No momento em que percebi que iria tomar a decisão de negar aquela oferta de emprego, fui invadido por um prazer, sentimento de leveza e até mesmo felicidade. Não precisaria mais viajar diariamente (pelo menos no momento inicial, antes de arrumar um canto para morar em Jundiaí); não precisaria ficar olhando para o relógio esperando as horas passarem; e mais, não precisaria ficar pensando por todo o sempre que por causa do novo emprego, não poderia participar das dinâmicas de processos seletivos para Trainees que estavam chegando recentemente na minha caixa de e-mail.
Desde que comecei a faculdade, talvez até antes, tinha na cabeça que gostaria de participar dessas extenuantes dinâmicas e entrevistas para que, caso o meu perfil (palavra essa que tenho escutado demasiadamente ultimamente) se alinhasse ao da empresa, eu poderia ser aquele funcionário (detesto a nova palavra da moda: colaborador) escolhido a dedo e que possui grandes chances de crescer na companhia, assim como responsabilidade e autonomia. Não estou contando que passarei em algum desses processos; como já falei, a chance é muito pequena e qualquer simples detalhe faz toda a diferença. Porém, o mais importante é que eu tire isso da cabeça, independente de resultado positivo ou não. Prefiro muito mais tentar e não conseguir do que não tentar e continuar na mesma, com a cabeça cheia de pensamentos "mas e se?". Com a única adição de que esta escolha me custou um ofício, uma oportunidade.
Um pouco atípica essa minha decisão de trocar, em tempos de crise, o certo pelo duvidoso, eu confesso. Mas talvez isso tenha me motivado ainda mais, para ter o gostinho de nadar contra a maré que eu tanto gosto ou até mesmo pra depois olhar para trás e comprovar, de uma vez por todas, que no final tudo se arranja e que minha intuição estava certa. Eu acredito nisso. Não gosto de comportamentos desesperados, tampouco estou matando cachorro a grito. O fato é que o certo eu julguei como não muito excitante, enquanto o duvidoso sempre é, pelo menos pra mim. Apesar do interesse pelos trainees, ultimamente minha vontade em relação a trabalho se deslocou um pouco das indústrias e grandes empresas para as consultorias, tendo assim a oportunidade de trabalhar com projetos na minha área de formação. Estou torcendo também para que a bendita licitação do lixo seja realizada de uma vez, aumentando assim as minhas chances, caso uma determinada empresa seja a vencedora, de começar algo em que eu realmente acredito e me instiga.
Embora o processo de decisão e escolha muitas vezes demora dias ou até mesmo semanas para se concretizar, é engraçado como de um segundo para o outro nossa cabeça passa a vislumbrar as oportunidades que a abertura da outra porta - até então não cogitada ou trancada a sete chaves - nos traz, assim que decidimos abri-la. Essa guinada brusca em certas decisões já tinha acontecido comigo antes, me recordo agora de pelo menos uma: quando passei no vestibular e decidi que iria morar em Sorocaba, distante quase 1000 km de Campo Grande e sem uma única alma viva que eu conhecesse. Sentimento único, esse!
Se a minha mais recente escolha foi a melhor que poderia ter feito, só vou saber daqui um bom tempo, se é que um dia poderei saber isso. Enquanto isso vou continuar esperando essa licitação e tentarei também mostrar para certas pessoas que sou o candidato certo para trabalhar em sua empresa. Tarefa chata, mas o que posso fazer, pura consequência da minha escolha, que de um segundo pro outro me trouxe tanto alívio e novas perspectivas!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário