupertal, onde o Moritz estava me esperando. Mas quem é o Moritz? O Moritz é um amigo meu, alemao, que conheci porque ele fez um estágio no mesmo banco que eu trabalho, lá no Brasil. Voltou há pouco tempo para a Alemanha e combinamos de fazer algo neste final de semana.

Eu achei a cidade um pouco diferente das outras, já que ela fica em um vale, o tal do tal no nome, vale em alemao. Bem atrás da casa do Moritz tem um bosque que é bem legal para caminhar. Famoso em Wupertal também é um trem suspenso que corta a cidade, chamado Schwebebahn, que, literalmente, quer dizer "trem que paira". Andamos algumas estacoes com ele e achei bem engracado. É divertido também, do chao, ver esse trenzinho correndo a cidade pelos ares. Outra curiosidade de Wupertal é que ela é dividida em dois núcleos, como se fossem duas cidades mesmo, ou dois distritos.

Depois de conhecer um pouco da cidade fomos para Düsseldorf, que fica ao lado de Wupertal. Mas desta vez nao de trem. O Moritz estava com o carro da mae dele, que é conversível! Foi a primeira vez que andei em um carro sem teto, foi bem divertido, ainda mais na autobahn. Düsseldorf é uma cidade bem alegre, as pessoas estavam todas nas ruas, ou na beira do rio (Reno) ou espalhadas nos bares, na cidade velha. Tomamos a cerveja típica da cidade, achei boa, mas bem amarga, ela é quase preta. Também subimos em uma torre de cento e tantos metros, a vista da cidade era incrível.

Voltamos para Wupertal no final da tarde e ficamos comendo e conversando com os pais do Moritz. Pouco depois, nos arrumamos e fomos para Colônia em uma festa em uma república de uns conhecidos do Moritz. A república era um apartamento de 3 andares, todo os quartos abertos, parecia festa de arromba. O som estava no último volume e a casa abarrotada de gente. Nao sei como os vizinhos nao reclamaram, só deve morar estudante no prédio, nao é possível. Conheci duas pessoas que já haviam morado no Brasil, ficamos conversando assuntos tupiniquins, diferenca do Brasil com a Alemanha, etc. Em resumo, foi bom ver um pouco de gente, já estava ficando viciado com o trajeto apartamento-trabalho-apartamento.

Dormimos em Wupertal e no dia seguinte, depois de um café-da-manha alemao reforcado, peguei o trem de volta para Frankfurt. Foi muito bom conhecer outros lugares da Alemanha, ainda mais na companhia do Moritz. Pouco a pouco vou formando uma imagem melhor do que é a Alemanha e seus moradores.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Shopping é (quase) tudo igual

Lojas uma do lado da outra, espaco fechado, pessoas andando como num formigueiro, consumismo à flor da pele: shopping é tudo igual. E, na quinta-feira, troquei o almoco por uma ida a um desses maravilhos lugares, já que tinha que comprar o tal do adaptador, para poder carregar a bateria da câmera fotográfica. Indicaram-me a Saturn, gigante cadeia alema de eletro-eletrônicos, que ficava em um shopping. Uma visita nessa loja é sempre bem prática, pode-se encontrar facilmente quase tudo que precisamos em matéria de vida moderna, cabos para eletrônicos, impressoras, TVs, CDs, computadores, a lista continua. Logo na entrada do shopping, uma surpresa: a fachada, toda de vidro, é abaulada no meio para dentro, parecendo a entrada de um buraco negro. Legal. Ao entrar no lugar, vi que a loja ficava no quarto andar e peguei a primeira escada rolante que vi. Logo depois, a surpresa: a escada ligava, diretamente, o térreo ao quinto andar! Nunca tinha visto uma escada rolante tao cumprida. Esse shopping deve ser um dos poucos lugares onde o aluguel de um ponto no último andar custa pouco menos que no primeiro, esses alemaes pensam em tudo. No meio do caminho, que nao era curto, percebi que o teto do lugar, igualmente à fachada, era de vidro. E mais, o teto, bem no meio, se afinava, tomava a forma de uma estalactite e ia até o chao (talvez, por isso, uma estalagmite, vai saber). Comprei o adaptador na Saturn, desci para ir embora, dessa vez, infelizmente, por várias escadas que ligavam piso a piso. No térreo, olhei mais uma vez a superlativa escada, dessa vez de baixo, e logo me senti dentro de um desenho dos Jetsons. Shopping é tudo igual, mas alguns sao menos iguais que outros.

domingo, 1 de maio de 2011

Frankfurt, Mainz e Wiesbaden

Final de semana solitário mas proveitoso. Reservei o sábado para conhecer um pouco mais de Frankfurt. Por conhecer leia-se andar igual um camelo. Meu pé já está todo dolorido e com algumas bolhas, e olha que meu tênis é confortável. Sem molas ou bolhas embaixo do calcanhar, mas mesmo assim confortável.

O centro velho da cidade está limitado, por um lado, pelo rio, e na área remanescente, por um corredor verde em forma de U. Andei pelo corredor quase todo e acabei chegando no rio. É muito legal caminhar pelo rio, ainda mais nos finais de semana, quando ele fica cheio de pessoas, também caminhando, conversando, sentadas tomando alguma coisa. Antes da caminhada, na manha do sábado, eu fui pra um pequeno parque perto do apartamento, que havia descoberto na sexta. Fiquei lendo um livro e tomando um pouco de sol, quem diria.

Falando em livro, depois desta caminhada no corredor verde da cidade, fui a uma livraria, já que estava acabando o livro que estava lendo. O intuito era comprar outro livro, mas, como quase sempre, saí da loja com três deles! Um de um escritor alemao, que retrata a Alemanha reunificada, ou melhor, tentando se reunificar e criar uma indentidade nacional única, logo após a queda do muro de Berlim. O outro, um romance de um escritor italiano, nao parece ser nada espetacular, comprei pelo impulso mesmo, já que estava bem barato. O último, um pouco diferente dos dois primeiros, sobre as novas potências China e Índia, parece ser bem interessante.

