sexta-feira, 4 de junho de 2010

Em Belo Horizonte: uma Campo Grande expandida

Como entusiasta das obras de Niemeyer, não tinha como não gostar de Belo Horizonte, que serviu, a pedido de JK, então governador de Minas Gerais, como ensaio e preparação para o grande arquiteto brasileiro construir a então nova capital federal. Prédios, edifícios e casas com a sua assinatura estão espalhados por toda BH, mas aonde se pode perceber realmente o exercício para o posterior desafio de Brasília é no bairro da Pampulha. O que eu mais gostei foi da pequena Igreja, embora o Museu de Arte e Casa do Baile sejam também interessantes; uma pena que estavam fechados.

Belo Horizonte é uma cidade muito arborizada e planejada. Por isso a lembrança da minha natal Campo Grande, que apesar de bem menor, tem uma grande semelhança com a capital de Minas Gerais. As ruas centrais, como em Campo Grande, são todas quadriculadas, mas as de BH estão dispostas em ângulo de 45 graus com as grandes avenidas. A princípio achei que a disposição dificultaria muito o trânsito, mas não na verdade. Falando em trânsito, as pessoas na capital mineira têm horror ao aglomerado de veículos nas ruas. Pequenos engarrafamentos são encarados como o fim do mundo, algo que em São Paulo quase ninguém se incomodaria.

Um lugar bem interessante no centro de Belo Horizonte é o bairro Savassi, onde fiquei andando um dia que estava esperando a Raquel – minha anfitriã – sair da faculdade pra gente voltar pra casa dela. Na Savassi existem várias livrarias, bares, lojas despojadas e restaurantes. Apesar de estar incrustada no centro da cidade, possui uma aparência muito bonita e atmosfera leve. Deve ser bem legal sair à noite nesta região, mas não tive oportunidade. Porém, oportunidade eu tive de conhecer o Mineirão e assistir um jogo amistoso (demais de amistoso, por sinal) entre a seleção da África do Sul contra o Cruzeiro. Placar: o mais entediante do mundo, zero a zero. Valeu pra conhecer o Mineirão.

Conheci também alguns museus e casas de cultura nesta cidade como, por exemplo, o Museu de Artes e Ofícios, patrocinado por uma mulher ligada à construtora Andrade e Gutierrez. Se não me engano ela doou quase todo o acervo pessoal pro museu. É interessante porque vários dos ofícios são relacionados com a região ou estado de Minas Gerais. Já o pequeno museu Abílio Barreto, onde se localizava a primeira fazenda de Belo Horizonte, conta um pouco da história da cidade, que, como Campo Grande, tem pouco mais de cem anos. Mas o que mais gostei foi de ir, ao acaso, ao IMS, localizado no centro. Estava acontecendo uma exposição com fotos em PB do Otto Stupakoff, muito marcantes!

Gostei bastante também de ir com a Raquel, que estuda Medicina na UFMG, de conhecer o campus da faculdade federal. Almoçamos por lá em um dos vários e diferentes restaurantes oferecidos e logo depois do almoço, em uma tenda no meio da faculdade, estava tocando uma banda muito legal, tinha até instrumento de sopro, o som era muito original. Uma pena que tivemos que ir embora porque a Raquel tinha aula no outro campus da faculdade logo depois.

No ônibus que me levava pro longíssimo aeroporto de Confins, prestei atenção para achar a tão comentada pelos mineiros e recém-inaugurada cidade administrativa de Minas Gerais. São três grandes prédios – um deles o auditório – que abrigam agora as secretarias, palácio do governo e outras repartições. A arquitetura é muito marcante, e o arquiteto responsável pela obra, como esperado, foi o Oscar Niemeyer. O que me chamou muito a atenção é que um dos grandes prédios está pendurado por cabos, que devem ser de aço. É como um MASP, porém pendurado e não tocando os grandes pilares que dão suporte aos cabos. Só vendo.

Um pouco antes de embarcar, fiquei vendo aviões tocando o chão ou se descolando dele; nunca me canso disso. Alguns minutos depois foi a minha vez de decolar.

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