A capital brasileira, apesar de eu nunca a ter visitado, sempre me impressionou por sua arquitetura díspare, Plano Piloto modernista, e pelo simples fato de ter sido erguida, em apenas 3 anos, no meio do nada brasileiro. Em comemoração ao cinquentenário de Brasília, a Revista Veja publicou uma edição especial sobre a construção da cidade: desafios técnicos e financeiros, histórias das pessoas envolvidas neste empreedimento faraônico, como se deu a mudança da capital e curiosidades sobre a nova capital que surgiu e tanto dividiu opiniões.
Os motivos da construção de uma nova capital, que deveria representar a nova cara da política desenvolvimentista do governo JK, eram basicamente dois: deslocar a riqueza e linha de poder do eixo Rio-São Paulo, dando assim importância para uma região esquecida no meio do país; e construir uma capital mais segura, devido também à sua distante localização, que impediria um golpe de estado no Rio de Janeiro, antiga sede do governo brasileiro. A ideia da construção de uma capital inteiramente nova não foi, porém, aplaudida por todos. Muitos se tornaram céticos a respeito do prazo de construção, enquanto outros não queriam nem imaginar o fato de abandonar o Rio de Janeiro com suas praias e locais tão admirados. Entretanto, para desgosto dos oposicionistas, sendo Carlos Lacerda um dos mais ferrenhos, a Nova Capital saiu.
Porém, é exatamente na época da construção de Brasília que o Brasil começou a se deparar com altas taxas de inflação, causadas pelo déficit orçamentário que a construção causou. Estima-se que a capital custou 2 cruzados para cada brasileiro, dinheiro este que foi emitido para idealizar o sonho de JK. Inexistência de controle fiscal e orçamentário pela Novacap - empresa estatal que se responsabilizou pela construção de Brasília - impossibilitam estimar qual foi o exato custo que Brasília trouxe para o país e reforçam a ideia de que houve muita corrupção e desvio de verbas públicas, já que as obras precisavam ser realizadas a toque-de-caixa.
O concurso que escolheu o Plano Piloto de Lucio Costa - esboçado enquanto o mesmo fazia uma travessia de navio entre o Rio de Janeiro e Nova York - tinha como membro do juri o arquiteto Oscar Niemeyer, que ficou com a incubença de criar os prédios, monumentos e sede do governo federal de acordo com o plano de urbanização.
Devido à grandeza dos prédios do renomado arquiteto comunista, Lucio Costa ficou infelizmente um pouco apagado na história da construção de Brasília. Seu esboço urbanístico, hoje consolidado como uma capital de 50 anos e também patrimônio cultural, foi inovador e se diferencia de todas as outras capitais brasileiras: as ruas não recebem o nome de pessoas, mas são identificadas por números e quadras; longas e largas avenidas ligam blocos governamentais a bairros residencias, impossibilitanto assim que vários percursos sejam feitos a pé; grandes espaços ao ar livre fazem com que aglomerações de pessoas, para desgosto dos políticos vaidosos, se tornem quase impossíveis. Uma curiosidade é que Lucio Costa só esteve duas vezes na capital que desenhou. Não se sentia bem em estar em um lugar que ele e a mulher sonharam, visto que sua esposa faleceu antes da inauguração da capital.
Do ponto de vista da engenharia, a construção de Brasília foi um marco para o Brasil e o mundo. Sem contar o prazo enstrangulador, não era nada fácil colocar em pé as curvas idealizadas por Niemeyer, e para isso o arquiteto tinha como braço direito o engenheiro estrutural Joaquim Cardozo. Para que os projetos se materializassem, Cardozo utilizou muito mais ferro - importado dos EUA - nas estruturas de concreto do que a norma recomendava na época. Segundo a revista, o engenheiro morreu, aos 81 anos, triste e só. Após a construção de Brasília, uma obra desenhada por Niemeyer e calculada por ele, desabou, matando vários operários.
Outra figura de fim trágico que merece destaque é o desbravador Bernardo Sayão. Na época, diretor da Novacap, Sayão era responsável pela construção da rodovia Belém-Brasília. Afinal, era preciso ligar a nova capital, localizada em lugar nenhum, às outras cidades. Com fama de espírito aventureiro e gosto pelo trabalho, Sayão morreu vítima de uma árvore que caiu e o atingiu dentro de sua barraca pouco antes das duas frentes de trabalho se encontrarem. Sua morte foi considerada uma perda inestimável para as novas feições do cerrado que estava para nascer.
No dia da inauguração, menos de 2% dos funcionários públicos realmente se mudaram para o novo posto de trabalho. Muitos dos que o fizeram, principalmente os políticos, reclamaram da falta de conforto das moradias inacabadas e muitas delas ainda sem móveis. Outros, os mais radicais que ficaram, ameaçaram reabrir o Palácio do Catete e continuar a trabalhar normalmente na antiga capital. Apesar da grandiosidade do feito, faltou no início de vida da capital, assessoria de imprensa reponsabilizada em registrar a festa de inaguração e os primeiros momentos de Brasília. Essa tarefa ficou a cargo de fotógrafos independentes, alguns deles estrangeiros, que lançavam sobre Brasília um olhar exógeno, diferente.
Diferente da época da concepção e construção, atualmente não se questiona se Brasília foi um erro ou não, parece que a capital no meio do nada provou sua inocência ou justificou sua existência. Inúmeras tranformações vêm ocorrendo, como a alta especulação imobiliária e a criação de cidades satélites, visto que o Plano Piloto não conseguiu abrigar a todos que se interessaram e fazer parta da história da Nova Capital. É lastimável também que esta cidade ímpar seja palco de inúmeros atos ilícitos e egoístas por parte daqueles que deveriam governar o país e tentar criar um futuro mais promissor para a população. Quem sabe um dia, Brasília.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O Segundo Mundo: impérios e influência na nova ordem global
Parag Khanna é um jovem cientista político nascido na Índia e criado nos Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Alemanha. Já trabalhou para instituições de peso como Foro Econômico Mundial em Genebra, Conselho de Relações Exteriores e atuou como assessor geopolítico das Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. Em seu recente livro, O Segundo Mundo, Khanna aborda a relação das maiores superpotências mundiais, China, EUA e União Européia, com os países denominados de segundo mundo - que mesclam características tanto de países desenvolvidos como de em desenvolvimento. As específicas análises de cada país, divididos em capítulos, nos dão noção de como a nova ordem global vai se desenvolvendo através de novas alianças, investimentos e conflitos entre os países.
No decorrer do livro, é perceptível a maneira, muitas vezes destoante, que cada superpotência explora sua política externa e desenvolve novas parcerias e programas de cooperação com as nações de segundo mundo. Os Estados Unidos, basicamente, praticam uma política externa baseada em interesses e demasiadamente preocupada com o terrorismo. Suas ações, diferentemente do bloco europeu, não conseguiram integrar economicamente o vizinho México, que há 20 anos era uma das maiores apostas do desenvolvimento econômico mas que não conseguiu decolar. Enquanto isso, a China vem fazendo acordos de cooperação e investimentos em infra-estrutura com inúmeros países em desenvolvimento de todos os continentes, recebendo em troca energia para continuar crescendo à mesma taxa. Sua atuação é muito mais expressiva que a dos Estados Unidos, e Pequim não se importa em negociar com diferentes tipos de regimes, mesmo que ditatoriais. Afinal, a China é uma ditadura: possui uma pujante economia de mercado onde o Estado controla basicamente tudo. Já a Europa, figura entre as outras duas superpotências com um modelo expansionista, arquitetando políticas e metodologias para a adesão de mais países ao maior bloco político e econômico do mundo. Sua eficiente maneira de integrar países vizinhos mais pobres é um exemplo para outros blocos. A livre circulação e melhoria na qualidade de vida dos cidadãos dos países-membros já é uma realidade.
Os perspicazes relatos dos países me atraíram muito, acredito que o fato do autor ter viajado para mais de 100 países contribuiu bastante para a qualidade dos textos. Em especial, gostei de ler sobre a Líbia, Cazaquistão e Malásia, países que eu não conhecia muito a respeito, mas que me surpreenderam por suas qualidades e políticas assertivas. A Líbia, apesar de ser considerada país terrorista pelos EUA, possui a maior renda per-capita da região, atraindo pessoas do Marrocos, Egito e Tunísia. O Cazaquistão, que destoa de todos os outros países istões, se assemelha com a Turquia ao possuir a chamada política multivetorial, característica quando um país se relaciona bem com outros Estados antagônicos. Seus oleodutos, comparados pelo autor com cabos de fibra ótica como vestígios invisíveis da globalização, estão garantindo crescimento econômico e deslocando o eixo de relações da Rússia para a China, que por sua vez tem investido maciçamente no setor energético cazaque. Khanna também aborda a questão da religião e sua relação com os países, sendo a Malásia um caso exemplar, onde o islamismo é considerado moderado e não interfere negativamente na vida das pessoas. A Malásia é também um exemplo de gestão econômica moderada – protegendo dos excessos que o capitalismo pode provocar - que deu certo e os frutos, garantidos pelo crescimento econômico, estão sendo colhidos.
As análises sobre o Brasil e sua relação com as superpotências são verdadeiras e profundas, mas às vezes um pouco exageradas. O autor comentou sobre a produção e utilização do etanol como combustível para veículos, constituindo um exemplo para diminuir a dependência de combustíveis fósseis. Abordou também o crescimento econômico que não é dividido igualmente entre os cidadãos, criando condições para o florescimento da violência e crime organizado. Porém, relatou de maneira exagerada, que pessoas da alta sociedade não podem ficar tranquilas nem em restaurantes xiques, õque suas bolsas podem ser roubadas a qualquer momento. Achei também que faltou abordar mais sobre o Mercosul, e já que este bloco não ocupa posição de destaque no mundo ou seja exemplo de acerto, haveria motivo e lugar para críticas e comentários.
A falta de capítulos destinados à Africa do Sul e Índia também me surpreenderam. Acredito que a frustração do autor com sua terra natal, mesmo esta tendo atingido elevados índices de crescimento nos últimos anos, o tenha motivado para excluí-la injustamente do livro. Gostaria de saber mais sobre a complexa e atritante relação diplomática entre Índia e China, já que a última foi considerada no livro uma das três superpotência globais. Já sobre a África do Sul, gostaria de saber como se dá a relação das potências com este país, visto que ele se situa, de maneira geral, igualmente distante das três. A contrário do que foi comentado por um blogueiro, a maneira superficial com que os países da América Latina, em comparação com os da Ásia Central ou Oriente Médio, foram analisados, não me surpreendeu. Acredito que os países asiáticos possuem elementos chave muito mais interessantes que tangem temas como globalização, religião, geopolítica e acelerados crescimentos econômicos.