Hoje, domingo, resolvi conhecer duas cidades aqui perto de Frankfurt. Primeiro fui até Mainz, que fica à margem do Reno. Trinta minutos de trem, divididos entre a leitura do livro sobre a Alemanha pós-muro, que citei acima, e olhadelas nos avioes que estavam pousando em Frankfurt. O turismo foi do jeito que eu gosto. Cheguei na cidade sem saber quase nada sobre a mesma ou o que ver. Como o posto de informacoes turísticas estava fechado (a Alemanha pára aos domingos), pedi informacao a uns policiais, que me indicaram ir caminhando pelo trilho do tram. E assim fui, seguindo as linhas de ferro, só falou jogar migalhas de pao pelo caminho, como naquela história da casa feita de doces. Deveria ter feito isso, já que me perdi umas quinhentas vezes depois.

Mainz, como quase todas as cidades que já estive aqui, é um lugar interessante e agradável. Claro que o tempo quase-verao ajuda muito, mas o centro histórico é bem legal mesmo. Outro lugar que gostei, um pouco afastado da cidade velha, é um parque com umas contrucoes bem antigas, da época dos romanos. Achei este lugar porque me perdi, mas se perder, quando conhecendo uma cidade, até que pode ser útil. Resumindo, fiquei perambulando pela cidade sem muito objetivo.

Comi um kebab enorme e apimentadíssimo (turco safado) e fui para Wiesbaden, que é a capital do estado de Hessen, onde também está Frankfurt. Depois de Mainz, meu nível de curiosidade já estava um pouco raso e, aliado à dor dos meus pés, acabei nao andando muito por esta cidade. Logo depois da estacao de trem havia um parque/jardim bem grande, onde fiquei deitado lendo o livro. O único problema é que nao levei minha câmera fotografica, ela está sem bateria e o carregador, obviamente, segundo Murphy, nao entra nas tomadas daqui. Ainda bem que nao sou de ver as fotos depois que tiro.

sábado, 30 de abril de 2011

O Black Berry me salvou!

Sim, eu, que nao sou nem um pouco chegado nesses celulares multifuncionais, tenho que admitir que o Black Berry, meu telefone do trabalho, me ajudou muito ontem. Peguei o metrô e fui até uma estacao perto da piscina onde eu iria nadar. Havia anotado o endereco em um papel que, infelizmente, acabei deixando no apartamento. Tinha um mapa na mao e quase certeza que a piscina ficava na Rua X. Andei pela rua toda e nada. Caramba, eu tinha quase certeza que ficava nesta rua. Perguntei para várias pessoas na rua e ninguém sabia da tal piscina. Até que tive a brilhante ideia: peguei o celular, que nem sei porque estava carregando comigo, acho que somente pra saber as horas, já que nao uso relógio, e usei o navegador pra entrar na página da academia. Bingo! Era em uma outra rua perto de onde estava. Nao perdi a viagem e, finalmente, voltei a me movimentar, depois de alguns meses sem praticar algum esporte de verdade.

Quando vi a piscina, logo lembrei dos desenhos do livro Onde está o Wally?. Era gente nadando pra todo lado, todos sentidos, criancas pulando n'água, boias no meio de tudo, alemaes, estrangeiros. Os alemaes podem ser organizados no trabalho, transporte público, em suas vidas pessoas, mas na piscina nao! A única pequena porcao de ordem no meio da balbúrida toda era uma tímida raia no canto da piscina, onde duas pessoas estavam nadando de verdade. Comecei a nadar e toda hora tinha que me desviar do "trânsito" caótico de banhistas. Até que, pouco depois, a coisa até que foi se organizando, todo mundo indo do lado direito e voltando pelo esquerdo. Nunca tinha visto coisa igual, a piscina nao era de azulejo, mas sim de metal. Várias placas de ferro soldadas umas nas outras, achei engracado.

Voltei caminhando para casa, nao era muito perto, deu mais ou menos uns 45 minutos de caminhada. Ainda estou no período curioso e de admiracao da minha estada em Frankfurt. Fico olhando os prédios, comércio, tentando guardar os nomes das ruas, me situar. Sendo Frankfurt a capital financeira da Alemanha e até Europa, existem alguns poucos arranha-céus espalhados pelo centro da cidade. Eles sao muito práticos pra eu me orientar em minhas caminhadas. Os principais (e mais imponentes) prédios sao das seguintes empresas/bancos: Commerzbank, UBS, DB (Deutsche Bahn, a empresa ferroviária da Alemanha), DB (Deutsche Bank), BHF Bank, Banco Central Europeu, etc. Mesmo com a ajuda da globalizacao, vou comecar a sempre carregar meu Black Berry comigo, até que ele pode ser útil, confesso.

Helvetia

Aproveitei o feriado da páscoa e fui pra Suíca, visitar o pessoal, que fazia tempo que eu nao os via. O engracado, nao sei por que, é que aqui na Alemanha (e na Suica também), o feriado se dá na sexta e na segunda. Já tinha comprado a passagem de trem no Brasil, e na sexta-feira cedo fui pra Berna. Lá, encontrei o Florian, que foi meu irmao-hospedeiro no intercâmbio, e sua namorada Sarina.

Berna é a minha cidade preferida na Suíca. Nao sei explicar muito bem, talvez minha preferência esteja ligada nas experiências que tive nesta agradável cidade. Durante o intercâmbio, no primeiro mês, fiz um curso de alemao todo dia em Berna e sempre me impressionava com o pitoresco centro velho. Durante o ano na Suíca, sempre ia a Berna, já que era a cidade grande perto de onde eu morei. Sem falar no Rio Aare, que circula o centro da cidade, deixando ela ainda mais bonita.

Passamos um dia muito gostoso, conversando, contando as novidades e andando pela cidade. O legal é que eu conheci algumas partes de Berna que nao havia conhecido em 2003. Fizemos uma longa caminhada pelo Aare, vimos os ursos, símbolo do cantao Berna, que agora têm uma nova casa, também na margem do rio. No final da tarde, jantamos no apartamento da Sarina (uma torta de espinafre!) e ainda fomos a um bar, entre o caminho do ap. da Sarina e do Florian.

