sexta-feira, 4 de junho de 2010

(Quase) Do Oiapoque ao Chuí: de Manaus a Porto Alegre

Logo depois de voltar do Rio de Janeiro, onde tive muito azar com o tempo e aproveitei pra fazer passeios diferentes do que se espera de uma cidade como o Rio, embarquei para Manaus. O vôo demorou menos do que eu esperava, três horas e pouco, e quando cheguei à capital amazonense, senti na pele – literalmente – o estafante calor desta cidade. Já que toquei no tema calor, não posso deixar de mencionar: é impressionante como o calor de Manaus incomoda. É um calor diferente, gruda na pele, impregna. Tudo bem, Manaus também não colaborou, o primeiro dia foi o mais quente dos seis que eu fiquei lá e, à noite, conversando com a Raquel no apartamento dela, a energia acabou e o ar condicionado parou! Não faltou mais nada.

Manaus é uma cidade ímpar, não tem como não ser: está no meio da Amazônia, cercada por rios, aguapés e muita floresta, distante de todos os outros pólos brasileiros. Todos os caminhões que chegam a Manaus precisam pegar, de Belém, uma balsa que demora mais ou menos três dias para chegar. Outra coisa que me chamou a atenção também foi o orgulho dos manauaras com a cidade natal. Manaus funciona também como um imã estadual, assim como a maioria das capitais, atraindo muitas pessoas em busca de oportunidades e uma vida mais promissora; com a única diferença que para chegar a Manaus, o transporte utilizado geralmente são as chalanas ou barcos, em vez de ônibus ou carros.

Culturalmente, Manaus tem muito a oferecer, e, de muitas atrações, é possível relacionar com o famoso e rico ciclo da borracha que ocorreu nesta mesma cidade há mais ou menos 100 anos. Grandes exemplos são: o Teatro Amazonas, lindo lugar construído na época do apogeu de Manaus e há pouco revitalizado; Palacete Provincial, anexo que engloba a pinacoteca e outros museus, com destaque para os quadros modernos com temas regionais; Palácio Rio Negro; Ponte Benjamim Constante, etc.

Estando no meio da Floresta amazônica não pude deixar de ir para um hotel na selva. Na verdade quem realmente possibilitou esse passeio foi o Fabian, amigo do meu tio, que como já havia trabalhado no Ariaú – um dos hotéis de selva mais famosos em Manaus com uma estrutura toda em palafitas de tirar o chapéu – consegui um super desconto pra mim, Raquel e Bruna, amiga da Raquel que também aproveitou a ocasião para ir visitá-la. A experiência foi incrível, o hotel é muito extenso e só o fato de estar no meio do nada, do verde, faz do lugar muito interessante. Sem contar as comidas típicas servidas no almoço e jantares, os passeios como focagem de jacaré e caminhada na selva, etc. Ficamos pouco, dormimos só uma noite, mas foi muito interessante pra conhecer a selva.

Outro passeio típico de Manaus é o Encontro das Águas, onde o Rio Negro encontra o Solimões. Eu e a Bruna fomos de ônibus até o CEASA (muito longe!) e fizemos o passeio com um piloteiro simpático. Depois, como estava na hora do almoço, acabamos comendo em um restaurante bem simples perto do CEASA mesmo. Claro, comemos peixe e tomamos tubaína, muito bom!

Notei também que em Manaus, apesar de ser perceptível sua população humilde e pobre, existem muitas pessoas ricas. É muito comum encontrar carrões importados nas ruas e existem diversos lugares finíssimos, como o Shopping Manauara ou alguns bares.

No meu último dia, acordei e fui direto pro aeroporto, meu vôo saía na hora do almoço mais ou menos. Estava muito cansado de tanto ter perambulado pela cidade e conhecido tantos lugares. Estava também um pouco aliviado de dizer adeus àquele calor estafante, subumano. Cheguei em Indaiatuba no final da tarde e fui jantar na Casa da Esfiha com a família e o Daniel. Já estava com passagem marcada para embarcar no dia seguinte pra Porto Alegre, extremo sul do país. No restaurante mesmo liguei pro Odécio e perguntei se tinha como ficar hospedado na casa dele. Claro, ele me disse. Ótimo!

***

Porto Alegre é muito diferente de Manaus, em todos os aspectos: população, paisagem, clima, desenvolvimento, etc. Não quero aqui, porém, comparar as duas capitais, são diferentes e pronto. Achei bem interessante em menos de 24 horas sair do extremo norte e ir para o extremo sul brasileiro. Diferente de Manaus, já havia estado em POA antes desta viagem. Esta segunda vez foi importante pra me confirmar a impressão que eu tinha da capital gaúcha: uma cidade muito interessante e agradável, provavelmente um lugar muito bom pra se viver, tirando o orgulho cego e irritante dos gaúchos.

Foi muito legal rever pessoas que eu não via há muito tempo, como o Odécio e o pessoal que morou comigo em Londres: Cláudia, Thiago e Gabriel. Com os últimos, saí uma noite em um bar muito legal de um bairro agitado de Porto Alegre; ficamos conversando horas a fio sobre nossas experiências em Londres e o que fizemos depois que nos separamos, após o regresso individual de cada um de nós para nossa terra. Do Odécio eu não preciso falar nada, continua a mesma figura de sempre, incrível!

Como da primeira vez, fui à Usina do Gasômetro e vi o pôr do sol no Guaíba, indescritível. Indescritível também o louco que ficou resmungando e praguejando do meu lado enquanto eu tirava foto do rio engolindo o sol, mas foi só olhar com cara de bravo pra ele que ele sumiu rapidinho. Também fui aos inúmeros sebos da Rua Riachuelo e comprei uns quatro livros: dois do local Bettega, um do paranaense Luis Henrique Pellanda (ótimo!) e um do turco Orhan Pamuk. Impressionante como esta cidade tem sebos, o pessoal do sul deve ler muito mesmo.

Repeti também os passeios no parque da Redenção, onde fiquei lendo a Piauí do mês por muito tempo; cada de cultura do Mário Quintana, onde descobri um bar/café no último andar que igualmente como a Usina, tinha uma vista espetacular do Guaíba; e almoço no Mercado Público: um prato com bife + Serra Malte. Do que mais eu precisava?

No último dia acordei e já rumei pro aeroporto de trem. Almocei no aeroporto mesmo e chegando no Viracopos, peguei um ônibus da Azul pra São Paulo pra ir com a Danusa no aniversário da prima dela.

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