Ao ler o livro, a mensagem é clara: a estratégia energética desempenha hoje um papel ainda maior na globalização e relação entre Estados. Da mesma maneira que reservas energéticas podem salvar um país, é possível, através de gestão ineficiente e corrupção, que esta dádiva contribua para a total destruição democrática e social de uma nação. É este o caso da Venezuela, membro da OPEP que, admiravelmente, enfrenta hoje racionamento de água e energia. Ficou evidente também que a política externa dos Estados Unidos não tem trazido resultados positivos, e a imagem deste país no mundo, sobretudo no Oriente Médio, está casa vez pior. O autor ainda enfatiza, que se a atual maior potância do mundo não tomar cuidado e inverter o jogo, é provável que descambe para o segundo mundo. Sem contar que quando o livro foi escrito, a crise mundial financeira, que abalou principalmente os EUA, não havia eclodido ainda. É preciso tomar cuidado, a geopolítica é um constante jogo sem fim onde os times revezam a liderança.
No decorrer do livro, é perceptível a maneira, muitas vezes destoante, que cada superpotência explora sua política externa e desenvolve novas parcerias e programas de cooperação com as nações de segundo mundo. Os Estados Unidos, basicamente, praticam uma política externa baseada em interesses e demasiadamente preocupada com o terrorismo. Suas ações, diferentemente do bloco europeu, não conseguiram integrar economicamente o vizinho México, que há 20 anos era uma das maiores apostas do desenvolvimento econômico mas que não conseguiu decolar. Enquanto isso, a China vem fazendo acordos de cooperação e investimentos em infra-estrutura com inúmeros países em desenvolvimento de todos os continentes, recebendo em troca energia para continuar crescendo à mesma taxa. Sua atuação é muito mais expressiva que a dos Estados Unidos, e Pequim não se importa em negociar com diferentes tipos de regimes, mesmo que ditatoriais. Afinal, a China é uma ditadura: possui uma pujante economia de mercado onde o Estado controla basicamente tudo. Já a Europa, figura entre as outras duas superpotências com um modelo expansionista, arquitetando políticas e metodologias para a adesão de mais países ao maior bloco político e econômico do mundo. Sua eficiente maneira de integrar países vizinhos mais pobres é um exemplo para outros blocos. A livre circulação e melhoria na qualidade de vida dos cidadãos dos países-membros já é uma realidade.
Os perspicazes relatos dos países me atraíram muito, acredito que o fato do autor ter viajado para mais de 100 países contribuiu bastante para a qualidade dos textos. Em especial, gostei de ler sobre a Líbia, Cazaquistão e Malásia, países que eu não conhecia muito a respeito, mas que me surpreenderam por suas qualidades e políticas assertivas. A Líbia, apesar de ser considerada país terrorista pelos EUA, possui a maior renda per-capita da região, atraindo pessoas do Marrocos, Egito e Tunísia. O Cazaquistão, que destoa de todos os outros países istões, se assemelha com a Turquia ao possuir a chamada política multivetorial, característica quando um país se relaciona bem com outros Estados antagônicos. Seus oleodutos, comparados pelo autor com cabos de fibra ótica como vestígios invisíveis da globalização, estão garantindo crescimento econômico e deslocando o eixo de relações da Rússia para a China, que por sua vez tem investido maciçamente no setor energético cazaque. Khanna também aborda a questão da religião e sua relação com os países, sendo a Malásia um caso exemplar, onde o islamismo é considerado moderado e não interfere negativamente na vida das pessoas. A Malásia é também um exemplo de gestão econômica moderada – protegendo dos excessos que o capitalismo pode provocar - que deu certo e os frutos, garantidos pelo crescimento econômico, estão sendo colhidos.
As análises sobre o Brasil e sua relação com as superpotências são verdadeiras e profundas, mas às vezes um pouco exageradas. O autor comentou sobre a produção e utilização do etanol como combustível para veículos, constituindo um exemplo para diminuir a dependência de combustíveis fósseis. Abordou também o crescimento econômico que não é dividido igualmente entre os cidadãos, criando condições para o florescimento da violência e crime organizado. Porém, relatou de maneira exagerada, que pessoas da alta sociedade não podem ficar tranquilas nem em restaurantes xiques, õque suas bolsas podem ser roubadas a qualquer momento. Achei também que faltou abordar mais sobre o Mercosul, e já que este bloco não ocupa posição de destaque no mundo ou seja exemplo de acerto, haveria motivo e lugar para críticas e comentários.
A falta de capítulos destinados à Africa do Sul e Índia também me surpreenderam. Acredito que a frustração do autor com sua terra natal, mesmo esta tendo atingido elevados índices de crescimento nos últimos anos, o tenha motivado para excluí-la injustamente do livro. Gostaria de saber mais sobre a complexa e atritante relação diplomática entre Índia e China, já que a última foi considerada no livro uma das três superpotência globais. Já sobre a África do Sul, gostaria de saber como se dá a relação das potências com este país, visto que ele se situa, de maneira geral, igualmente distante das três. A contrário do que foi comentado por um blogueiro, a maneira superficial com que os países da América Latina, em comparação com os da Ásia Central ou Oriente Médio, foram analisados, não me surpreendeu. Acredito que os países asiáticos possuem elementos chave muito mais interessantes que tangem temas como globalização, religião, geopolítica e acelerados crescimentos econômicos.
Ao ler o livro, a mensagem é clara: a estratégia energética desempenha hoje um papel ainda maior na globalização e relação entre Estados. Da mesma maneira que reservas energéticas podem salvar um país, é possível, através de gestão ineficiente e corrupção, que esta dádiva contribua para a total destruição democrática e social de uma nação. É este o caso da Venezuela, membro da OPEP que, admiravelmente, enfrenta hoje racionamento de água e energia. Ficou evidente também que a política externa dos Estados Unidos não tem trazido resultados positivos, e a imagem deste país no mundo, sobretudo no Oriente Médio, está casa vez pior. O autor ainda enfatiza, que se a atual maior potância do mundo não tomar cuidado e inverter o jogo, é provável que descambe para o segundo mundo. Sem contar que quando o livro foi escrito, a crise mundial financeira, que abalou principalmente os EUA, não havia eclodido ainda. É preciso tomar cuidado, a geopolítica é um constante jogo sem fim onde os times revezam a liderança.
Como no entre-guerras
Durante a grande depressão do período do entre-guerras, houve um expressivo aumento na freqüência com que as pessoas visitavam as salas de cinema. A explicação é simples: os numerosos desempregados possuíam tempo livre demais, e como os preços para assistir aos filmes naquela época, diferente dos praticados hoje, eram muito baixos, ir ao cinema passou a ser um dos hobbys preferidos das famílias. E, mesmo minhas circunstâncias atuais diferindo ligeiramente da época citada (tempo de sobra e apesar dos altos preços, possuo ainda a mágica carteirinha de estudante), também tenho ido frequentemente ao cinema. Só na semana passada, estive três dias seguidos frente a frente com a telona para ver alguns filmes que gostei bastante.
O primeiro deles que assisti foi Uma prova de Amor, com a ótima Abigail Breslin e Cameron Diaz. Desde que eu assisti ao hilário Pequena Miss Sunshine, acabei virando fã da Abigail. Agora ela provou de uma vez por todas que é uma ótima atriz, já que sua atuação neste último filme, dramático, se deu de uma forma totalmente diferente em comparação com seu papel de estréia. Grandes responsabilidades e a amargura de conviver com a irmã mais velha que está à beira da morte tomaram o lugar daquela menina que apenas se preocupava em ganhar um concurso infantil de beleza. Gostei bastante também do artifício utilizado neste filme, que alterna o ponto de vista e dificuldades enfrentadas entre os principais atores, quando seus pensamentos ganham voz.
Em seguida fui ao cinema para assistir ao belíssimo A Partida, longa japonês ganhador do Oscar deste ano na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Não foi por menos, o filme toca em um conflito, de maneira triste e cômica, vivenciado por muitas pessoas: os problemas de auto-afirmação criados quando a satisfação profissional vai de encontro à própria reputação. O jovem protagonista, que atrai o carisma da platéia com sua maneira simples de viver e encarar a vida, após perder a vaga como músico em uma orquestra japonesa, resolve se mudar com a namorada para uma pequena cidade do interior onde passou sua infância. Chegando lá, encontra um misterioso anúncio de emprego e resolve se candidatar, porém, não faz idéia do tipo de emprego que o aguarda, algo como preparador de corpos para rituais de despedidas. Apesar do espanto e aversão no primeiro momento com o novo ofício, ele vai se acostumando e até ganhando gosto pela rotina. O problema é, justamente, que as pessoas à sua volta, inclusive sua namorada, não vêem as coisas assim. O filme mostra muito da cultura japonesa ao retratar vários rituais pós-morte e a reação dos familiares. Sem falar no final, que emociona até aos telespectadores mais durões.
No terceiro dia seguido, fui conferir o muito comentado Salve Geral, que mostra como pano de fundo, os ataques do PCC ocorridos no Estado de São Paulo. Entretanto, o enfoque central fica na relação mãe e filho, e tudo o que aquela é capaz de fazer para o último, mesmo este estando errado. È outro filme que explora com alarde a violência brasileira nas ruas, penitenciárias e, também, por que não, a negociação entre Estado e facções criminosas. Infelizmente, este é o filme que vai representar o Brasil na próxima edição do Oscar, e, consequentemente, é o tipo de produção que é assistida pelos estrangeiros. Acho uma pena que este é o tipo de filme que exporta nossas produções cinematográficas, reforçando assim a visão de que no Brasil só existe violência e favelas. Já passou da hora de sairmos do tema-comum da violência e enfatizar filmes que mostram a criatividade do brasileiro, como por exemplo, O Homem que copiava ou O cheiro do ralo, para citar alguns.
Não é só no cinema que tenho conferido as novidades cinematográficas. Agora que mudei para uma casa (fato que quero abordar em outro post) e meu computador está em meu quarto, tenho assistido aos filmes que estão no PC com muito mais facilidade. Não preciso mais passar o arquivo para um pen drive, descarregar no laptop, e, finalmente, liga-lo à TV para poder assistir ao filme. Como o monitor, mesmo que não muito grande, fica perto da cama, fica tranqüilo de assistir pelo computador mesmo.