No sábado fomos para Unterseen/Interlaken e lá encontrei o resto do pessoal. Todo mundo estava animado com a Páscoa, pintamos os ovos para o domingo, segundo a tradicao deles de procurar esses ovos coloridos e chocolates no jardim, na manha de domingo. Isso por causa da Mona, a filha da Anna, que era minha irma-hospedeira. A Anna teve há pouco tempo outra filha, a Jenna, e foi legal conhecer o pequeno bebê também, que ficava sempre segurando forte meu dedo.

É impressionante como as cidades vao mundando de mês para mês, ano para ano. Estive em Interlaken pela última vez no comeco de 2009 e, nesta ocasiao, a cidade já havia mudado bastante: novos comércios, reformas nas ruas, casas novas. Desta vez nao foi diferente, notei vários novos restaurantes chineses e indianos, por causa dos turistas; eles, juntos com os japoneses, sao os mais comuns em Interlaken, que é uma cidade turística por causa da proximidade com as altas montanhas, no inverno cheias de neve.

A maioria dos amigos da época do intercâmbio estava viajando ou morando em outro país. Mas pelo menos consegui encontrar dois deles, o Mani e o Niklaus, que estudaram na mesma sala que eu. Foi muito legal encontrá-los depois de tanto tempo. Ficamos em um bar (também novo) nos atualizando e lembrando dos engracados acontecimentos em 2003. O Mani estudou engenharia civil e está trabalhando em um escritório em Berna; o Niklaus está terminando o curso de física em Zurique.

No domingo, como comentei, foi o grande dia de procurar os presentes deixado pelo Coelhinho da Páscoa. Eu ainda tive a capacidade de dar a rata de perguntar pra Mona, que horas que a mae dela havia escondido os ovos. Só eu mesmo. Tomamos depois um grandioso café da manha a la Suíca e depois almocamos, no final da tarde. Durante o dia ficamos no jardim jogando jogos parecidos com golfe e bocha, muito divertido! Na segunda-feira fiz uma pequena excursao, em um ponto turístico vizinho, com a família da Anna e fiquei carregando a pequena Jenna naquelas mochilas de carregar bebês. Me diverti bastante, ela também!

Votei para Frankfurt diretamente de Interlaken e, no caminho, fiquei a maior parte do tempo lendo um livro que havia ganhado na Suica, como presente de aniversário. Foi legal, como eles nao tinham me comprado nada, eu pude escolher dois livros da biblioteca deles. Gosto desses presentes. Durante a viagem, a caminho do vagao restaurante, percebi porque o trecho Berna-Frankfurt demorava apenas pouco menos de quatro horas: o trem, vi no painel do vagao, estava andando, ou melhor, voando a 249 km/h. Caramba! Assim terminou minha pequena visita à Suíca, estava feliz da vida.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Primeiros dias em Frankfurt

Sem eu perceber, o dia de deixar o Brasil a caminho de Frankfurt chegou. Como comentei em outro post neste blog, vim para a cidade onde está a sede do KfW - banco onde trabalho - para ficar pouco menos de dois meses, trabalhando com projetos do Brasil mas também para conhecer melhor a empresa e os colegas de trabalho. No voo, tudo tranquilo; acho que foi a vez que mais dormi em um voo, mesmo estando igual sardinha enlatada. Incrível.

Por enquanto o dia a dia no trabalho tem sido puxado. Cheguei no meio da tarde da última quarta-feira e logo fui para o pequeno mas agradável apartamento/hotel. Logo depois caminhei até o KfW, que fica bem perto do hotel, para dar "oi" pro pessoal do escritório. Já na quinta comecei realmente a trabalhar, depois de dormir bem durante a noite e me recuperar do fuso. Por causa de alguns pepinos, fiquei até quase dez da noite trabalhando. Ontem e hoje trabalhei até às 8. Mas nao posso reclamar, quanto mais trabalhar por aqui, mais aprenderei e aproveitarei este pequeno intercâmbio.

A hora do almoco no KfW é demais. O banco tem vários prédios descentralizados aqui em Frankfurt, um do lado ou perto do outro - um contraste com outros arranha-céus de outros bancos da cidade. Em um dos prédios fica a cantina, onde todos os funcionários almocam. O espaco é bem legal e tem três tipos de cardápio para escolher, sendo um deles vegetariano. Sem falar também na salada, sopa e sobremesa. Esses dias tomei uma sopa de aspargos que estava ótima! Pra beber, água com gás. Vai ser bom que assim eu passo a tomar menos coca-cola, já estava ficando viciado.

Até poucos dias atrás eu estava tendo sorte com o tempo. Apesar de ainda ser abril, já está relativamente calor. Bem de manha e à noite é um pouco friozinho ainda, mas durante o dia bem confortável. Passei a páscoa na Suíca (mais no próximo post) e o tempo também estava ótimo. O que eu mais gosto: aqui está comecando a escurecer bem depois das oito e, com o passar do tempo, isso vai acontecer mais tarde ainda.

Mesmo estando um tempo legal aqui em Frankfurt, eu nao tive tempo de fazer quase nada. Como comentei, estou saindo tarde do trabalho, chego no apartamento e, quando vejo, já é hora de dormir. Amanha vou ver se saio um pouco mais cedo e vou nadar em um clube, descobri uma piscina que custa só 4 euros pra nadar. E nao é por hora, nao. Quatro euros e pode-se passar o dia todo na água! Cheguei à conclusao definitiva de que muitas coisas aqui sao mais baratas que em Sao Paulo. Se nao o sao, pelo menos nao é tao mais caro. Um exemplo prático é o Burger King, que custa bem menos que no Brasil. Nosso país (especialmente Sao Paulo) está ficando muito caro.

Uma coisa que tem sido totalmente diferente de minha rotina no Brasil é o fato de eu ver TV aqui. Eu chego do trabalho e umas das primeiras coisas que faco é ligar a TV. No Brasil só encosto na televisao pra assistir a algum DVD. Gosto de ver as notícias, às vezes passa uns filmes legais também. Sem falar que fico, automaticamente, treinando o alemao. Logo quando cheguei, um dos grandes temas era se a Alemanha deveria ter limite de velociadade em suas Autobahns e discussoes políticas com relacao ao futuro da energia nuclear no país.

