sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Vermisst
A foto daquele português me marcou profundamente, da primeira a última vez que eu a vi. E não foram poucas as vezes, até porque fiquei perambulando aproximadamente por um mês naquela Berlim fria que me congelava até os ossos e, durante este interlúdio, nada dos angustiantes cartazes sumirem de repente, comprovando que algo de bom havia acontecido, atingindo o objetivo de sua existência. Desaparecido, diziam os vários cartazes confeccionados em duas versões e espalhados pelos principais pontos da capital alemã. Um rapaz com um sorriso comovente estampado no rosto, com a vida inteira pela frente: devia ter seus 25 anos. Acho que foi por esses motivos que fiquei tão abalado, impressionado, às vezes até demasiadamente incomodado e curioso. Digo curioso porque logo após eu avistar um desses suplicantes avisos, ficava com várias perguntas na minha cabeça que demoravam a sair, ou melhor, a se acalmarem ou ficarem latentes, para logo no meu próximo corriqueiro encontro com um desses cartazes, rapidamente voltarem violentamente a aturdir meu pensamento. O que teria sucedido? Como é que uma pessoa desaparece assim? O que ele fazia em Berlim? Teria sido a mais nova vítima dos covardes atos de radicais nacionalistas? Ou talvez se envolveu em uma briga besta e acabou pagando caro demais pelo seu deslize de conduta. Nunca vou saber. E o pior, como já disse, na data em que embarquei de volta para o Brasil, os cartazes continuavam lá, tentando resgatar o português de algum lugar misterioso, desconhecido a todos berlinenses.
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