Nos últimos dias assisti O casamento Sírio e o alemão O Complexo Baader-Meinhof. Fazia já muito tempo que eu esperava pra conferir o primeiro, mas valeu a pena esperar! O filme mostra, no estilo kafkiano, as dificuldades de uma noiva para cruzar a fronteira entre Israel e Síria e se casar com seu pretendente, um apresentador de TV que nunca viu pessoalmente. Interessante por mostrar os problemas e burocracia entre os países árabes da região e Israel, e não menos por revelar alguns fragmentos da cultura árabe, como o casamento marcado, vivência no exílio em busca de outras oportunidades e xenofobia. Já o filme alemão - que eu da mesma maneira esperei bastante pra ver, após me deparar inúmeras vezes com seus cartazes avermelhados no metrô de Londres -, retrata a história, de sua ascensão ao trágico fim, do grupo alemão ocidental e denominado terrorista Baader-Meinhof, ou apenas RAF. O filme tem quase duas horas e meia de duração, mas, exatamente como Munique, é condensado, inspirados em fatos reais e ao acabar, nos dá sensação de pouco. Os dois filmes se assemelham também pelo fato de mostrar atentados terroristas, sendo os do grupo Baader-Meinhof devido às injustiças sociais espalhadas pelo mundo e, principalmente, a condescendência dos regimes; já o filme Munique, tem como eixo central os ataques, ou melhor, retaliações, entre o Mossad e grupos palestinos. O fechamento de O Complexo Baader-Meinhof é inquietante, mostra os principais integrantes do grupo encontrados mortos em suas celas, supostamente vítimas do suicídio, porém, deixa no ar se eles realmente se mataram ou foram assassinados pela polícia repressora.
O primeiro deles que assisti foi Uma prova de Amor, com a ótima Abigail Breslin e Cameron Diaz. Desde que eu assisti ao hilário Pequena Miss Sunshine, acabei virando fã da Abigail. Agora ela provou de uma vez por todas que é uma ótima atriz, já que sua atuação neste último filme, dramático, se deu de uma forma totalmente diferente em comparação com seu papel de estréia. Grandes responsabilidades e a amargura de conviver com a irmã mais velha que está à beira da morte tomaram o lugar daquela menina que apenas se preocupava em ganhar um concurso infantil de beleza. Gostei bastante também do artifício utilizado neste filme, que alterna o ponto de vista e dificuldades enfrentadas entre os principais atores, quando seus pensamentos ganham voz.
Em seguida fui ao cinema para assistir ao belíssimo A Partida, longa japonês ganhador do Oscar deste ano na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Não foi por menos, o filme toca em um conflito, de maneira triste e cômica, vivenciado por muitas pessoas: os problemas de auto-afirmação criados quando a satisfação profissional vai de encontro à própria reputação. O jovem protagonista, que atrai o carisma da platéia com sua maneira simples de viver e encarar a vida, após perder a vaga como músico em uma orquestra japonesa, resolve se mudar com a namorada para uma pequena cidade do interior onde passou sua infância. Chegando lá, encontra um misterioso anúncio de emprego e resolve se candidatar, porém, não faz idéia do tipo de emprego que o aguarda, algo como preparador de corpos para rituais de despedidas. Apesar do espanto e aversão no primeiro momento com o novo ofício, ele vai se acostumando e até ganhando gosto pela rotina. O problema é, justamente, que as pessoas à sua volta, inclusive sua namorada, não vêem as coisas assim. O filme mostra muito da cultura japonesa ao retratar vários rituais pós-morte e a reação dos familiares. Sem falar no final, que emociona até aos telespectadores mais durões.
No terceiro dia seguido, fui conferir o muito comentado Salve Geral, que mostra como pano de fundo, os ataques do PCC ocorridos no Estado de São Paulo. Entretanto, o enfoque central fica na relação mãe e filho, e tudo o que aquela é capaz de fazer para o último, mesmo este estando errado. È outro filme que explora com alarde a violência brasileira nas ruas, penitenciárias e, também, por que não, a negociação entre Estado e facções criminosas. Infelizmente, este é o filme que vai representar o Brasil na próxima edição do Oscar, e, consequentemente, é o tipo de produção que é assistida pelos estrangeiros. Acho uma pena que este é o tipo de filme que exporta nossas produções cinematográficas, reforçando assim a visão de que no Brasil só existe violência e favelas. Já passou da hora de sairmos do tema-comum da violência e enfatizar filmes que mostram a criatividade do brasileiro, como por exemplo, O Homem que copiava ou O cheiro do ralo, para citar alguns.
Não é só no cinema que tenho conferido as novidades cinematográficas. Agora que mudei para uma casa (fato que quero abordar em outro post) e meu computador está em meu quarto, tenho assistido aos filmes que estão no PC com muito mais facilidade. Não preciso mais passar o arquivo para um pen drive, descarregar no laptop, e, finalmente, liga-lo à TV para poder assistir ao filme. Como o monitor, mesmo que não muito grande, fica perto da cama, fica tranqüilo de assistir pelo computador mesmo.
Nos últimos dias assisti O casamento Sírio e o alemão O Complexo Baader-Meinhof. Fazia já muito tempo que eu esperava pra conferir o primeiro, mas valeu a pena esperar! O filme mostra, no estilo kafkiano, as dificuldades de uma noiva para cruzar a fronteira entre Israel e Síria e se casar com seu pretendente, um apresentador de TV que nunca viu pessoalmente. Interessante por mostrar os problemas e burocracia entre os países árabes da região e Israel, e não menos por revelar alguns fragmentos da cultura árabe, como o casamento marcado, vivência no exílio em busca de outras oportunidades e xenofobia. Já o filme alemão - que eu da mesma maneira esperei bastante pra ver, após me deparar inúmeras vezes com seus cartazes avermelhados no metrô de Londres -, retrata a história, de sua ascensão ao trágico fim, do grupo alemão ocidental e denominado terrorista Baader-Meinhof, ou apenas RAF. O filme tem quase duas horas e meia de duração, mas, exatamente como Munique, é condensado, inspirados em fatos reais e ao acabar, nos dá sensação de pouco. Os dois filmes se assemelham também pelo fato de mostrar atentados terroristas, sendo os do grupo Baader-Meinhof devido às injustiças sociais espalhadas pelo mundo e, principalmente, a condescendência dos regimes; já o filme Munique, tem como eixo central os ataques, ou melhor, retaliações, entre o Mossad e grupos palestinos. O fechamento de O Complexo Baader-Meinhof é inquietante, mostra os principais integrantes do grupo encontrados mortos em suas celas, supostamente vítimas do suicídio, porém, deixa no ar se eles realmente se mataram ou foram assassinados pela polícia repressora.
Celebrando os amigos: Rio de Janeiro, 31/10/09
Finalmente conheci, junto com a Danusa, a cidade maravilhosa e, apesar do meu desinteresse inicial e habitual pela antiga capital brasileira, gostei muito do Rio de Janeiro e me surpreendi positivamente. Nas palavras de Parag Khanna, autor do livro “O Segundo Mundo”, que estou lendo atualmente, “...é difícil dizer se ó o Rio que está invadindo a natureza ou a natureza é que está invadindo o Rio, um se sobrepondo à outra e vice-versa.” E realmente, o verde está presente de maneira expressiva em quase toda a cidade: da janela do bem localizado apartamento do Pedro e do Marlon (nossos anfitriões), onde é possível ver também o Cristo Redentor; dando uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas; no Jardim botânico; nas praias, etc.
No primeiro dia na capital carioca, eu e a Danusa fomos com o Pedro e o Marlon até uma praia depois da Barra da Tijuca. Os dois acabaram indo para uma praia de nudismo ao lado enquanto eu e a Danusa ficamos tomando cerveja e comendo pasteizinhos de camarão, eu na sombra e ela no sol. O mais legal foi o longo caminho até nosso destino. Passamos por vários lugares legais, sendo o de maior destaque o Parque Nacional da Tijuca, onde no meio do íngreme e tortuoso caminho, paramos na Vista Chinesa pra ter uma linda paisagem da Zona Sul da cidade. Porém, confesso que achei a Barra muito sem graça, basicamente constituída de prédios pomposos e bem espaçados entre si, durante a interminável via reta à beira-mar.
Para finalizar o primeiro e produtivo dia, fomos à Lapa e sentamos em um boteco, onde conversamos por horas e demos risada. Eu e o Pedro ficamos revivendo histórias do Winterkurs em Berlim e contando novidades de nossas vidas. A Danusa, diferente de mim, imaginou a Lapa como um lugar chique, como a Vila Madalena. Acabou levando um choque com a diversidade cultural e social das pessoas que estavam neste bairro do centro. Eu, não sei por que, já sabia que a lapa abrigava desde mendigos e crianças de rua até playboys e jovens endinheirados. Achei legal este contraste, as pessoas ficam em pé na rua conversando e gostei particularmente dos altos arcos que cortam os bares.
No segundo dia não tivemos tanta sorte com o tempo, São Pedro nos castigou com chuvas e nuvens que estragaram totalmente nosso passeio ao Pão de Açúcar. Ainda no primeiro ponto, não conseguimos ver mais nada por causa da neblina e na travessia para o topo, os cabos de aço sumiam na brancura total, era como se eles não estivessem amarrados em lugar algum. Fiquei cabreiro com a Danusa de ela ter insistido em fazer o passeio mesmo com o mal tempo, gastamos dinheiro à toa e ficamos frustrados. Acredito que no fundo, mesmo não tendo assumido, ela aprendeu que certas coisas é melhor deixar para depois. Como o sol se recusou a sair, passamos o resto do dia num Shopping e mais a noite fomos a um cinema em Botafogo. Assistimos 3 Macacos, filme turco não muito emocionante, porém, com uma fotografia bonita. De volta ao apê, o Marlon colocou um DVD de curtas do Veit Helmer, um cineasta alemão que eu não conhecia. Não vimos todos os curtas mas gostei bastante de um de estilo bem original e experimental (como quase todos os outros que vi) que se passava na Fernsehturm.
O tempo voltou a melhorar no nosso último dia no Rio, mas, mesmo assim, na hora de pegar o trem para subir o Corcovado, fomos surpreendidos por nuvens que insistiam em esconder a estátua do Senhor. Acabamos desistindo na última hora e ficamos, novamente, frustrados. Mas pelo menos desta vez não gastamos nenhum tostão. Aproveitamos as duas últimas horas de luz para ir a Praia de Copacabana e Arpoador, parecia um formigueiro humano. Antes da tentativa de obter uma vista panorâmica da Cidade Maravilhosa, havíamos conhecido o Jardim Botânico (belíssimo!), passeado em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas e caminhado até Ipanema. À noite ficamos conversando e dando risada e fiz a prometida pizza pro Pedro e Marlon, uma assadeira de manjericão e outra de portuguesa. Ficaram ótimas, acertei em cheio na massa.