Para finalizar, duas curiosidades: aqui na Alemanha (e agora acredito que em todo mundo) as páginas amarelas também se chamam páginas amarelas, mas em alemao fica Gelbe Seiten; os números de telefones de Frankfurt nao têm sempre a mesma quantidade de dígitos, já cheguei a ver desde 5 até 10! Imaginem ter um telefone em casa que seja 15378 e um no trabalho como 7656-987861. Vai saber... Eu até agora nao consegui decorar nenhum dos dois, nem do trabalho, nem do hotel.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O norte oriental de Milton Hatoum

Fugindo de sua constante de produzir romances, todos entre cem e duzentas e poucas páginas e bem intercalados temporalmente, Milton Hatoum escreveu por último um ótimo livro de contos, A cidade ilhada. Escritor manauara de origem libanesa, Hatoum deixa sua ascendência e impressões da civilização na selva influenciar todas suas histórias. Outra característica marcante de seus livros é a difícil relação que se pode dar entre pai e filho, presentes exacerbadamente em Cinzas do Norte e Orfãos do Edorado.

Tomei conhecimento deste magnífico escritor através de um amigo, que, na época, estava prestando vestibular e me recomendeu Dois irmãos, que cairia na prova. Ao me contar os acontecimentos e artifícios utilizados pelo escritor, achei interessante e acabei comprando uma edição de bolso deste livro. Nesta obra, todas suas características básicas estão presentes: a dificuldade do relacionamento familiar, raízes orientais, vida na Amazônia etc. Sem falar no final surpreendente e dúbio, que deixa o leitor intrigado. Acredito que esta é a obra mais completa do escritor e foi aí que comecei a admirar seus livros e originalidade.

Os relatos de A cidade ilhada são diversificados, excetuando a correspondência, física ou histórica, com Manaus e região. Em um conto, adolescentes resolvem, após duradouros momentos de ansiedade e impaciência, ir a um bordel em busca de novas experiências; o final, surpreendente e cômico. Em outra estória, o amor platônico entre dois jovens vizinhos que não possuem contato algum, seguido de uma repentina mudança de uma das famílias, de origem inglesa.

O fascínio também é tema dos contos de Hatoum. Em um, um renomado pesquisador japonês desenvolve um laço profundo com a região da Amazônia; em outro, é a vez de um morador da região expressar sua admiração pela França e língua francesa a um de seus pupilos, prester a conhecer o país que o admirador nunca teva a oportunidade.

Porém, um dos contos mais marcantes se intitula O adeus do comandante. Marca do escritor em seus contos, ele começa com algum personagem relatando um acontecimento, que é o próprio conto em si. Neste caso, um comandante de barco que, no meio de sua travessia, com os passageiros a bordo, abandona o barco em um ponto do percurso, para vingar uma traição com sua mulher. É explicado então, finalmente, o propósito do caixão que estava sendo transportado no barco e que assustava os passageiros, gerando especulações das mais diversas. Para mim, este é um ótimo exemplo de como o sentimento de desespero e intriga dos personagens são bem detalhados, mas também um fascinante desenrolar da narrativa em si.

Após ter lido todos seus livros publicados, que ainda não são muitos, confesso que só não gostei muito de um só, sua primeira obra: Relato de um certo Oriente. Achei a trama complexa demais a ponto de não entender certos detalhes e relações. Talvez porque na época da leitura o ambiente não me ajudou: estava na sala de aula da faculdade, desanimado com o curso, no meio do barulho infernal dos meus amigos, também desanimados, mas com a prosa em vez da leitura como refúgio.

Só me resta agora aguardar o lançamento da próxima obra de arte do Milton Hatoum. Pelo menos existe, como remédio, a opção de ler suas crônicas no Estadão a cada quinza dias, às sextas-feiras. Sempre o faço após terminar o trabalho, um pouco antes de deixar o escritório e ir para casa. É um ótimo começo para o meu final de semana.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Carnaval em Conquista!

Inicialmente eu iria passar o carnaval em Indaiatuba, na casa do meus pais, com a companhia de alguns de seus amigos e familiares. Na última hora, ao ver que vários de meus amigos da faculdade iriam para a casa do Mineiro, em Conquista, acabei mudando de ideia. E valeu a pena, como toda vez em que fomos para esta pequena cidade no sul de Minas, nos divertimos à beça.

Porém, carnaval conquistense foi o meu primeiro e, por isso, algumas novidades para adicionar. A prefeitura montou um palco e tendas ao lado da rodoviária, e foi onde passamos as três noites, pulando e nos divertindo. Cada dia tocou uma banda diferente mas não sei dizer a mínima diferença entre elas. Tudo correu muito bem, fora pequenos percalços, entre eles um breve diálogo com o pai de um travesti, o menosprezo a uma pimenta redondinha e ardida, banho de cerveja e algo mais: tudo coisa pouca.

Se algo foi diferente desta vez em Conquista, com certeza foi a chuva. Cheguei à conclusão que dos quatro dias que ficamos na cidade, a chuva estava caindo na grande maioria do tempo. Nos dois primeiros dias o dia todo, inclusive durante a festa, parecia a Macondo do García Marquez. No terceiro dia, que amanheceu um pouco aberto, conseguimos ir para uma cachoeira. Por causa do dilúvio dos dias passados, o volume de água estava enorme! O Daniel, que já tinha estado no lugar mais vezes, falou que nunca tinha visto nada igual. Mas foi muito bom receber uma hidromassagem natural.

Todo dia, quando acordávamos depois da noitada, íamos direto pra mesa do almoço. Nada melhor do que o almoço da Tuga (mãe do Daniel) para colocar a gente de pé e curar os pequenos excessos da noite anterior. Era festival de comida mineira mesmo: tutu de feijão, carne de porco, frango caipira, massas.

