terça-feira, 29 de junho de 2010

Frankfurt (2)

A segunda semana em Frankfurt foi tão boa quanto a primeira, apenas um pouco diferente. O treinamento foi mais específico e com todo o time do Fundo de Carbono; algumas pessoas eu já havia conhecido na primeira semana, isto é, trabalhavam para o Fundo de Carbono e eram, como eu, recém-contratados. Foi muito legal conhecer os rostos da pessoas que eu costumava lidar em São Paulo pelo telefone ou e-mail. Algumas eu achava que eram mais velhas, outras mais novas. Engraçado.

Foi muito importante conversar durante toda a semana sobre o mesmo assunto, conhecer as dificuldades e pontos fortes de outros países, receber sugestões, etc. Os últimos dias foram destinados para as apresentações da estratégia para o final de 2010 e 2011 de cada país que faz aquisição de créditos de carbono. Para encerrar a semana, fomos na sexta-feira a um restaurante muito agradável perto do banco. Comemos ao ar livre em uma nível mais alto que do térreo, a vista era bonita, muito verde na Europa nesta época do ano.

Como na primeira semana, o KfW organizou atividades recreativas para depois do expediente de treinamento. Uma que eu achei bem criativa e divertida foi nossa ida a uma cozinha de um restaurante onde o chef de cozinha nos ensionou a preparar tapas espanholas. Depois dele, foi a nossa vez: nos dividimos em grupos e cada um fez um prato diferente. Eu fiquei com o Klaus e cozinhamos um tira-gosto de cogumelos e copa. Não faltou comida este dia!

Outro encontro aconteceu em um bier garten bem na frente do Main, fantástico! O único problema foi o frio que incomodou um pouco. O lado bom foi as cervejas alemãs, já comentadas aqui em outro post anterior. O legal destes encontros e atividades é que o pessoal que trabalha em um mesmo departamente em países diferentes tem a oportunidade de se conhecer melhor e ficar mais íntimo.

No final da minha estada em Frankfurt, apesar de muito divertida e proveitosa, já estava querendo voltar para o Brasil. Não sei por que mas parece que quando viajamos, nos preparamos psicologicamente para ficar o tempo estipulado e, quando vai chegando no final, já estamos cansados e querendo voltar pra rotina. Estava com saudades do meu apartamento também, não faz muito tempo que me mudei. Sem falar dos amigos e família.

Mas uma coisa é verdade: não vejo a hora de chegar o próximo encontro do Fundo de Carbono!

***

Conversando com uma colega da Bukina Faso, que participou do programa da primeira semana, percebi como pode ser difícil a integração de um negro em um país majoritariamente branco. Mesmo morando há anos na Alemanha e falando alemão muito bem, ela não se sentia à vontade. Estava sempre com a pulga atrás da orelha e, segundo ela, sofrendo censuras e passando por constrangimentos. Ao sentar então em um assento no trem ou ônibus ao lado de um alemães, era constrangimento na certa. Mas você não está preparada e já esperando sofrer preconceito, eu perguntei. Pode ser, ela respondeu, talvez o problema seja eu também. Porém, estava feliz em voltar para Bukina Faso e trabalhar em seu verdadeiro país.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Köln

Ainda no Brasil, antes de embarcar para Frankfurt, comprei uma passagem para ir para Colônia no final de semana, entre as minhas duas semanas de treinamento do KfW em Frankfurt. Escolhi Colônia porque meus colegas de trabalho da DEG (braço do KfW com sede nesta mesma cidade), me recomendaram e disseram que era muito bonita. Sem falar que não era muito distante de Frankfurt.

O único problema foi que eu comprei a passagem para a sexta-feira depois do almoço, logo depois que o programa da semana se encerraria. Eu só não contei que na quinta eu sairia com os colegas de treinamento e voltaria muito tarde. Resultado: acordei na sexta sem ter arrumado nada para a viagem e tive que ir correndo para o KfW, senão chegaria atrasado. Infelizmente, como comprei em uma tarifa promocional, não pude reaproveitar a passagem para o sábado. Mas foi melhor, curti a sexta-feira em Frankfurt, descansei e, no sábado, fui para Köln com calma.

Fui despreparado para conhecer a cidade, não quis me planejar muito e achei que seria uma ideia legal ir me surpreendendo com a cidade. A única coisa que eu sabia de Colônia era a sua famosa catedral. E foi a primeira coisa que fiz logo quando cheguei. A catedral fica bem do lado da estação de trem; saí do trem e, acidentalmente, fui direto conhecer o prédio cristão. Não sou muito ligado em religiões/supertições mas admito que a catedral era bem expressiva! Bem grande, alta, enorme, na verdade. O legal foi que após subir mais de 500 degraus, a vista do topo dela era sensacional! Dava para ver Colônia inteira.