Achei o Rio totalmente diferente de São Paulo, cidade a qual estou acostumado a ir. As duas apenas se assemelham no tamanho, porém, a dinâmica, visual e opções de cada uma são totalmente diferentes. As pessoas no Rio são mais alegres e amistosas, sendo o corolário desta minha teoria o comportamento dos cobradores dos ônibus urbanos: enquanto os da capital paulista mal abrem a boca pra dar uma informação requisitada, os do Rio são sorridentes e dispostos. Achei interessante também os vários palácios que ficavam perto da casa do Pedro, resquícios da época colonial e de quando o Rio era capital federal. As favelas, também diferentemente de São Paulo, onde se localizam basicamente na periferia, estão incrustadas por toda a cidade. A da Rocinha surpreende pelo imenso tamanho e o Morro Santa Marta me chamou a atenção por ser um caso de sucesso onde o tráfico foi erradicado.
Como ficamos poucos dias, nos limitamos quase que basicamente a conhecer a Zona Sul, fomos muito pouco pra Norte. Fora a noite em que fomos pra Lapa, nosso contato com a parte mais pobre da cidade foi apenas visual, na hora em que o avião se aproximou do Rio, pouco antes de pousar no Santos Dumont. Essas imagens que tivemos, tanto no pouso como na decolagem, foram sensacionais: no dia de chegada vimos o Maracanã, a Ponte Rio – Niterói e plataformas de petróleo próximas à costa; na volta, sobrevoamos os mesmos lugares em que visitamos durante nossa estada, a Enseada de Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra e Prainha. O vôo foi muito rápido, antes de terminar de tomar minha Coca, a avião já começou a descer.
No primeiro dia na capital carioca, eu e a Danusa fomos com o Pedro e o Marlon até uma praia depois da Barra da Tijuca. Os dois acabaram indo para uma praia de nudismo ao lado enquanto eu e a Danusa ficamos tomando cerveja e comendo pasteizinhos de camarão, eu na sombra e ela no sol. O mais legal foi o longo caminho até nosso destino. Passamos por vários lugares legais, sendo o de maior destaque o Parque Nacional da Tijuca, onde no meio do íngreme e tortuoso caminho, paramos na Vista Chinesa pra ter uma linda paisagem da Zona Sul da cidade. Porém, confesso que achei a Barra muito sem graça, basicamente constituída de prédios pomposos e bem espaçados entre si, durante a interminável via reta à beira-mar.
Para finalizar o primeiro e produtivo dia, fomos à Lapa e sentamos em um boteco, onde conversamos por horas e demos risada. Eu e o Pedro ficamos revivendo histórias do Winterkurs em Berlim e contando novidades de nossas vidas. A Danusa, diferente de mim, imaginou a Lapa como um lugar chique, como a Vila Madalena. Acabou levando um choque com a diversidade cultural e social das pessoas que estavam neste bairro do centro. Eu, não sei por que, já sabia que a lapa abrigava desde mendigos e crianças de rua até playboys e jovens endinheirados. Achei legal este contraste, as pessoas ficam em pé na rua conversando e gostei particularmente dos altos arcos que cortam os bares.
No segundo dia não tivemos tanta sorte com o tempo, São Pedro nos castigou com chuvas e nuvens que estragaram totalmente nosso passeio ao Pão de Açúcar. Ainda no primeiro ponto, não conseguimos ver mais nada por causa da neblina e na travessia para o topo, os cabos de aço sumiam na brancura total, era como se eles não estivessem amarrados em lugar algum. Fiquei cabreiro com a Danusa de ela ter insistido em fazer o passeio mesmo com o mal tempo, gastamos dinheiro à toa e ficamos frustrados. Acredito que no fundo, mesmo não tendo assumido, ela aprendeu que certas coisas é melhor deixar para depois. Como o sol se recusou a sair, passamos o resto do dia num Shopping e mais a noite fomos a um cinema em Botafogo. Assistimos 3 Macacos, filme turco não muito emocionante, porém, com uma fotografia bonita. De volta ao apê, o Marlon colocou um DVD de curtas do Veit Helmer, um cineasta alemão que eu não conhecia. Não vimos todos os curtas mas gostei bastante de um de estilo bem original e experimental (como quase todos os outros que vi) que se passava na Fernsehturm.
O tempo voltou a melhorar no nosso último dia no Rio, mas, mesmo assim, na hora de pegar o trem para subir o Corcovado, fomos surpreendidos por nuvens que insistiam em esconder a estátua do Senhor. Acabamos desistindo na última hora e ficamos, novamente, frustrados. Mas pelo menos desta vez não gastamos nenhum tostão. Aproveitamos as duas últimas horas de luz para ir a Praia de Copacabana e Arpoador, parecia um formigueiro humano. Antes da tentativa de obter uma vista panorâmica da Cidade Maravilhosa, havíamos conhecido o Jardim Botânico (belíssimo!), passeado em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas e caminhado até Ipanema. À noite ficamos conversando e dando risada e fiz a prometida pizza pro Pedro e Marlon, uma assadeira de manjericão e outra de portuguesa. Ficaram ótimas, acertei em cheio na massa.
Achei o Rio totalmente diferente de São Paulo, cidade a qual estou acostumado a ir. As duas apenas se assemelham no tamanho, porém, a dinâmica, visual e opções de cada uma são totalmente diferentes. As pessoas no Rio são mais alegres e amistosas, sendo o corolário desta minha teoria o comportamento dos cobradores dos ônibus urbanos: enquanto os da capital paulista mal abrem a boca pra dar uma informação requisitada, os do Rio são sorridentes e dispostos. Achei interessante também os vários palácios que ficavam perto da casa do Pedro, resquícios da época colonial e de quando o Rio era capital federal. As favelas, também diferentemente de São Paulo, onde se localizam basicamente na periferia, estão incrustadas por toda a cidade. A da Rocinha surpreende pelo imenso tamanho e o Morro Santa Marta me chamou a atenção por ser um caso de sucesso onde o tráfico foi erradicado.
Como ficamos poucos dias, nos limitamos quase que basicamente a conhecer a Zona Sul, fomos muito pouco pra Norte. Fora a noite em que fomos pra Lapa, nosso contato com a parte mais pobre da cidade foi apenas visual, na hora em que o avião se aproximou do Rio, pouco antes de pousar no Santos Dumont. Essas imagens que tivemos, tanto no pouso como na decolagem, foram sensacionais: no dia de chegada vimos o Maracanã, a Ponte Rio – Niterói e plataformas de petróleo próximas à costa; na volta, sobrevoamos os mesmos lugares em que visitamos durante nossa estada, a Enseada de Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra e Prainha. O vôo foi muito rápido, antes de terminar de tomar minha Coca, a avião já começou a descer.
Celebrando os amigos: Serra Negra, 09/10/09
Logo após voltar de Florianópolis fui com o pessoal da sala para a famosa e bem falada Serra, na casa do Fefinha. A última vez que a turma se reuniu eu não pude ir porque estava indo ou já estava – não me lembro muito bem – em Londres. A maioria das pessoas já haviam ido na sexta-feira à noite, mas eu, Isadora, Maíra e Otávio, no carro deste, acabamos saindo no sábado cedo de São Paulo. Apesar do feriado prolongado, não pegamos muito trânsito e chegamos sem grandes problemas na casa.
O que mais me impressionou no lugar foi a vista, dando pra ver, segundo o Fefinha, umas 10 cidades da região, inclusive Campinas. Durando os três dias que por lá ficamos, fiquei bobo com essa paisagem e ela não chegou a se transformar em algo normal ou corriqueiro para mim. Ficamos várias vezes e por muito tempo, todos sentados na varanda que nos permitia apreciar o visual, sem fazer muita coisa, apenas bebendo, conversando, escutando música. Mas na verdade, é isso que costumamos fazer quando combinamos algum encontro da 3ª turma de Engenharia Ambiental da UNESP – Sorocaba. E fazemos isso muito bem!
Entretanto, esta viagem marcou por fazermos algumas coisas diferentes. No sábado à noite fomos de carro lotado (eu, Pagan, Orgut, Fefinha e Joãzinho) para a cidade de Serra Negra procurar algum divertimento mais boêmio e também as muito comentadas Cobra-mal-matada e Sífilis, gentilmente apelidadas pelos irmãos Faria. Chegamos ao local que o Fefinha conhecia e já na chegada, ainda no carro, fomos surpreendidos e abordados por um cara muito louco que, segundo suas palavras, tinha certeza que queríamos comprar de seu PÓ, esta última palavra pronunciada em alto volume e ênfase pelo meliante. Enfatizamos que não e após uma não intencional esbarrada do caboclo no retrovisor do carro, saímos do local e fomos para um outro bar que estava inaugurando. Se no primeiro dia de funcionamento já estava tão decadente, imagino como as coisas andaram no último final de semana, se é que ainda andam... Terminamos nossa noite sem nenhuma grande emoção ou divertimento, apenas com as lembranças da abordagem agressiva de um traficante desesperado, que foram repetidas vezes contadas aos que ficaram na casa.
Outra novidade nesse encontro da 3ª Turma, pelo menos pra mim, foi ficar horas a fio jogando ping-pong com o pessoal. Foi muito divertido e até campeonato fizemos, com latas de Itaipava substituindo as tradicionais garrafas de água ou isotônicos, como nas competições esportivas convencionais. Diversão sem limites!
Pra não sair do script, fizemos vários churrascos e comemos muito bem. O final de semana foi tão divertido que no último dia do feriado ficamos adiando por horas a nossa volta, com o pretexto do grande movimento das estradas. Enquanto isso, o tempo foi virando e de repente o céu estava todo escuro e a chuva começou. Parecia que o mundo iria acabar e aquele seria nosso último dia, mas a chuva não durou muito e nem foi tão forte assim. Lá pelas 9 da noite finalmente reunimos coragem para partir e eu acabei aproveitando a carona do Fefinha, que me deixou em Indaiatuba. Estou aguardando ansiosamente o novo encontro da turma!
O que mais me impressionou no lugar foi a vista, dando pra ver, segundo o Fefinha, umas 10 cidades da região, inclusive Campinas. Durando os três dias que por lá ficamos, fiquei bobo com essa paisagem e ela não chegou a se transformar em algo normal ou corriqueiro para mim. Ficamos várias vezes e por muito tempo, todos sentados na varanda que nos permitia apreciar o visual, sem fazer muita coisa, apenas bebendo, conversando, escutando música. Mas na verdade, é isso que costumamos fazer quando combinamos algum encontro da 3ª turma de Engenharia Ambiental da UNESP – Sorocaba. E fazemos isso muito bem!