Uma coisa bem legal que fizemos foi jogar badminton no quintal da casa do Mineiro. A Maíra teve a brilhante ideia de comprar um kit portátil deste jogo com redinha, quatro raquetes e aquelas coisinhas que parecem uma peteca. Jogamos até embaixo de chuva, diversão sem limites. O jogo é bem fácil de aprender e a jogabilidade ótima. Só o Orgut pra acabar com a brincadeira, depois de tropeçar, cair em cima de um dos mastes e quebrar a base do mesmo. Eta, Orgut!

Para registro: Diego, Larissa, Mineiro, Lorena, Maíra, Neder, Orgut e Carla foram as pessoas que fizeram parte do carnaval. Nota dez para esta turma! Sem falar também da família toda do Daniel, que, mais uma vez, nos recebeu muitíssimo bem! Espero voltar logo pra lá.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os homens do Real

Recomendado por dois amigos, Presunto e Kenny, li o ótimo 3000 Dias no Bunker, de Guilherme Fiuza. O autor narra, de maneira eletrizante e dinâmica, a história da criação do Plano Real, responsável por reduzir a inflação do Brasil a patamares muito baixos. E vai além da criação, acompanhando a história deste plano ousado 10 anos depois de sua implementação, os três mil dias do título.

A história começa quando Fernando Henrique torna-se ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco. Diferente do que eu pensava, o Plano Real começou a ser desenvolvido antes mesmo de FHC virar presidente. Para tirar a ideia do papel e implementá-la no mundo real, o antigo presidente contou com o apoio, principalmente, de dois economistas: Pedro Malan, na época ministro da Fazenda, e Gustavo Franco, que chegou a ser presidente do Banco Central.

Segundo o livro, se uma pessoa foi essencial para a criação e sustentação da nova moeda brasileira, essa pessoa só pode ser Gustavo Franco. Caráter central do bunker, Gustavo foi recomendado por Pedro Malan e convidado por FHC para tocar o audacioso plano da estabilização da inflação. Pouco antes de integrar a restrita equipe de economistas, Gustavo tinha acabado seu doutorado nos Estados Unidos. O tema: políticas de redução de inflação. O convite não poderia ter vindo em melhor hora.

Porém, uma coisa é estudar e encontrar a solução nos papéis; outra é achar o X da equação na vida real, ainda mais em um país como o Brasil pré-Plano Real, onde os juros haviam deixado o país de ponta cabeça. O tripé do Plano Real consistiu em reduzir os gastos do governo, âncora cambial e criação de nova moeda, para acabar com o estígma do aumento de preços. E como o Brasil gastava! O livro narra que vários bancos do estado funcionavam como ralos de dinheiro, que puxavam recursos da esfera federal para aumentar o orçamento dos estados. Muitas empresas estatais que não saíam do vermelho também foram privatizadas, apesar das críticas sofridas pelo governo.

A âncora cambial teve o objetivo de forçar a valorização do Real frente ao dólar, para que os brasileiros passassem a importar mais e, assim, diminuir a demanda por produtos nacionais, reduzindo a inflação. Logo após o Plano Real ter sido implementado, Gustavo Franco virou o herói do país. Era reconhecido até no avião por aeromoças e outros viajantes, que lhe davam parabéns e até pediam autógrafos. O plano estava dando certo. A vida dos brasileiros havia ficado muito mais estável.

Nem tudo são flores. Crise asiática, mexicana, apagão, desconfiança dos brasileiros e investidores, o Brasil passou por várias instabilidades que balançaram a credibilidade do Real. E a equipe do Bunker sofreu. Quando investidores começaram a tirar o dinheiro do Brasil, temendo que o país não estava tão seguro e sólido, o Banco Central decidiu elevar drasticamente os juros, para que o investimento no país passasse a ser mais atrativo. Essa manobra é muito criticada até hoje, alguns consideram que ela foi responsável por quase quebrar o Brasil.

Foi interessante ler este livro agora, já que comecei uma pós-graduação em finanças e estou estudando economia. Na última aula, o professor comentou brevemente sobre o Plano Real. Porém, de maneira não muito entusiástica. Ele argumentou que o Brasil não foi radical o suficiente para cortar os gastos mais incisivamente para acabar de vez com a inflação, e que o Plano se baseou basicamente na âncora cambial. A âncora fez com que a conta corrente brasileira se deteriorasse, já que as pessoas passaram a importar muito mais. Segundo o professor, o radical aumento dos juros se fez necessário para cobrir o rombo que ficava cada vez maior.

Outro ponto comum do professor de economia com o livro de Guilherme Fiuza é o constante atrito e divergências entre economistas ditos desenvolvimentistas e ortodoxos, sendo a pricipal corrente dos primeiros a UNICAMP em Campinas e do segundo grupo a PUC-Rio. A equipe que bolou e implementou o plano real, assim como o professor da pós, são os ortodoxos, que acreditam na liberalização da economia e pouca intervenção do Estado. Já os desenvolvimentistas, tendo como o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, um grande exemplo, se baseiam no protecionismo do estado, subsídios para produtores e exportadores, etc.

Apesar de muitas críticas ao Plano Real, uma delas as inúmeras referências de Lula sobre a "herança maldita" deixada por FHC, uma coisa é consenso: o Brasil se tornou muito mais estável depois da criação do Real. Temos hoje uma moeda que, apesar da recente projeção de alta da inflação, vivemos com muito mais segurança econômia e bem-estar, nada comparado ao tempo de turbulências quando a inflação chegou a bater quase 100% ao mês. Coisa de doido.

