sábado, 24 de abril de 2010

Futurama

Comecei a trabalhar dia 1° de Abril: dia da mentira e véspera de feriado. Tinha tudo para dar errado, até estava achando que meu chefe iria me pregar uma peça. Entretanto, talvez por ele ser alemão, a estréia se consumou verdade. Desde então, estou utilizando o ônibus para chegar do apartamento da Danusa - onde estou ficando provisoriamente - até o escritório do KfW, em Santo Amaro. Como o trajeto é longo e dificilmente consigo lugar para sentar, o que me impossibilita de ler um livro, fico pensando muito sobre a vida, divagando e observando o que acontece à minha volta. Além, claro, de conferir toda vez quanto tempo gasto da Av. 9 de Julho, perto do tunel que cruza a Paulista, até a Rua José Guerra com a Verbo Divino. (São mais ou menos 45 minutos na ida e 55 na volta, se não chover).

Por causa da minha nova rotina, que expliquei acima, tive uma ideia que ajudaria os milhares de cidadãos que utilizam tranporte público em São Paulo: todos os ônibus, após passar por seus respectivos pontos de paradas, emitiriam um sinal para que o sistema central soubesse onde qualquer ônibus se encontra em qualquer hora do dia ou da noite. Acho que isso já até existe, por causa das placas em alguns pontos que estimam em quanto tempo cada ônibus chegará. Portanto, a grande sacada seria interligar o monitoramento dos ônibus com potenciais serviços oferecidos aos usuários. Um deles seria, após o cadastro de cada indivíduo no sistema informando certas peculiaridades, ser avisado, através de uma mensagem no celular, que o ônibus escolhido está chegando em 5 minutos no ponto de embarque. Isso ajudaria, e muito, para cada um poder se programar e sair de casa na hora certa, para não ter que ficar esparando muito tempo até o próximo ônibus passar.

Conversando com a Danusa sobre a minha ideia, percebi que ela achou muito improvável a implementação desse sistema. Não por falta de tecnologia disponível no mercado, tenho certeza. A rádio Oi FM já conta com um serviço que quando um ouvinte escuta uma música que gosta mas que nao sabe o nome do cantor, é só mandar uma mensagem para a central da rádio que segundos depois, outra mensagem é devolvida com os detalhes da música. Do universo da música para o do transporte não deve ser um salto muito grande.


***


Como amante dos livros, algumas revistas e jornais impressos, ultimamente tenho pensando muito a respeito do fim do papel. Pessoas como eu têm muitos motivos para se preocupar: a meta do Bill Gates é morrer depois da mídia expressa e vem batalhando arduamente para isso; quase todo mês um novo eletrônico como o Kindle ou iPad é lançado; grandes livrarias já contam com inúmeros exemplares de livros digitais, sendo que algumas delas já faturam mais com a versão eletrônica do que com a tradicional.

Porém, a pergunta que não quer calar é: "quando realmente o papel vai acabar?" Confesso que sou um pouco pessimista, apesar de ainda hoje nunca ter visto alguém lendo um livro digital, acredito que a tranformação será mais ou menos da magnitude da ocasionada com a internet ou telefone celular: disseminação com a velocidade de uma praga.

A vinda de livros digitais para nossas vidas traz, sim, alguns benefícios, como por exemplo de ordem prática ou ambiental. Os livros, teoricamente, ficariam muito mais acessíveis para a população, devido ao fato de seu conteúdo ser apenas intelectual e não material. Apesar dos e-books consumirem energia elétrica, milhares de árvores seriam poupadas com a diminuição ou extinção da fabricação de papel. Entretanto, com esta modificação, celeumas de ordem autoral, como já vivenciados pela indústria fonográfica, serão inevitáveis.

Fato é, eu não me importo com as possíveis vantagens ou desvantagens que um livro digital traz, eu só quero continuar a ter o prazer e experiência de poder ler algo que realmente está nas minhas mãos, poder tocar o papel onde o conteúdo está impresso e, quando acabar a leitura, colocar o livro na prateleira. Existe melhor decoração que uma prateleira recheada de livros?

É justamente por isso que toda vez que leio uma notícia relacionada com esses acessórios incovenientes, passo a pensar, com medo, até que ponto o papel resistirá.

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