Entretanto, esta viagem marcou por fazermos algumas coisas diferentes. No sábado à noite fomos de carro lotado (eu, Pagan, Orgut, Fefinha e Joãzinho) para a cidade de Serra Negra procurar algum divertimento mais boêmio e também as muito comentadas Cobra-mal-matada e Sífilis, gentilmente apelidadas pelos irmãos Faria. Chegamos ao local que o Fefinha conhecia e já na chegada, ainda no carro, fomos surpreendidos e abordados por um cara muito louco que, segundo suas palavras, tinha certeza que queríamos comprar de seu PÓ, esta última palavra pronunciada em alto volume e ênfase pelo meliante. Enfatizamos que não e após uma não intencional esbarrada do caboclo no retrovisor do carro, saímos do local e fomos para um outro bar que estava inaugurando. Se no primeiro dia de funcionamento já estava tão decadente, imagino como as coisas andaram no último final de semana, se é que ainda andam... Terminamos nossa noite sem nenhuma grande emoção ou divertimento, apenas com as lembranças da abordagem agressiva de um traficante desesperado, que foram repetidas vezes contadas aos que ficaram na casa.
Outra novidade nesse encontro da 3ª Turma, pelo menos pra mim, foi ficar horas a fio jogando ping-pong com o pessoal. Foi muito divertido e até campeonato fizemos, com latas de Itaipava substituindo as tradicionais garrafas de água ou isotônicos, como nas competições esportivas convencionais. Diversão sem limites!
Pra não sair do script, fizemos vários churrascos e comemos muito bem. O final de semana foi tão divertido que no último dia do feriado ficamos adiando por horas a nossa volta, com o pretexto do grande movimento das estradas. Enquanto isso, o tempo foi virando e de repente o céu estava todo escuro e a chuva começou. Parecia que o mundo iria acabar e aquele seria nosso último dia, mas a chuva não durou muito e nem foi tão forte assim. Lá pelas 9 da noite finalmente reunimos coragem para partir e eu acabei aproveitando a carona do Fefinha, que me deixou em Indaiatuba. Estou aguardando ansiosamente o novo encontro da turma!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Celebrando os amigos: Florianópolis, 02/10/09
Como percebi mais ou menos no meio da minha mais recente estada em Florianópolis, fazia já quase três anos desde a última vez em que estive nesta cidade, quando eu, Danusa e mais alguns amigos começamos o ano de 2007 pulando ondinhas na super-lotada praia dos ingleses. Pois é, infelizmente o tempo voa. Mas desta vez foi muito mais tranquilo, os turistas não estavam lá, as ruas livres, e o tempo, que não me permitiu ver o sol em quase uma semana, não me incomodou. Aliás, os dias nublados e chuvosos foram o que me ajudaram a terminar o livro que eu estava lendo, Um Século em Nova York, do Marshall Berman.
Saí com meus pais de Indaiatuba (um dia depois de ter voltado de Ribeirão) e após ter que desviar o caminhos duas vezes, finalmente chegamos à ilha! Estávamos mortos de cansaço e, como esperado, meu tio, elétrico, não parava de falar! Tinha motivos: estava muito animado com o seu (e também da minha mãe) novo apê. Ajudei meu tio a preparar uma janta muito boa enquanto tomávamos as diferentes cervejas que ele havia comprado, entre elas todos os tipos da Eisenbahn e outras irlandesas ou alemãs.
O apê é realmente legal, dois quartos, sala confortável, mais um quartinho de empregada que meu tio quer transformar em um quarto de leitura (mas, se eu bem o conheço, vai virar logo-logo um depósito de inutilidades) e o melhor, a localização. O prédio fica no centro de Floripa, várias lojas e restaurantes por perto, incluindo o Mercado Municipal e a avenida Beira Mar. Inclusive, um dos motivos da visita dos meus pais foi ajudar meu tio a arrumar algumas pendências do apartamento. Enquanto ele trabalhava, eu e meus pais íamos às lojas do centro pra comprar e providenciar o que ainda estava faltando.
Umas das coisas que eu mais gostei deste visita à Floripa foi ter encontrado o Diogo, Antonio e Rodolfo. Este último eu não via desde o intercâmbio na Suíça, foi bem legal relembrar nossas histórias no país dos alpes e contar as novidades. O Antonio eu não via há um bom tempo também, um dia ele foi lá no meu tio pra encontrar comigo e com meus pais, ficamos conversando por horas. E o Diogo, como sempre com alguma surpresa quando eu encontro ele. A desta vez é que ele virou vegetariano. Mas fora isso, continua exatamente o mesmo, e o mais legal, nossa amizade também. É sempre muito bom encontrá-lo, conheci sua casa nova - que por sinal é muito legal - e encontrei também o Porco, a Paula, Pedro e Paulo. Fomos um dia numa festa na UFSC e fiquei impressionado por o campus ser totalmente aberto e os universitários poderem fazer festa sem ninguém incomodar, muito diferente da UNESP-Sorocaba que trancava as portas logo após a última aula do dia acabar.
Fui também com o Diogo, meu tio, Tomáz, Paulo e Paula em um bar perto do apê onde estávamos. O lugar era muito pequeno, todo fechado e logo quando entrei, pensei: "mas o que está acontecendo aqui, por que essa fumaça toda, esse pessoal tá doido?!?" Foi um contraste, no estado de São Paulo, há pouco tempo passou a ser proibido fumar em locais fechados, e eu me acostumei muito rápido com esse avanço democrático. Tomara que a onda se espalhe por todo Brasil.
No último dia fizemos uma pizza na casa do Diogo. O Antonio e um pessoal da sala dele e do Tomáz também foram e, como tinha forno a lenha, ficou uma delícia! Foi bom pra tirar a urucubaca, da última vez que tentei fazer a massa da pizza ela não cresceu como esperado. Acontece. E vamos ver se agora que minha mãe possui meio apartamento em Florianópolis eu passo a visitar mais essa cidade. Tomara que seja sempre como desta vez!
Saí com meus pais de Indaiatuba (um dia depois de ter voltado de Ribeirão) e após ter que desviar o caminhos duas vezes, finalmente chegamos à ilha! Estávamos mortos de cansaço e, como esperado, meu tio, elétrico, não parava de falar! Tinha motivos: estava muito animado com o seu (e também da minha mãe) novo apê. Ajudei meu tio a preparar uma janta muito boa enquanto tomávamos as diferentes cervejas que ele havia comprado, entre elas todos os tipos da Eisenbahn e outras irlandesas ou alemãs.
O apê é realmente legal, dois quartos, sala confortável, mais um quartinho de empregada que meu tio quer transformar em um quarto de leitura (mas, se eu bem o conheço, vai virar logo-logo um depósito de inutilidades) e o melhor, a localização. O prédio fica no centro de Floripa, várias lojas e restaurantes por perto, incluindo o Mercado Municipal e a avenida Beira Mar. Inclusive, um dos motivos da visita dos meus pais foi ajudar meu tio a arrumar algumas pendências do apartamento. Enquanto ele trabalhava, eu e meus pais íamos às lojas do centro pra comprar e providenciar o que ainda estava faltando.
Umas das coisas que eu mais gostei deste visita à Floripa foi ter encontrado o Diogo, Antonio e Rodolfo. Este último eu não via desde o intercâmbio na Suíça, foi bem legal relembrar nossas histórias no país dos alpes e contar as novidades. O Antonio eu não via há um bom tempo também, um dia ele foi lá no meu tio pra encontrar comigo e com meus pais, ficamos conversando por horas. E o Diogo, como sempre com alguma surpresa quando eu encontro ele. A desta vez é que ele virou vegetariano. Mas fora isso, continua exatamente o mesmo, e o mais legal, nossa amizade também. É sempre muito bom encontrá-lo, conheci sua casa nova - que por sinal é muito legal - e encontrei também o Porco, a Paula, Pedro e Paulo. Fomos um dia numa festa na UFSC e fiquei impressionado por o campus ser totalmente aberto e os universitários poderem fazer festa sem ninguém incomodar, muito diferente da UNESP-Sorocaba que trancava as portas logo após a última aula do dia acabar.
Fui também com o Diogo, meu tio, Tomáz, Paulo e Paula em um bar perto do apê onde estávamos. O lugar era muito pequeno, todo fechado e logo quando entrei, pensei: "mas o que está acontecendo aqui, por que essa fumaça toda, esse pessoal tá doido?!?" Foi um contraste, no estado de São Paulo, há pouco tempo passou a ser proibido fumar em locais fechados, e eu me acostumei muito rápido com esse avanço democrático. Tomara que a onda se espalhe por todo Brasil.
No último dia fizemos uma pizza na casa do Diogo. O Antonio e um pessoal da sala dele e do Tomáz também foram e, como tinha forno a lenha, ficou uma delícia! Foi bom pra tirar a urucubaca, da última vez que tentei fazer a massa da pizza ela não cresceu como esperado. Acontece. E vamos ver se agora que minha mãe possui meio apartamento em Florianópolis eu passo a visitar mais essa cidade. Tomara que seja sempre como desta vez!
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Celebrando os amigos: Ribeirão Preto, 30/09/09
Estranho ir para Ribeirão e não encontrar meu amigo Presunto, principalmente porque quando fui pra lá era seu aniversário. E o pior: nem consegui lhe desejar todas aquelas coisas clichês pelo telefone, cada dia que passa parece que fica mais difícil conversar com ele. Fazer o quê?, o cabra quis se mudar pra Campo Grande, eu bem que avisei... Mas enfim, a Isadora está morando lá agora, e foi em sua casa que fiquei e sua amizade que celebrei, para aludir ao título, hehe.
Na verdade, o que me levou a Ribeirão Preto foi uma dinâmica da Dreyfus Commodities, daí aproveitei que a Isadora está morando na "California brasileira" e cheguei um dia mais cedo. Foi interessante voltar a Ribeirão depois de um bom tempo e ver que a cidade está mudando, novos prédios se erguendo, ruas reformadas e outras coisas. O que não muda mesmo é o calor, insuportável!
Aproveitei bastante quando ainda estava no ônibus: fiquei lendo boa parte do tempo e na outra parte acabei cochilando, estava muito cansado. Cheguei na casa da Isa e ela estava cozinhando a janta com a Rebeca. Jantamos e decidimos ir para um boteco estilo armazém, onde tomamos cerveja, comemos amendoim - pedido da Isadora - e ficamos contando as novidades. Ao ir e voltar a pé do bar, me veio a impressão, um pouco triste, de que Ribeirão era uma cidade muito mais agradável e completa para se morar do que Indaiatuba, perdendo apenas para o quesito localização.