Como comentei acima, o texto de Fiuza é muito saboroso e ágil, algo que se fosse escrito de outra maneira, poderia perder seu encanto. Quando estava lendo o livro, achei a narrativa, investigativa e cheia de detalhes, bem parecida com várias reportagens que leio na revista piauí. Depois descobri, o Guilherme Fiuza é um dos jornalistas da revista! Fiquei sabendo que ele escreveu também Meu nome não é Johnny e a biografia do Bussunda. Apesar de serem temas bem variados, tenho certeza que esses dois outros livros também vão valer a pena.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O mínimo, a oposição e o palhaço

Dilma teve sua primeira significativa vitória no governo: impediu que o novo reajuste do salário mínimo passasse a marca dos R$ 435,00. Não foi difícil perceber que com a herança maldita deixada pelo seu padrinho político, é preciso fechar vários buracos da metralhada caixa d'água de gastos públicos. Já a oposição (leia-se PSDB), através de uma atitude medíocre e mesquinha, fez lobby para que o piso do salário brasileiro fosse reajustado para 600 reais. Coisa que não teria feito caso estivesse no governo. Somente mais uma prova de que nossos políticos não governam para um Brasil grande, mas sim para conseguirem, o mais rápido possível, voltar ao trono (ou continuar no) e mamar nas tetas do governo, às custas do contribuinte. Para finalizar, o palhaço mais inteligente do Brasil se confundiu e acabou votando errado. Errado quer dizer, neste contexo, diferentemente do que seu partido havia soprado em sua orelha, já que Tiririca não tem capacidade de saber o que quer. Será que o grande palhaço, além de analfabeto, estaria ficando surdo também?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A presidenta é dementa

Esse é o tipo de texto em que o título fala por si só. Não consigo entender o que leva uma pessoa a querer mudar o gênero de uma palavra sem gênero! Compreendo a estratégia política e social de aumentar a participação das mulheres nos cargos-chave do governo, mas o lance da presidenta é inexplicável pra mim.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

No burburinho

Hoje fui até o centro de São Paulo, mais especificamente na Rua Santa Efigênia. Acertou a maioria que pensou que fui por causa do meu computador ou alguma bugiganga eletrônica. Na verdade os dois, fui comprar uma HP12C (comecei a pós em finanças!) e um CD de instalação do Windows, já que o meu estava pifando. Detalhes eletro-eletrônicos à parte, foi um dia diferente e andar pelo centro da cidade sempre me mostra uma realidade diferente da que vivencio no meu cotidiano.

Primeiro eu peguei um ônibus do lado da minha casa até o Shopping Metrô Santa Cruz. Enchi a barriga em uma padaria ao lado do shopping (mudei de ideia e não quis comer na praça de alimentação do centro de compras) e tomei o comedor de terra até a estação São Bento, no coração de São Paulo. Cruzando a ponte antes de chegar na Santa Efigênia, um monte de vendedores ambulantes oferecendo de tudo, óculos, CDs clandestinos, cavalinhos de plástico que ficam rodeando o maste, pen-drives, e por aí vai. Ainda na ponte, vi um imenso grafite d'Osgemeos em um prédio abaixo, muito bacana!

Acho muito interessante esses lugares onde diferentes pessoas se amontoam e durante o dia trocam mercadorias, conversas, olhares, sorrisos, desavenças e experiências. Não que eu gostaria de morar no formigueiro que é o centro da cidade, mas uma excursão de vez em quando me faz feliz e observador. Existem também outros recantos na capital paulista muito diferente de onde moro - Chácara Santo Antonio, zona sul - e de lugares que frequento geralmente - Vila Madalena, Avenida Paulista, Augusta, Vila Mariana, reuniões na Faria Lima.

Por exemplo, fiquei impressionado esses dias indo para o churrasco de despedida do Fefinha, amigo da faculdade que foi trabalhar em Alcântara. Antes de chegar em sua casa, na zona leste, me deparei com esses enormes elevados para ônibus com uma proteção amarela na lateral. Nem sequer imaginava a existância dessas vias, conhecidas como Fura-Fila - para quem não conseguiu visualizar, é um corredor enorme (e suspenso) de ônibus.

Voltando ao centro, é engraçado como muitas pessoas acabam evitando este reduto e quase nunca por ele passam. Uma vez, conversando com uma colega colombiana na República Dominica, ela me falou que quando veio para um congresso em São Paulo, o único lugar que ela passeou foi no centro. E realmente, existem várias coisas legais para conhecer perto da Sé, Anhangabaú, São Bento e seus vizinhos.

Nas galerias da Santa Efigênia, o de sempre: pechinchar para conseguir um bom preço. Na primeira loja a famosa calculadora custava algo como 230 reais. Depois consegui por R$ 160,00 e, finalmente, por dez reais mais barato que o último preço. Em dinheiro, é claro. Vendedores de todas as nacionalidades ficam em boxes minúsculos oferecendo seus produtos e negociando com os clientes, acho que eles adoram isso. Depois das compras parei pra tomar um suco de laranja em uma padaria, estava muito calor e o suco foi a salvação.

Agora estou aqui em casa, já reinstalei o Windows e a internet voltou a funcionar normalmente. Sem falar que o sistema está muito mais veloz agora. A HP eu não testei ainda, sua vez chegará amanhã, na hora de estudar para a pós. Vou ver se volto com mais frequência no centro da cidade. Nem que for pra tomar um suco de laranja e ver as pessoas andando como formigas.

Impossible Germany

Em breve realizarei um pequeno sonho que sempre tive: irei trabalhar e fazer um treinamento em Frankfurt, sede do KfW. Meu sonho, na verdade, é trabalhar por mais tempo, pelo menos 6 meses ou um ano, mas penso que os dois meses que passarei nesta cidade serão um bom começo. Voarei no dia 19 de abril e com volta marcada para 11 de junho, logo após a semana de treinamento do Fundo de Carbono para as pessoas que trabalham fora da Alemanha. Como podem ver, tirei o maior palitinho da sorte e ficarei algumas semana a mais.

Tomei a notícia de supetão, em uma reunião com a Karin, minha chefe da Alemanha. Ela havia conversado com o Jürgen, meu chefe de Brasília, e os dois acharam que seria legal eu experienciar um pouco mais o banco onde trabalho. Porém, quando ela me contou seus planos para mim, ainda faltava a aprovação final do chefe-mor do fundo. Fiquei um pouco ansioso, até que o e-mail de confirmação finalmente chegou. Ufa!