Não havia me preparado mesmo, tanto é que quando desci da catedral me preocupei em arrumar uma cama para passar a noite. Fui na loja de informações turísticas e eles me recomendaram alguns albergues. Fui em dois e estavam lotados. Azar. No terceiro, depois de andar bastante pela cidade e me perder (senso de localização nota ZERO!), finalmente achei uma cama disponível: a última de um quarto com outras nove; a última de um grande albergue. Sorte.

Não sei por que mas estava um pouco preguiçoso este final de semana. Somado a isso o fato das ótimas cervejas alemãs, acabei ficando um bom tempo no balcão do bar do albergue tomando cerveja e pensando na vida. Eu sabia que logo voltaria para o Brasil e não poderia mais me deliciar com essas cervejas. Mas um homem não sobrevive só com cerveja, é preciso comer algo de vez em quando; meu estômago já estava roncando, então decidi voltar para a cidade e procurar algo para comer.

Impressionante como Colônia oferece bastantes bares e restaurantes. Perto do Rio Reno existem vários lugares para comer, beber e se divertir, um do lado do outro. É tanta coisa que chega a ser difícil de escolher. Depois de andar bastante acabei escolhendo um lugar onde poderia comer um prato alemão. Decidi por um Schnitzel com molho de cogumelos, acho nem preciso falar o quanto estava bom! Enquanto comia fiquei vendo o jogo da Copa EUA x Inglaterra: empate com uma gol pra cada time.

Como havia ligado pro David (coincidentemente ele também estava em Köln neste final de semana) e ele já havia marcado algo para a noite, acabei indo para uma baladinha que o Fernando, meu amigo do trabalho, havia indicado. Por sorte ela era bem do lado do albergue. Acho que se não fosse eu não teria ânimo de ir. No começo fiquei um pouco incomodado por estar sozinho, mas logo depois fiquei me divertindo olhando as pessoas, escutando os hits alemães (alguns são os mesmos que no Brasil), bebendo outra cerveja e conversando ora ou outra com pessoas que devem ter me achado solitário. Eu acho que eu realmente me diverti, quando cheguei no club, às 11 da noite, pensei comigo mesmo: "Ok, vou ficar aqui uma hora apenas e volto pro albergue." Acabei deitando na cama, que havia reservado horas antes, quatro da manhã passadas!

O problema foi na manhã seguinte. Ou melhor, na mesma manhã, porque quando estava voltando para o albergue me lembro que já estava ficando claro. Teoricamente era pra eu fazer o check-out até às 11 da manhã, porém, acabei acordando quase duas da tarde. Caramba! Tive que me despreender da teoria e passar para a prática para convencer a recepcionista a não me cobrar outra diária. No final tudo dá-se um jeito, eu acredito nisso, apesar de mencionar lá em cima que não sigo nenhuma supertição. Vai entender...

Ao sair do albergue, comi uma pizza turca na esquina e rumei para a estação. No trem fiquei vendo a paisagem, o trilho corre ao lado do Reno por um longo trecho. Muito bonito.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Frankfurt (1)

Tive sorte. Logo depois de começar a trabalhar para o KfW fiquei sabendo que meses depois do meu começo iria fazer uma viagem de duas semanas para Frankfurt com o intuito de conhecer melhor o banco, seus programas, projetos, relacao com o governo alemão, etc. Nas duas semanas, participei de dois programas diferentes: introdução sobre o KfW Entwicklungsbank e treinamento do Fundo de Carbono. Neste texto escreverei como foram os meus sete primeiros dias na capital financeira da Alemanha.

Frankfurt me impressionou desde o começo, primeiro porque a cidade é muito menor do que eu imaginava. Na verdade eu já sabia que Frankfurt tinha mais ou menos 700 mil habitantes quando deixei o Brasil, mas mesmo assim, na hora que comecei a andar pela cidade, achei que ela deveria ser maio. Maior porque é a capital financeira do principal país do bloco europeu. Ok, existem alguns arranha-céus, muito deles bem bonitos e imponentes, mas nada comparado a São Paulo ou até outras cidades menores brasileiras.

Por outro lado, Frankfurt me impressionou pela qualidade de vida que oferece a seus moradores ou aos de passagem, como eu. Existem diversos restaurantes internacionais, metrô espalhado pela cidade inteira (algo inédito para mim, se lembramos que a cidade não tem nem um milhão de habitantes)e o mais legal, muitas pessoas vão de bicicleta para o trabalho! É muito comum ver engravatados montados em suas bicicletas percorrendo as ruas de Frankfurt. Ou melhor, as calçadas. Em quase todas as calçadas da cidade existe uma faixa em vermelho destinada para os ciclistas; os pedestres precisam ficar atentos para não ser atropelados por algo sem motor!