Na manhã do dia seguinte fui caminhando até o hotel onde aconteceria a dinâmica, que por sorte não ficava muito longe da casa da Isa. Falei o que tinha que falar, ou melhor, quase tudo, porque sempre esqueço de falar algo importante. Depois do fardo, voltei pra casa da Isadora e ao tentar entrar na casa, percebi nosso erro de comunicação: acabei saindo sem pegar a chave porque havia entendido que ela deixaria a mesma na portaria. Pois é, ela não deixou, e, para piorar, estava na USP sem chave (a chave dela ficou em casa, era pra eu ter pego, segundo ela) e a Sibila, que detinha o outro objeto milagroso que abre portas, estava trabalhando no Fórum Estadual, localizado na puta que pariu, para dizer o português bem claro. Tudo que eu havia economizado, indo de ônibus pra ribeirão em vez de carro e a pé pro hotel em vez de taxi, eu acabei gastando com o taxi até o mal localizado Fórum. Ao chegar no apartamento, desta vez com a chave, fiquei quase uma hora esparramado no sofá sofrendo com o calor e pensando na confusão que me custou uma corrida dupla de taxi e me fez perder o ônibus que eu queria pegar.
No fim das contas, a Isadora acabou se atrasando na faculdade e eu tive que ir embora sem vê-la novamente pra pegar o ônibus para Campinas no meio da tarde. Apesar de ter ficado pouco nesta cidade que costumava visitar com mais frequência, foi bem legal o breve tempo que passei com minha amiga Isadora.
Na verdade, o que me levou a Ribeirão Preto foi uma dinâmica da Dreyfus Commodities, daí aproveitei que a Isadora está morando na "California brasileira" e cheguei um dia mais cedo. Foi interessante voltar a Ribeirão depois de um bom tempo e ver que a cidade está mudando, novos prédios se erguendo, ruas reformadas e outras coisas. O que não muda mesmo é o calor, insuportável!
Aproveitei bastante quando ainda estava no ônibus: fiquei lendo boa parte do tempo e na outra parte acabei cochilando, estava muito cansado. Cheguei na casa da Isa e ela estava cozinhando a janta com a Rebeca. Jantamos e decidimos ir para um boteco estilo armazém, onde tomamos cerveja, comemos amendoim - pedido da Isadora - e ficamos contando as novidades. Ao ir e voltar a pé do bar, me veio a impressão, um pouco triste, de que Ribeirão era uma cidade muito mais agradável e completa para se morar do que Indaiatuba, perdendo apenas para o quesito localização.
Na manhã do dia seguinte fui caminhando até o hotel onde aconteceria a dinâmica, que por sorte não ficava muito longe da casa da Isa. Falei o que tinha que falar, ou melhor, quase tudo, porque sempre esqueço de falar algo importante. Depois do fardo, voltei pra casa da Isadora e ao tentar entrar na casa, percebi nosso erro de comunicação: acabei saindo sem pegar a chave porque havia entendido que ela deixaria a mesma na portaria. Pois é, ela não deixou, e, para piorar, estava na USP sem chave (a chave dela ficou em casa, era pra eu ter pego, segundo ela) e a Sibila, que detinha o outro objeto milagroso que abre portas, estava trabalhando no Fórum Estadual, localizado na puta que pariu, para dizer o português bem claro. Tudo que eu havia economizado, indo de ônibus pra ribeirão em vez de carro e a pé pro hotel em vez de taxi, eu acabei gastando com o taxi até o mal localizado Fórum. Ao chegar no apartamento, desta vez com a chave, fiquei quase uma hora esparramado no sofá sofrendo com o calor e pensando na confusão que me custou uma corrida dupla de taxi e me fez perder o ônibus que eu queria pegar.
No fim das contas, a Isadora acabou se atrasando na faculdade e eu tive que ir embora sem vê-la novamente pra pegar o ônibus para Campinas no meio da tarde. Apesar de ter ficado pouco nesta cidade que costumava visitar com mais frequência, foi bem legal o breve tempo que passei com minha amiga Isadora.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Uma decisão
No momento em que percebi que iria tomar a decisão de negar aquela oferta de emprego, fui invadido por um prazer, sentimento de leveza e até mesmo felicidade. Não precisaria mais viajar diariamente (pelo menos no momento inicial, antes de arrumar um canto para morar em Jundiaí); não precisaria ficar olhando para o relógio esperando as horas passarem; e mais, não precisaria ficar pensando por todo o sempre que por causa do novo emprego, não poderia participar das dinâmicas de processos seletivos para Trainees que estavam chegando recentemente na minha caixa de e-mail.
Desde que comecei a faculdade, talvez até antes, tinha na cabeça que gostaria de participar dessas extenuantes dinâmicas e entrevistas para que, caso o meu perfil (palavra essa que tenho escutado demasiadamente ultimamente) se alinhasse ao da empresa, eu poderia ser aquele funcionário (detesto a nova palavra da moda: colaborador) escolhido a dedo e que possui grandes chances de crescer na companhia, assim como responsabilidade e autonomia. Não estou contando que passarei em algum desses processos; como já falei, a chance é muito pequena e qualquer simples detalhe faz toda a diferença. Porém, o mais importante é que eu tire isso da cabeça, independente de resultado positivo ou não. Prefiro muito mais tentar e não conseguir do que não tentar e continuar na mesma, com a cabeça cheia de pensamentos "mas e se?". Com a única adição de que esta escolha me custou um ofício, uma oportunidade.
Um pouco atípica essa minha decisão de trocar, em tempos de crise, o certo pelo duvidoso, eu confesso. Mas talvez isso tenha me motivado ainda mais, para ter o gostinho de nadar contra a maré que eu tanto gosto ou até mesmo pra depois olhar para trás e comprovar, de uma vez por todas, que no final tudo se arranja e que minha intuição estava certa. Eu acredito nisso. Não gosto de comportamentos desesperados, tampouco estou matando cachorro a grito. O fato é que o certo eu julguei como não muito excitante, enquanto o duvidoso sempre é, pelo menos pra mim. Apesar do interesse pelos trainees, ultimamente minha vontade em relação a trabalho se deslocou um pouco das indústrias e grandes empresas para as consultorias, tendo assim a oportunidade de trabalhar com projetos na minha área de formação. Estou torcendo também para que a bendita licitação do lixo seja realizada de uma vez, aumentando assim as minhas chances, caso uma determinada empresa seja a vencedora, de começar algo em que eu realmente acredito e me instiga.
Embora o processo de decisão e escolha muitas vezes demora dias ou até mesmo semanas para se concretizar, é engraçado como de um segundo para o outro nossa cabeça passa a vislumbrar as oportunidades que a abertura da outra porta - até então não cogitada ou trancada a sete chaves - nos traz, assim que decidimos abri-la. Essa guinada brusca em certas decisões já tinha acontecido comigo antes, me recordo agora de pelo menos uma: quando passei no vestibular e decidi que iria morar em Sorocaba, distante quase 1000 km de Campo Grande e sem uma única alma viva que eu conhecesse. Sentimento único, esse!
Se a minha mais recente escolha foi a melhor que poderia ter feito, só vou saber daqui um bom tempo, se é que um dia poderei saber isso. Enquanto isso vou continuar esperando essa licitação e tentarei também mostrar para certas pessoas que sou o candidato certo para trabalhar em sua empresa. Tarefa chata, mas o que posso fazer, pura consequência da minha escolha, que de um segundo pro outro me trouxe tanto alívio e novas perspectivas!
Desde que comecei a faculdade, talvez até antes, tinha na cabeça que gostaria de participar dessas extenuantes dinâmicas e entrevistas para que, caso o meu perfil (palavra essa que tenho escutado demasiadamente ultimamente) se alinhasse ao da empresa, eu poderia ser aquele funcionário (detesto a nova palavra da moda: colaborador) escolhido a dedo e que possui grandes chances de crescer na companhia, assim como responsabilidade e autonomia. Não estou contando que passarei em algum desses processos; como já falei, a chance é muito pequena e qualquer simples detalhe faz toda a diferença. Porém, o mais importante é que eu tire isso da cabeça, independente de resultado positivo ou não. Prefiro muito mais tentar e não conseguir do que não tentar e continuar na mesma, com a cabeça cheia de pensamentos "mas e se?". Com a única adição de que esta escolha me custou um ofício, uma oportunidade.
Um pouco atípica essa minha decisão de trocar, em tempos de crise, o certo pelo duvidoso, eu confesso. Mas talvez isso tenha me motivado ainda mais, para ter o gostinho de nadar contra a maré que eu tanto gosto ou até mesmo pra depois olhar para trás e comprovar, de uma vez por todas, que no final tudo se arranja e que minha intuição estava certa. Eu acredito nisso. Não gosto de comportamentos desesperados, tampouco estou matando cachorro a grito. O fato é que o certo eu julguei como não muito excitante, enquanto o duvidoso sempre é, pelo menos pra mim. Apesar do interesse pelos trainees, ultimamente minha vontade em relação a trabalho se deslocou um pouco das indústrias e grandes empresas para as consultorias, tendo assim a oportunidade de trabalhar com projetos na minha área de formação. Estou torcendo também para que a bendita licitação do lixo seja realizada de uma vez, aumentando assim as minhas chances, caso uma determinada empresa seja a vencedora, de começar algo em que eu realmente acredito e me instiga.
Embora o processo de decisão e escolha muitas vezes demora dias ou até mesmo semanas para se concretizar, é engraçado como de um segundo para o outro nossa cabeça passa a vislumbrar as oportunidades que a abertura da outra porta - até então não cogitada ou trancada a sete chaves - nos traz, assim que decidimos abri-la. Essa guinada brusca em certas decisões já tinha acontecido comigo antes, me recordo agora de pelo menos uma: quando passei no vestibular e decidi que iria morar em Sorocaba, distante quase 1000 km de Campo Grande e sem uma única alma viva que eu conhecesse. Sentimento único, esse!
Se a minha mais recente escolha foi a melhor que poderia ter feito, só vou saber daqui um bom tempo, se é que um dia poderei saber isso. Enquanto isso vou continuar esperando essa licitação e tentarei também mostrar para certas pessoas que sou o candidato certo para trabalhar em sua empresa. Tarefa chata, mas o que posso fazer, pura consequência da minha escolha, que de um segundo pro outro me trouxe tanto alívio e novas perspectivas!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
SESC Vila Marinana
Fui no último domingo com a Danusa ao SESC da Vila Mariana. Fazia semanas já que eu estava querendo ir lá pra dar uma olhada nas fotos que o fotógrafo Cristiano Mascaro - famoso por fotografar a arquitetura da capital paulista - tirou em sua visita ao Líbano. Essa mostra faz parte da Programação "Olhar o Líbano", devido à nomeação de Beirute como Capital Mundial do Livro, título concedido pela UNESCO.