A ideia é que eu continue com as tarefas diárias que desempenho no Brasil mas trabalhe também com outras pessoas do time na Alemanha. A área principal vai ser Portfolio Management, para me capacitar nas operações depois que um projeto é adquirido (atualmente eu só trabalho com aquisição). Tratarei bastante também com colegas de outras áreas como gestão de fundos e comercialização. Se eu entendi certo, será um mini programa de trainee informal. Estou muito animado.

Fora o lado profissional, será também uma ótima oportunidade para conhecer melhor Frankfurt, outras cidades da Alemanha e talvez, por que não?, outros países. Já escrevi neste blog um pouco sobre Frankfurt quando estive, no ano passado, na semana de treinamento do departamento. A cidade é bem agradável, bonita e pequena. Apesar de ter passado duas semanas na capital financeira da Europa, ainda ficaram lugares que eu gostaria de ter conhecido mas não consegui, como os parques Palmengarten e Grüneburgpark, ambos do lado do KfW. Sem falar em maravilhas como as cervejas alemãs, kebabs, salsichões, restaurantes internacionas acessíveis, ônibus e metrô que funcionam por todos os lados, etc. Quero ver também se consigo comprar um bicicleta pra me locomover com mais flexibilidade.

Com certeza quero passar pelo menos um final de semana em Berlin e outro em Munique. A primeira cidade porque é uma das que mais me fascinou até hoje (se não a que mais), a segunda porque ainda não a conheço e todos falam muito bem dela. Vou ver se consigo fazer uma visita rápida pros amigos e família hospedeira da Suíça. Vão faltar finais de semana pra tanta coisa que quero fazer! Estou achando que estes dois meses serão bem intensos e produtivos. Melhor assim, ich freue mich!

Sobre o título deste texto: é uma das músicas que mais gosto do Wilco, uma grande banda de Chicago que escuto sempre. Eu não me ligo muito na letra dela, mas sempre relaciono, por causa do nome, com a Alemanha. Foi assim quando passei um mês em Berlin; um pouco antes, quando fiquei sabendo que havia ganhado a bolsa para esta cidade; quando, agora, descobri que iria, mais uma vez, passar alguns meses neste país que tanto me fascina e impressiona.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Madrugada adentro

Uma da manhã. Em ponto. Hoje é o dia que prometia bastante. Amanhã é feriado, aniversádio da cidade, poderia dormir até tarde. Quer dizer, ontém prometia bastante, hoje é feriado. Parabéns, São Paulo!

O churrasco que ia rolar na casa do Jão&Cia não aconteceu. Falta de pessoas interessadas. Até dormi depois do trabalho, das 18 e trinta às vinte e uma, também e trinta. Para me preparar pro churrasco, senão não ia conseguir, mais uma vez iam acabar zombando do meu sono excessivo. Mas mesmo se dormisse, não seria culpa minha, a volta do Guarujá demorou mais do que o esperado, cheguei duas e meia da manhã em casa. Às oito estava no trabalho, ontem, apresentando um projeto. Por isso joguei meu corpo na cama depois de voltar pra casa.

Uma e quatro da manhã. Estava alternando entre o computador e o livro, que não é nenhum grande romance, o segudo que leio do suíço Martin Suter. O primeiro foi melhor. O atual, a história de um cara que fica em coma e não se lembra do que deveria lembrar. Lendo assim parece ser interessante, mas a narrativa decepciona. Agora mais uma vez aqui, tomando o sorvete que comprei quando meus pais e meu irmão estiveram aqui em casa da última vez. Crocante, muito bom.

Amanhã o dia promete. Quer dizer, hoje! Mas desta vez, nada de churrasco. Como a cidade está ficando mais velha, vários shows estão marcados. Se der sorte vou conseguir ver o do Nação Zumbi. Tem também o da Maria Gadú, não conheço muito bem suas músicas, mas ontem, vindo do curto (mas demorado) caminho da baixada santista, escutei duas delas na rádio que só toca música brasileira e gostei. Olha que é difícil ter uma opinião firme na primeira vez que se escuta uma canção. Por enquanto vou escutando Novos Baianos no Winamp. Besta é tu, besta é tu...

Agora vamos ver se o cara volta a lembrar de sua vida, na mais nova alternância entre o papel e o digital. Uma e quatorze da manhã, boa noite. Ou como já diriam na padaria lá de baixo, que nunca fecha: bom dia, senhor.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O banco de Yunus

Após anos como chefe de departamento do curso de Economia de uma universidade de Bangladesh, Muhammad Yunus percebeu que estava no caminho errado. Trancafiado em uma sala, ensinava avançados conceitos de economia para seus alunos; fora da sala, a pobreza reinava e suas teorias não contribuiam com nada para a diminuição deste mal. Era preciso fazer algo, era preciso migrar da teoria para a prática.

E foi assim que a semente do Banco Grammen foi plantada, visando ajudar os mais necessitados de seu país, os pobres dos pobres. Mas para o banco se tornar uma árvore, forte e cheia de frutos, muito esforço foi despreendido e, como esperado, muitas vezes Yunus nadou contra a maré (bancos, governo, amigos, políticos). Porém conseguiu chegar em seu porto seguro tão sonhado após muitas braçadas. Tudo isso é narrado de forma muito fascinante em seu livro O Banqueiro dos Pobres.

O conceito do banco funciona mais ou menos assim: emprestar pequenas somas de dinheiro para que pessoas de baixíssima renda possam desenvolver alguma tarefa autônoma, seja ela a confecção e venda de tapetes, uma pequena mercearia, serviços de sapataria etc. Nenhuma garantia é requerida e, para o assombro da maioria, ainda mais daqueles que desde o começo do projeto piloto qualificaram Muhammad como louco, os pobres se revelaram belos pagadores. A inadimplência do Banco Grammen é de mais ou menos 2%. Isso em um país onde os mais ricos são conhecidos por tomarem empréstimos milionários e não pagarem. Sensasional!

Para funcionar tão bem assim, Yunus foi sensível o suficiente para perceber que seu banco precisava operar com regras muito específicas. A maioria dos tomadores de empréstimo, quer dizer, tomadoras, são mulheres. Os homens dever ficar fora do negócio e não podem até mesmo tomar conta do dinheiro. É possível imaginar tamanha a resistência deste modelo em um país islâmico. Porém, após os primeiros casos de sucesso, o modelo decolou.

