Finalmente conheci, junto com a Danusa, a cidade maravilhosa e, apesar do meu desinteresse inicial e habitual pela antiga capital brasileira, gostei muito do Rio de Janeiro e me surpreendi positivamente. Nas palavras de Parag Khanna, autor do livro “O Segundo Mundo”, que estou lendo atualmente, “...é difícil dizer se ó o Rio que está invadindo a natureza ou a natureza é que está invadindo o Rio, um se sobrepondo à outra e vice-versa.” E realmente, o verde está presente de maneira expressiva em quase toda a cidade: da janela do bem localizado apartamento do Pedro e do Marlon (nossos anfitriões), onde é possível ver também o Cristo Redentor; dando uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas; no Jardim botânico; nas praias, etc.
No primeiro dia na capital carioca, eu e a Danusa fomos com o Pedro e o Marlon até uma praia depois da Barra da Tijuca. Os dois acabaram indo para uma praia de nudismo ao lado enquanto eu e a Danusa ficamos tomando cerveja e comendo pasteizinhos de camarão, eu na sombra e ela no sol. O mais legal foi o longo caminho até nosso destino. Passamos por vários lugares legais, sendo o de maior destaque o Parque Nacional da Tijuca, onde no meio do íngreme e tortuoso caminho, paramos na Vista Chinesa pra ter uma linda paisagem da Zona Sul da cidade. Porém, confesso que achei a Barra muito sem graça, basicamente constituída de prédios pomposos e bem espaçados entre si, durante a interminável via reta à beira-mar.
Para finalizar o primeiro e produtivo dia, fomos à Lapa e sentamos em um boteco, onde conversamos por horas e demos risada. Eu e o Pedro ficamos revivendo histórias do Winterkurs em Berlim e contando novidades de nossas vidas. A Danusa, diferente de mim, imaginou a Lapa como um lugar chique, como a Vila Madalena. Acabou levando um choque com a diversidade cultural e social das pessoas que estavam neste bairro do centro. Eu, não sei por que, já sabia que a lapa abrigava desde mendigos e crianças de rua até playboys e jovens endinheirados. Achei legal este contraste, as pessoas ficam em pé na rua conversando e gostei particularmente dos altos arcos que cortam os bares.
No segundo dia não tivemos tanta sorte com o tempo, São Pedro nos castigou com chuvas e nuvens que estragaram totalmente nosso passeio ao Pão de Açúcar. Ainda no primeiro ponto, não conseguimos ver mais nada por causa da neblina e na travessia para o topo, os cabos de aço sumiam na brancura total, era como se eles não estivessem amarrados em lugar algum. Fiquei cabreiro com a Danusa de ela ter insistido em fazer o passeio mesmo com o mal tempo, gastamos dinheiro à toa e ficamos frustrados. Acredito que no fundo, mesmo não tendo assumido, ela aprendeu que certas coisas é melhor deixar para depois. Como o sol se recusou a sair, passamos o resto do dia num Shopping e mais a noite fomos a um cinema em Botafogo. Assistimos 3 Macacos, filme turco não muito emocionante, porém, com uma fotografia bonita. De volta ao apê, o Marlon colocou um DVD de curtas do Veit Helmer, um cineasta alemão que eu não conhecia. Não vimos todos os curtas mas gostei bastante de um de estilo bem original e experimental (como quase todos os outros que vi) que se passava na Fernsehturm.
O tempo voltou a melhorar no nosso último dia no Rio, mas, mesmo assim, na hora de pegar o trem para subir o Corcovado, fomos surpreendidos por nuvens que insistiam em esconder a estátua do Senhor. Acabamos desistindo na última hora e ficamos, novamente, frustrados. Mas pelo menos desta vez não gastamos nenhum tostão. Aproveitamos as duas últimas horas de luz para ir a Praia de Copacabana e Arpoador, parecia um formigueiro humano. Antes da tentativa de obter uma vista panorâmica da Cidade Maravilhosa, havíamos conhecido o Jardim Botânico (belíssimo!), passeado em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas e caminhado até Ipanema. À noite ficamos conversando e dando risada e fiz a prometida pizza pro Pedro e Marlon, uma assadeira de manjericão e outra de portuguesa. Ficaram ótimas, acertei em cheio na massa.
Achei o Rio totalmente diferente de São Paulo, cidade a qual estou acostumado a ir. As duas apenas se assemelham no tamanho, porém, a dinâmica, visual e opções de cada uma são totalmente diferentes. As pessoas no Rio são mais alegres e amistosas, sendo o corolário desta minha teoria o comportamento dos cobradores dos ônibus urbanos: enquanto os da capital paulista mal abrem a boca pra dar uma informação requisitada, os do Rio são sorridentes e dispostos. Achei interessante também os vários palácios que ficavam perto da casa do Pedro, resquícios da época colonial e de quando o Rio era capital federal. As favelas, também diferentemente de São Paulo, onde se localizam basicamente na periferia, estão incrustadas por toda a cidade. A da Rocinha surpreende pelo imenso tamanho e o Morro Santa Marta me chamou a atenção por ser um caso de sucesso onde o tráfico foi erradicado.
Como ficamos poucos dias, nos limitamos quase que basicamente a conhecer a Zona Sul, fomos muito pouco pra Norte. Fora a noite em que fomos pra Lapa, nosso contato com a parte mais pobre da cidade foi apenas visual, na hora em que o avião se aproximou do Rio, pouco antes de pousar no Santos Dumont. Essas imagens que tivemos, tanto no pouso como na decolagem, foram sensacionais: no dia de chegada vimos o Maracanã, a Ponte Rio – Niterói e plataformas de petróleo próximas à costa; na volta, sobrevoamos os mesmos lugares em que visitamos durante nossa estada, a Enseada de Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra e Prainha. O vôo foi muito rápido, antes de terminar de tomar minha Coca, a avião já começou a descer.
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