Gostei bastante das fotos, que mostravam o povo libanês, suas cidades, ruínas, comércio, praças e cultura. Só fiquei na dúvida se as fotos foram tiradas antes ou depois do bombardeio de Israel, acredito que antes. Tenho tido ultimamente um interesse muito grande pelos países árabes, principalmente os do Oriente Médio. No caso específico do Líbano, acredito que muito se deve ao fato da cultura libanesa estar presente no Brasil, visto que aproximadamente 6 milhões de brasileiros possuem origem deste país. Em Campo Grande por exemplo, existem vários mercearias e restaurantes especializados na cozinha árabe.
Entretanto, não foi somente a exposição de fotos que me interessou neste meu passeio dominical. Esta unidade do SESC é, sozinha, um belo motivo para sua visita. Fiquei impressionado com o tamanho e beleza do prédio (que na verdade são dois, interligados por corredores) e dos serviços oferecidos. Existem quadras de futebol, volei e, acreditem, Badminton nos andares intermediários do prédio; uma piscina semi-olímpica no subsolo; restaurante e cafeteria, etc.
Como se não bastasse, o que mais me impressionou, talvez pela excentricidade, foi o Solarium, que nada mais é a cobertura do prédio, localizada no 11° andar. Ok, cobertura quase todo prédio possui, e para São Paulo, um prédio com 11 andares nem é tão alto assim. Porém, foi a utilização deste pedaço de chão descoberto que me deixou um pouco surpreso. Inúmeras pessoas estava lá, deitadas, de maiô ou biquini, esturricando ao sol! O Solarium do SESC é um local para se tomar sol (o próprio nome já dá uma dica), mas não tem piscina, muito menos uma ducha para ser usada como refresco! Esses paulistanos acabam aproveitando qualquer espaço pra tomar um solzinho.
Quero agora conhecer outras unidades do SESC em São Paulo, mas tenho a impressão que poucas serão da mesma magnitude que o da Vila Mariana. Mas não tem problema, quando algo é muito bom, é diícil ser superado. Sorte dos moradores da Vila, a Mariana.
Gostei bastante das fotos, que mostravam o povo libanês, suas cidades, ruínas, comércio, praças e cultura. Só fiquei na dúvida se as fotos foram tiradas antes ou depois do bombardeio de Israel, acredito que antes. Tenho tido ultimamente um interesse muito grande pelos países árabes, principalmente os do Oriente Médio. No caso específico do Líbano, acredito que muito se deve ao fato da cultura libanesa estar presente no Brasil, visto que aproximadamente 6 milhões de brasileiros possuem origem deste país. Em Campo Grande por exemplo, existem vários mercearias e restaurantes especializados na cozinha árabe.
Entretanto, não foi somente a exposição de fotos que me interessou neste meu passeio dominical. Esta unidade do SESC é, sozinha, um belo motivo para sua visita. Fiquei impressionado com o tamanho e beleza do prédio (que na verdade são dois, interligados por corredores) e dos serviços oferecidos. Existem quadras de futebol, volei e, acreditem, Badminton nos andares intermediários do prédio; uma piscina semi-olímpica no subsolo; restaurante e cafeteria, etc.
Como se não bastasse, o que mais me impressionou, talvez pela excentricidade, foi o Solarium, que nada mais é a cobertura do prédio, localizada no 11° andar. Ok, cobertura quase todo prédio possui, e para São Paulo, um prédio com 11 andares nem é tão alto assim. Porém, foi a utilização deste pedaço de chão descoberto que me deixou um pouco surpreso. Inúmeras pessoas estava lá, deitadas, de maiô ou biquini, esturricando ao sol! O Solarium do SESC é um local para se tomar sol (o próprio nome já dá uma dica), mas não tem piscina, muito menos uma ducha para ser usada como refresco! Esses paulistanos acabam aproveitando qualquer espaço pra tomar um solzinho.
Quero agora conhecer outras unidades do SESC em São Paulo, mas tenho a impressão que poucas serão da mesma magnitude que o da Vila Mariana. Mas não tem problema, quando algo é muito bom, é diícil ser superado. Sorte dos moradores da Vila, a Mariana.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Vermisst
A foto daquele português me marcou profundamente, da primeira a última vez que eu a vi. E não foram poucas as vezes, até porque fiquei perambulando aproximadamente por um mês naquela Berlim fria que me congelava até os ossos e, durante este interlúdio, nada dos angustiantes cartazes sumirem de repente, comprovando que algo de bom havia acontecido, atingindo o objetivo de sua existência. Desaparecido, diziam os vários cartazes confeccionados em duas versões e espalhados pelos principais pontos da capital alemã. Um rapaz com um sorriso comovente estampado no rosto, com a vida inteira pela frente: devia ter seus 25 anos. Acho que foi por esses motivos que fiquei tão abalado, impressionado, às vezes até demasiadamente incomodado e curioso. Digo curioso porque logo após eu avistar um desses suplicantes avisos, ficava com várias perguntas na minha cabeça que demoravam a sair, ou melhor, a se acalmarem ou ficarem latentes, para logo no meu próximo corriqueiro encontro com um desses cartazes, rapidamente voltarem violentamente a aturdir meu pensamento. O que teria sucedido? Como é que uma pessoa desaparece assim? O que ele fazia em Berlim? Teria sido a mais nova vítima dos covardes atos de radicais nacionalistas? Ou talvez se envolveu em uma briga besta e acabou pagando caro demais pelo seu deslize de conduta. Nunca vou saber. E o pior, como já disse, na data em que embarquei de volta para o Brasil, os cartazes continuavam lá, tentando resgatar o português de algum lugar misterioso, desconhecido a todos berlinenses.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
O Mundo é Plano: belos exemplos e a hipocrisia de Tom
Há mais ou menos dois anos meu irmão, recomendado por um professor do cursinho, comprou dois espessos livros que contavam a história da humanidade: Era dos Extremos e O Mundo é Plano. O primeiro, do escritor Eric Hobsbawm, discorre sobre a história do século XX, começando com a Primeira Guerra Mundial e progredindo lentamente até a queda do muro de Berlin, precedendo a falência da União Soviética. Já o livro de Thomas Friedman, relata um fenômeno mais recente e impactante nos dias atuais, a globalização, que nada mais é do que, nas palavras do autor, o achatamento e, consequentemente, planificação do mundo. É deste livro que vou falar aqui.
Uma coisa não se pode dizer a respeito do Mundo é Plano: falta de pesquisa ou coleta de dados para a concepção deste livro. O escritor entrevistou inúmeras pessoas, viajou para diversos países, leu sobre temas relevantes à sua pesquisa, conheceu empresas e seus empreendedores, tudo isso mencionado no decorrer do livro. Suas visitas a empresas de outsourcing indianas contribuíram para que o escritor entendesse e passasse para o leitor como que a globalização está modificando as relações do nosso cotidiano. Porém, o excesso de exemplos indianos, mesmo que surpreendentes, e a lógica simplista ao lidar com terrorismo e comportamento dos países árabes, faz com que o livro perca bastante de seu brilho e destaque.
Dentre os exemplos citados, me recordo de alguns deles, os mais marcantes e incomuns. Um deles é a história de uma mineradora falida no Canadá que foi comprada por um empresário, e para que a mesma saísse dos números vermelhos, foi lançado um desafio mundial através da internet com uma ótima recompensa aos ganhadores. Como o maior problema da mineradora era saber a localização exata dos minérios, o desafio consistia em disponibilizar aos interessados (empresas ou pesquisadores) todos os mapas e dados geológicos da mineradora para que palpites da localização dos pacotes de minérios fossem dados. Através de softwares que utilizavam modelos 3-D , uma empresa australiana de consultoria em geologia acertou em cheio e levou pra casa uma quantia enorme de dinheiro. Este exemplo provou que era possível utilizar meios de comunicação como a internet para que melhores resultados fossem obtidos. A grandiosidade deste ato é ainda maior quando lembrado que o ramo da mineração é muito fechado e conservador, e esta experiência esbanjou em inovação e criatividade.
Já o Wall Mart, maior rede de varejo do mundo, usou também a disponibilidade de novas tecnologias para a introdução do método Just in Time em sua cadeia de suprimentos, reduzindo assim drasticamente o custo dos transportes e operações. Com um rastreamento eficaz, era possível saber que uma mercadoria havia sido comprada logo após o pagamento da mesma. O sistema mandava então uma mensagem ao centro de distribuição mais próximo para que o produto fosse reposto imediatamente. Essa ferramenta possibilitou também analisar e classificar as preferências dos clientes e antecipar futuras demandas, visto que todo produto comprado e suas especificações como marca, cor ou tamanho, era registrado no sistema da cadeia de suprimentos.
Foi interessante ler o livro e ver que alguns relatos, na época em que foram escritos, não passavam de esboços ou início do desenvolvimento de algum produto ou serviço. Foram os casos do Google Earth e da montadora indiana Tata. O Google havia na época acabado de comprar uma empresa de imagens de satélites e os engenheiros da Tata lutavam para desenvolver uma liga de aço apropriada para ser usada num carro com concepção de baixíssimo custo. Hoje, apenas alguns anos após esses registros, o carro super econômico da Tata já é uma realidade e sucesso e o Google Earth está mais presente em nossas vidas cada dia que passa.
Entretanto, na hora de descrever sobre o meio ambiente e a dinâmica das guerras e redes de terrorismo no mundo globalizado, Tom peca devido seu reducionismo simplista e argumentação hipócrita, sem contar que apóia a invasão do Iraque pelas tropas americanas. Ao citar uma de suas teorias, a de que bem estruturadas e desenvolvidas cadeias de suprimentos entre países poderiam frear a eclosão de uma guerra, por causa da importância comercial entre estes países, o escritor sequer menciona que com ou sem cadeia de suprimento, seu país já começou muitas das principais guerras e conflitos da história. É como se não existisse tropas no Iraque e Afeganistão, impossível não atentar a um fato destas proporções, revelando assim mais um exemplo do americano pós 11 de setembro com orgulho ferido.
O erro está em considerar todos os ataques terroristas como atrocidades ou barbáries (concordo plenamente!) sem se perguntar o real motivo de suas causas. Na verdade, o motivo colocado por Friedman é que a inveja da prosperidade dos países ricos, aliada com o sistema repressor em que muitos dos terroristas e homens-bomba vivem, acabam por gerar este comportamento radical. Será que ele não tem conhecimento das atrocidades e manipulações que seu governo já cometeu em vários países por causa de interesses específicos? Tal comportamento não alimenta também o ódio de muitos oprimidos? Benazir Bhutto, em seu livro Reconciliação, cita diversos exemplos da interesseira conduta que os EUA tomaram em relação a países árabes com o intuito de desestabilizar regimes, para que ganhassem presença e poder na região, porém afetando a vida de milhares de pessoas inocentes. É o caso do treinamento e distribuição de armas para os mujahideen quando da invasão russa no Afeganistão (por causa de interesses pessoais, é claro), que logo após se tornou uma ameaça aos próprios americanos que os treinaram.