Outras exigências são que os filhos da família precisam estar matriculados na escola e frequentando a mesma; os empréstimos são desenbolsados individualmente mas para um grupo de cada aldeia ou bairro, onde cada tomadora tem a função de zelar pela boa prática da outra; caso a soma total mais os (pequenos) juros seja paga, a cliente tem a opção de realizar outro empréstimo, desta vez um pouco maior, para aprimorar seu micro-negócio.

A ideia de tão certo que seu modus operandi foi replicado em vários países do mundo, incluindo o Brasil e até mesmo países desenvolvidos como Canadá e Noruega. É claro que em cada país, onde as condições sociais, culturais e financeiras variam, o banco precisa trabalhar de maneira única, porém o núcleo do sistema continua o mesmo.

Uma das coisas mais interessantes que achei do livro e do Banco Grammen é a dinâmica de trabalho. As agências existem mas os funcionários são instigados a trabalhar, em sua maior parte do tempo, nas aldeias, conversando com potenciais clientes, explicando a maneira como a instituição funciona e convencendo-os de que o banco pode mudar para melhor suas vidas. E realmente muda, como é explicitado durante o livro.

Achei bem legal que o banco em que eu trabalho, o KfW (Banco de Desenvolvimento da Alemanha), possui uma linha de financiamento com juros reduzidos com o Banco Grammen. Meu chefe comentou também que o Yunus já foi várias vezes a Frankfurt realizar palestras e participar de rodas de discussão. Legal saber que existe outro modelo de instituição financeira, original e criativo, que auxilia os mais pobres a subir o primeiro degrau do desenvolvimento humano.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Feliz Ano Velho

Não, este pequeno texto não se trata do primeiro livro do Marcelo Rubens Paiva, onde ele conta como sua vida mudou radicalmente ao ficar paraplégico, logo após mergulhar de ponta em um riachinho. Quero aqui dizer que, apesar da virada do ano, onde muitas pessoas prometem e prometem vida nova e milhões de mudanças de hábitos ou atividades novas, o ano de 2011 continua exatamente como o anterior acabou. Muito provavelmente porque não tive recesso nem férias de final de ano, o que, no final das contas contribuiu para continuar na mesma toada. Foi muito bom ter resolvido várias pendências do meio de 2010 para cá, como por exemplo finalmente ter dado um trato nas minhas costas que só vinham piorando. Comecei a fisioterapia há uns 3 meses e há mais ou menos um foi a vez da academia. Está indo tudo muito bem, acho que finalmente estou no caminho certo. No trabalho foi mais ou menos assim também, apesar de não ter acontecido muita coisa concreta no ano passado, vários projetos estão engatilhados e, provavelmente, 2011 será o ano de colher os frutos. Tomara! Bom, não quero, de nenhuma maneira, dizer que não farei nada novo nos próximos 365 dias. Quero começar uma pós em finanças daqui alguns meses, espero que dê certo.

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Resolvi passar a virada com meus amigos de Campo Grande. Foi a melhor escolha que poderia ter feito, há quase um ano não ia para a capital do MS e aqui por São Paulo não ia acontecer muita coisa. Saí quinta à noite depois do trabalho e, após algumas horas cheguei no aeroporto de Viracopos, onde peguei o avião da Azul. Felizmente o voo não atrasou muito e eu cheguei em Campo Grande na quinta-feira ainda - por pouco não chego depois da meia-noite.

É sempre muito bom chegar em Campo Grande, onde nasci e vivi até os 18 anos. No aeroporto me buscaram Kenny e Thiago e fomos para a casa (nova) do último, que finalmente ficou pronta e onde estava acontecendo um churrasquinho com o resto do pessoal. Ficamos conversando, comendo e bebendo e claro, falando muita abobrinha! Compartilho uma teoria de que quando reencontramos velhos amigos por alguns dias seguidos, o primeiro é sempre o melhor. Ninguém pára de falar, rir, contar histórias, piadas e, quase sempre, varamos a noite. Foi assim o primeiro dia em Campo Grande.

No dia seguinte almoçamos e fomos para Bonito, onde resolvemos passar o ano novo. Não era bem o que eu estava pensando em fazer mas como já tinha outros amigos nesta cidade, vide Fernandinho e sua trupe, achei que seria bacana. E foi! Chegamos no final da tarde e já estava tudo acontecendo, o pessoal todo junto se preparando para a festa, vide tomando cerveja e conversando ainda mais abobrinha. Jantamos em um restaurante de peixe, até porque saco vazio não pára em pé, e rumamos para a balada de comemoração.

O esquema foi o seguinte: cem reais e beba o que puder. Eu, pessoa simples que sou, fiquei só na cervejinha a noite toda, dispensei whyskie, vodka, pinga etc. Não encontrei muitas pessoas conhecidas como havia imaginado mas na verdade nem precisava, nossa turma era grande e animada! Eu só sei que quando fui embora da festa já estava claro e ainda fomos dar uma volta pela cidade. Dormi poucas horas, almoçamos e resolvemos (eu, Rodrigo, Jenifer, Franciele, Thiaguinho, Dani e Gauchinho, todos pares) voltar para Campo Grande. Estávamos moídos, ainda conseguimos encarar um rodízio de pizza muito bom e acabamos dormindo cedo.

Domingo foi dia de ir na Dani e no Rodrigo, irmãos e amigos de infância, para almoçar com eles. Na verdade foi na casa mãe deles, a tia Arlete, que eu não via há muito tempo. O almoço estava uma delícia, ficamos conversando e já era hora de pegar o ônibus para São Paulo, tinha que trabalhar hoje, segunda. Até porque não posso quebrar o ritmo do ano velho, como comentei no trecho acima. Nas primeiras horas da viagem fiquei lendo um livro de contos argentinos muito bom; queria ficar lendo por muito mais tempo mas, como já estava escuro e eu usando a luz individual do ônibus, resolvi apagá-la para não incomodar os vizinhos.

Um ótimo ano a todos!