Os meus colegas de treinamento foram os mais amigáveis e interessantes possíveis. Sem contar suas procedências: Iêmen, Bukina Faso, Madagascar, Indonésia, Egito, Palestina (achei que nunca encontraria alguém desta região), África do Sul, Ruanda, Índia e Casaquistão. Foi interessante que o KfW organizou algumas atividades extra-curriculares, como jogar boliche em uma noite ou o jantar de boas vindas no primeiro domingo. Me impressionei também como a maioria de nós ficamos bem íntimos logo nos primeiros dias; na quinta-feira, quando alguns já estavam se preparando para voltar para casa (aqueles que não teriam outro treinamento na semana seguinta), tratamos de nos reunir depois das palestras e ficamos conversando e bebericando algo para nos despedir.

Adoro esses encontros internacionais, é muito legal conversar com pessoas de todos os cantos do mundo sobre seus países, hábitos, governos, etc. Por exemplo, fiquei sabendo que vários países da África Ocidental possuem a mesma moeda, que me esqueci o nome porque tenho memória de peixe; fiquei sabendo como é o dia-a-dia na Autoridade Palestina e, para minha surpresa, é muito mais normal do que imaginava; confirmei com uma colega alemã que mora na Áfica do Sul há 20 anos que realmente o atual presidente deste país estuprou a filha de um amigo seu e confessou para todo país. Já havia lido sobre isso mas, tamanho o disparate, achei que o jornalista havia se confundido. Nosso governo é inacreditável, me disse ela.

Não é só o Brasil que pára em época de copa do mundo. A Alemanha também entrou no clima: todos os bares colocaram telões ou TVs nas calçadas para as pessoas acompanharem os jogos; muitos dos carros penduraram bandeiras para apoiar o país; pessoas andavam pintadas e festejando nas ruas. O único problema foi no jogo da Alemanha contra a Sérvia. Ninguém esperava uma derrota, eles se acanharam. Fiquei impressionado como os alemães gostam do Brasil. Um dia vi um menininho de uns 5 anos correndo com duas bandeiras na mão, uma da Alemanha, outra do Brasil. Outra hora vi um carro passando também com as bandeiras destes dois países. Quero só ver se o Brasil enfrentar a Alemanha em alguma etapa da Copa.

Não posso deixar de falar das palestras introdutórias sobre o KfW - Banco de Desenvolvimento. Não foi coincidência que todos os participantes vinham de países em desenvolvimento. Essa área do banco, a qual o Fundo de Carbono pertence, destina suas atividades somente nos países pobres ou emergentes. Teve uma palestra que explicou, por exemplo, o critério para decidir o tipo de projetos que cada país vai implementar. Eles podem ser desde eficiência energética e energia renovável (caso do Brasil) até infra-estrutura, educação ou combate à AIDS. Os tipos de financiamentos, estrutura e gestão dos projetos também foram apresentados. No final da semana estávamos entendendo o banco muito melhor do que quando chegamos em Frankfurt.

Até no Ministério Alemão de Cooperação Internacional, sediado em Bonn, nós fomos, para assistir uma palestra que explicava como o ministério trabalha com o KfW. Após a palestra, fomos para o Museu de História Moderna, que conta a história da Alemanha logo depois do final da segunda guerra mundial. O guia possuia um humor sutil e sabia muito sobre o tema. Interessante: a indústria alemã atual é muito moderna porque ao final da segunda guerra, quando o país estava dividido e ocupado, os países ocupantes - União Soviética, França, Ingraterra e EUA - levaram todos os maquinários para seus países. Só restou à Alemanha então, começar a reconstruir seu parque industrial e, como criaram tudo do novo, sua indústria ficou moderna. Até hoje.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Em Belo Horizonte: uma Campo Grande expandida

Como entusiasta das obras de Niemeyer, não tinha como não gostar de Belo Horizonte, que serviu, a pedido de JK, então governador de Minas Gerais, como ensaio e preparação para o grande arquiteto brasileiro construir a então nova capital federal. Prédios, edifícios e casas com a sua assinatura estão espalhados por toda BH, mas aonde se pode perceber realmente o exercício para o posterior desafio de Brasília é no bairro da Pampulha. O que eu mais gostei foi da pequena Igreja, embora o Museu de Arte e Casa do Baile sejam também interessantes; uma pena que estavam fechados.

Belo Horizonte é uma cidade muito arborizada e planejada. Por isso a lembrança da minha natal Campo Grande, que apesar de bem menor, tem uma grande semelhança com a capital de Minas Gerais. As ruas centrais, como em Campo Grande, são todas quadriculadas, mas as de BH estão dispostas em ângulo de 45 graus com as grandes avenidas. A princípio achei que a disposição dificultaria muito o trânsito, mas não na verdade. Falando em trânsito, as pessoas na capital mineira têm horror ao aglomerado de veículos nas ruas. Pequenos engarrafamentos são encarados como o fim do mundo, algo que em São Paulo quase ninguém se incomodaria.