Para não esquecer o tema meio ambiente, cada vez mais abordado devido à consciência da constante e progressiva degradação ambiental, Tom expressa suas sinceras preocupações com nosso planeta caso Índia e China continuem crescendo às taxas atuais. Realmente é um tópico que precisa ser abordado e discutido com cautela, mas por que ele não mencionou a contribuição de seu país - o maior poluidor do planeta e único desenvolvido que não assinou o protocolo de Kioto - para a deterioração das condições ambientais? Será que precisamos nos preocupar somente com os países em desenvolvimento? Difícil explicar tal conduta e falta de análise profunda sobre essa problemática.
Como o título já diz, este livro contém bons exemplos de globalização e como nossas vidas são modificadas com o desenvolvimento de novas tecnologias. O problema é que algumas vezes estes exemplos são repetitivos e poderiam sair mais do eixo Índa-China, tornando o texto mais dinâmico. Acredito também que a leitura seria mais prazerosa caso o livro fosse reduzido das aproximadamente 500 para apenas 300 páginas e o autor não ocultasse importantes acontecimentos em relação à política externa americana e sua conduta ambiental.
Uma coisa não se pode dizer a respeito do Mundo é Plano: falta de pesquisa ou coleta de dados para a concepção deste livro. O escritor entrevistou inúmeras pessoas, viajou para diversos países, leu sobre temas relevantes à sua pesquisa, conheceu empresas e seus empreendedores, tudo isso mencionado no decorrer do livro. Suas visitas a empresas de outsourcing indianas contribuíram para que o escritor entendesse e passasse para o leitor como que a globalização está modificando as relações do nosso cotidiano. Porém, o excesso de exemplos indianos, mesmo que surpreendentes, e a lógica simplista ao lidar com terrorismo e comportamento dos países árabes, faz com que o livro perca bastante de seu brilho e destaque.
Dentre os exemplos citados, me recordo de alguns deles, os mais marcantes e incomuns. Um deles é a história de uma mineradora falida no Canadá que foi comprada por um empresário, e para que a mesma saísse dos números vermelhos, foi lançado um desafio mundial através da internet com uma ótima recompensa aos ganhadores. Como o maior problema da mineradora era saber a localização exata dos minérios, o desafio consistia em disponibilizar aos interessados (empresas ou pesquisadores) todos os mapas e dados geológicos da mineradora para que palpites da localização dos pacotes de minérios fossem dados. Através de softwares que utilizavam modelos 3-D , uma empresa australiana de consultoria em geologia acertou em cheio e levou pra casa uma quantia enorme de dinheiro. Este exemplo provou que era possível utilizar meios de comunicação como a internet para que melhores resultados fossem obtidos. A grandiosidade deste ato é ainda maior quando lembrado que o ramo da mineração é muito fechado e conservador, e esta experiência esbanjou em inovação e criatividade.
Já o Wall Mart, maior rede de varejo do mundo, usou também a disponibilidade de novas tecnologias para a introdução do método Just in Time em sua cadeia de suprimentos, reduzindo assim drasticamente o custo dos transportes e operações. Com um rastreamento eficaz, era possível saber que uma mercadoria havia sido comprada logo após o pagamento da mesma. O sistema mandava então uma mensagem ao centro de distribuição mais próximo para que o produto fosse reposto imediatamente. Essa ferramenta possibilitou também analisar e classificar as preferências dos clientes e antecipar futuras demandas, visto que todo produto comprado e suas especificações como marca, cor ou tamanho, era registrado no sistema da cadeia de suprimentos.
Foi interessante ler o livro e ver que alguns relatos, na época em que foram escritos, não passavam de esboços ou início do desenvolvimento de algum produto ou serviço. Foram os casos do Google Earth e da montadora indiana Tata. O Google havia na época acabado de comprar uma empresa de imagens de satélites e os engenheiros da Tata lutavam para desenvolver uma liga de aço apropriada para ser usada num carro com concepção de baixíssimo custo. Hoje, apenas alguns anos após esses registros, o carro super econômico da Tata já é uma realidade e sucesso e o Google Earth está mais presente em nossas vidas cada dia que passa.
Entretanto, na hora de descrever sobre o meio ambiente e a dinâmica das guerras e redes de terrorismo no mundo globalizado, Tom peca devido seu reducionismo simplista e argumentação hipócrita, sem contar que apóia a invasão do Iraque pelas tropas americanas. Ao citar uma de suas teorias, a de que bem estruturadas e desenvolvidas cadeias de suprimentos entre países poderiam frear a eclosão de uma guerra, por causa da importância comercial entre estes países, o escritor sequer menciona que com ou sem cadeia de suprimento, seu país já começou muitas das principais guerras e conflitos da história. É como se não existisse tropas no Iraque e Afeganistão, impossível não atentar a um fato destas proporções, revelando assim mais um exemplo do americano pós 11 de setembro com orgulho ferido.
O erro está em considerar todos os ataques terroristas como atrocidades ou barbáries (concordo plenamente!) sem se perguntar o real motivo de suas causas. Na verdade, o motivo colocado por Friedman é que a inveja da prosperidade dos países ricos, aliada com o sistema repressor em que muitos dos terroristas e homens-bomba vivem, acabam por gerar este comportamento radical. Será que ele não tem conhecimento das atrocidades e manipulações que seu governo já cometeu em vários países por causa de interesses específicos? Tal comportamento não alimenta também o ódio de muitos oprimidos? Benazir Bhutto, em seu livro Reconciliação, cita diversos exemplos da interesseira conduta que os EUA tomaram em relação a países árabes com o intuito de desestabilizar regimes, para que ganhassem presença e poder na região, porém afetando a vida de milhares de pessoas inocentes. É o caso do treinamento e distribuição de armas para os mujahideen quando da invasão russa no Afeganistão (por causa de interesses pessoais, é claro), que logo após se tornou uma ameaça aos próprios americanos que os treinaram.
Para não esquecer o tema meio ambiente, cada vez mais abordado devido à consciência da constante e progressiva degradação ambiental, Tom expressa suas sinceras preocupações com nosso planeta caso Índia e China continuem crescendo às taxas atuais. Realmente é um tópico que precisa ser abordado e discutido com cautela, mas por que ele não mencionou a contribuição de seu país - o maior poluidor do planeta e único desenvolvido que não assinou o protocolo de Kioto - para a deterioração das condições ambientais? Será que precisamos nos preocupar somente com os países em desenvolvimento? Difícil explicar tal conduta e falta de análise profunda sobre essa problemática.
Como o título já diz, este livro contém bons exemplos de globalização e como nossas vidas são modificadas com o desenvolvimento de novas tecnologias. O problema é que algumas vezes estes exemplos são repetitivos e poderiam sair mais do eixo Índa-China, tornando o texto mais dinâmico. Acredito também que a leitura seria mais prazerosa caso o livro fosse reduzido das aproximadamente 500 para apenas 300 páginas e o autor não ocultasse importantes acontecimentos em relação à política externa americana e sua conduta ambiental.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Estréia!
Já era tempo, mais que tempo. Apesar de já ter usado dois blogs com o intuito de registrar minhas andanças e explorações por outros países, nunca havia mantido um blog onde escreveria sobre qualquer coisa que me viesse à cabeça, pensamentos, agonias, críticas, lembranças, resenhas ou idéias. O mundo hoje nos oferece as mais diversas maneiras de uploading como podcasting e twitter e eu sequer mantinha um blog. Exclusão digital? Talvez. Porém, como alguém que eu não conheço já disse, antes tarde do que nunca.
Como escrevi aí em cima, quero aqui colocar algumas das coisas que me passam pela cabeça e que geralmente acabo engolindo ou esquecendo. Outro motivo também importante, que eu não posso deixar de mencionar, é a vontade de escrever que me vem acometendo ultimamente. Me parece que os livros que leio sempre não estão sendo suficientes, não que eu não tenha o hábito de ler, mas sim que está na hora de começar a sair, em vez de só entrar. Escrever pra quê? Fácil. Pra me divertir, pra aprender, aperfeiçoar, passar o tempo, pra matar essa minha vontade recente. Agora, pra quem? Pra mim mesmo já basta.
Confesso que já sofri na hora de escolher o nome para este veículo. Nem tanto pela escolha do nome em si, mas sim pela existência de blogs com os diversos nomes que pensei. Solução: usar o nome de um livro que me marcou, de um escritor que eu gosto muito, o livro que me hipnotizou e prendeu do começo ao fim, me obrigando a lê-lo em apenas um dia, ou melhor, uma sentada. A invenção da Solidão, do Paul Auster. O nome, que me apareceu inusitadamente na cabeça, e que me parecia, inicialmente, apenas um tapa buracos, se revelou mais do que justo. Quero escrever por escrever, pra mim mesmo, teria então um nome mais adequado do que este? E quem sabe um dia escrevo por aqui sobre este livro que há alguns anos li e tanto me marcou.
Como escrevi aí em cima, quero aqui colocar algumas das coisas que me passam pela cabeça e que geralmente acabo engolindo ou esquecendo. Outro motivo também importante, que eu não posso deixar de mencionar, é a vontade de escrever que me vem acometendo ultimamente. Me parece que os livros que leio sempre não estão sendo suficientes, não que eu não tenha o hábito de ler, mas sim que está na hora de começar a sair, em vez de só entrar. Escrever pra quê? Fácil. Pra me divertir, pra aprender, aperfeiçoar, passar o tempo, pra matar essa minha vontade recente. Agora, pra quem? Pra mim mesmo já basta.
Confesso que já sofri na hora de escolher o nome para este veículo. Nem tanto pela escolha do nome em si, mas sim pela existência de blogs com os diversos nomes que pensei. Solução: usar o nome de um livro que me marcou, de um escritor que eu gosto muito, o livro que me hipnotizou e prendeu do começo ao fim, me obrigando a lê-lo em apenas um dia, ou melhor, uma sentada. A invenção da Solidão, do Paul Auster. O nome, que me apareceu inusitadamente na cabeça, e que me parecia, inicialmente, apenas um tapa buracos, se revelou mais do que justo. Quero escrever por escrever, pra mim mesmo, teria então um nome mais adequado do que este? E quem sabe um dia escrevo por aqui sobre este livro que há alguns anos li e tanto me marcou.
Assinar:
Postagens (Atom)