Vi algumas vezes na TV uma propaganda, não me lembro de qual empresa, onde um funcionário aparece com os dois braços engessados. Em uma mão eles está segurando um telefone e tentando utilizar o aparelho; ao mesmo tempo, com a mão restante, ele tenta mexer no computador. Nem preciso dizer a trapalhada que vira a cena. A mensagem do anúncio é que uma empresa engessada terá a mesma performance do funcionário pateta. Semana passada descobri que o Banco do Brasil é uma empresa engessada.
Há mais de seis anos sou correntista do maior banco brasileiro. Ao passar no vestibular e me mudar para Sorocaba, abri uma conta universitária em uma agência localizada dentro do Extra desta cidade. Como era conta para estudante, não tive quase nenhuma dificuldade para abri-la. No meu dia a dia resolvia tudo pela internet, eu era o responsável na repúblicar em cuidar das contas de energia e internet. Visitas na agência, nem pensar. Incrível como economizamos tempo (e dinheiro) quando utilizamos o sistema bancário na internet, que, por sinal, foi um dos pioneiros no mundo, se não o pioneiro.
Como a vida é feita de ciclos, minha faculdade chegou ao fim e, após alguns meses perambulando sem rumo por Indaiatuba, arrumei um emprego em São Paulo. Como já não utilizava a agência mesmo, no começo de minha experiência paulistana continuei com a conta na agência de Sorocaba. O problema foi que comecei a ter uns problemas como limite diário de transferência e resolvi transferir para uma agência próxima ao trabalho.
Meus problemas começaram.
Em princípio, como fui informado pelo telefone, a transferência entre agências seria bem simples, só precisaria ir na agência nova com poucos documentos (o olerite entre eles) e tudo estaria resolvido. Fui lá, tomei um chá de cadeira e, quando fui atendido por J. (qualquer semelhança ou analogia com jumento é pura coincidêcia), um escriturário do BB, fui informado que eu não podia utilizar aquele documento porque meu nome havia sido impresso em cima da palavra NOME. Um mero erro gráfico. Era muito fácil reconher que meu nome inicial era ANDRÉ, mas na xerox, ele disse, não dava para distinguir.
Mas eu já tenho conta no Banco do Brasil, vocês tem o meu cadastro, por que não utilizar esse mesmo olerite?, eu perguntei. Regras do bando, ele disse. OK, ótimo. Combinei com ele que iria ao trabalho procurar outro olerite com meu nome aparecendo e voltaria em um instante. Como não trabalho há muito tempo, só possuia um olerite onde meu nome havia sido impresso sem sobrepor o campo NOME. Peguei o olerite salvador e rumei, novamente, para o banco. Chegando lá, o problema: "Ahh, mas esse seu olerite é mais antigo que três meses, não posso utilizá-lo", disse J. Mas você já não viu o outro que, apesar de não conter meu nome legível (na xerox), é mais recente que 90 dias?
O J. havia jogado fora a xerox anterior e eu teria que voltar novamente ao trabalho e trazer os dois olerites: o com o nome legível (fora do prazo) e o mais recente (mas com o primeiro nome ilegível). Reclamei, insisti, mas não teve jeito. Na hora lembrei da propaganda e ao J., sobrepus automaticamente uma imagem sua, porém, não apenas com os braços engessado, mas sim com o corpo todo. Percebi no mesmo instante o que não sabia: o Banco do Brasil havia quebrado os braços. Quem sabe as pernas também?
Se eu falar que no dia seguinte voltei com meus cinco olerites e ainda escutei que eles estavam tendo problemas com a xerox e não estava ficando legível, vocês vão achar que é exagero. Dei uma risada cínica com a legenda de "se vira mermão, agora é com vocês, isso não é problema meu", que foi imediatamente entendida. Resolveram finalmente o problema com a xerox, assinei mais de dez folhas e, segundo J., teria minha conta transferia até a próxima sexta-feira.
Hoje é quinta-feira e a próxima sexta-feira se tranformou na passada. Liguei hoje para minha gerente de Sorocaba, que me falou que a conta havia sido de fato criada, porém não havia solicitação de transferência. Palmas ao J.! A situação atual é que até amanha, de novo próxima sexta-feira, a transferência deve ser efetuada.
Só de pensar que quando minha conta for transferida, terei de fazer mais uma visita aos meus amigos bancários para aumentar meu limite diário - catalizador de toda essa confusão - sinto calafrios pelo corpo todo. Engraçada a lógica do BB: quando era estudante, sem renda alguma, tinha um limite de tranferência de RS 1.000,00. Agora, com renda comprovada pelos malditos olerites, meu limite é de incríveis R$ 600,00! Mal posso esperar para reencontrar o J.
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pela tua renda, vc deveria ter ido a uma agencia estilo... o jumento num te falou isso?
ResponderExcluiraceita sugestao? uma coisa q eu sempre digo: no brasil as vezes as coisas nao se resolvem pq as pessoas ou nao sabem, ou nao querem utilizar os canais corretos para buscar a solucao. devido aos 50 milhoes de clientes e inumeras reclamacoes pelo atendimento, em 2010 essa eh a prioridade do bb. tem o 0800 e tem a ouvidoria. acessa no site e veja os canais.
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