Um lugar bem interessante no centro de Belo Horizonte é o bairro Savassi, onde fiquei andando um dia que estava esperando a Raquel – minha anfitriã – sair da faculdade pra gente voltar pra casa dela. Na Savassi existem várias livrarias, bares, lojas despojadas e restaurantes. Apesar de estar incrustada no centro da cidade, possui uma aparência muito bonita e atmosfera leve. Deve ser bem legal sair à noite nesta região, mas não tive oportunidade. Porém, oportunidade eu tive de conhecer o Mineirão e assistir um jogo amistoso (demais de amistoso, por sinal) entre a seleção da África do Sul contra o Cruzeiro. Placar: o mais entediante do mundo, zero a zero. Valeu pra conhecer o Mineirão.

Conheci também alguns museus e casas de cultura nesta cidade como, por exemplo, o Museu de Artes e Ofícios, patrocinado por uma mulher ligada à construtora Andrade e Gutierrez. Se não me engano ela doou quase todo o acervo pessoal pro museu. É interessante porque vários dos ofícios são relacionados com a região ou estado de Minas Gerais. Já o pequeno museu Abílio Barreto, onde se localizava a primeira fazenda de Belo Horizonte, conta um pouco da história da cidade, que, como Campo Grande, tem pouco mais de cem anos. Mas o que mais gostei foi de ir, ao acaso, ao IMS, localizado no centro. Estava acontecendo uma exposição com fotos em PB do Otto Stupakoff, muito marcantes!

Gostei bastante também de ir com a Raquel, que estuda Medicina na UFMG, de conhecer o campus da faculdade federal. Almoçamos por lá em um dos vários e diferentes restaurantes oferecidos e logo depois do almoço, em uma tenda no meio da faculdade, estava tocando uma banda muito legal, tinha até instrumento de sopro, o som era muito original. Uma pena que tivemos que ir embora porque a Raquel tinha aula no outro campus da faculdade logo depois.

No ônibus que me levava pro longíssimo aeroporto de Confins, prestei atenção para achar a tão comentada pelos mineiros e recém-inaugurada cidade administrativa de Minas Gerais. São três grandes prédios – um deles o auditório – que abrigam agora as secretarias, palácio do governo e outras repartições. A arquitetura é muito marcante, e o arquiteto responsável pela obra, como esperado, foi o Oscar Niemeyer. O que me chamou muito a atenção é que um dos grandes prédios está pendurado por cabos, que devem ser de aço. É como um MASP, porém pendurado e não tocando os grandes pilares que dão suporte aos cabos. Só vendo.

Um pouco antes de embarcar, fiquei vendo aviões tocando o chão ou se descolando dele; nunca me canso disso. Alguns minutos depois foi a minha vez de decolar.

(Quase) Do Oiapoque ao Chuí: de Manaus a Porto Alegre

Logo depois de voltar do Rio de Janeiro, onde tive muito azar com o tempo e aproveitei pra fazer passeios diferentes do que se espera de uma cidade como o Rio, embarquei para Manaus. O vôo demorou menos do que eu esperava, três horas e pouco, e quando cheguei à capital amazonense, senti na pele – literalmente – o estafante calor desta cidade. Já que toquei no tema calor, não posso deixar de mencionar: é impressionante como o calor de Manaus incomoda. É um calor diferente, gruda na pele, impregna. Tudo bem, Manaus também não colaborou, o primeiro dia foi o mais quente dos seis que eu fiquei lá e, à noite, conversando com a Raquel no apartamento dela, a energia acabou e o ar condicionado parou! Não faltou mais nada.

Manaus é uma cidade ímpar, não tem como não ser: está no meio da Amazônia, cercada por rios, aguapés e muita floresta, distante de todos os outros pólos brasileiros. Todos os caminhões que chegam a Manaus precisam pegar, de Belém, uma balsa que demora mais ou menos três dias para chegar. Outra coisa que me chamou a atenção também foi o orgulho dos manauaras com a cidade natal. Manaus funciona também como um imã estadual, assim como a maioria das capitais, atraindo muitas pessoas em busca de oportunidades e uma vida mais promissora; com a única diferença que para chegar a Manaus, o transporte utilizado geralmente são as chalanas ou barcos, em vez de ônibus ou carros.

Culturalmente, Manaus tem muito a oferecer, e, de muitas atrações, é possível relacionar com o famoso e rico ciclo da borracha que ocorreu nesta mesma cidade há mais ou menos 100 anos. Grandes exemplos são: o Teatro Amazonas, lindo lugar construído na época do apogeu de Manaus e há pouco revitalizado; Palacete Provincial, anexo que engloba a pinacoteca e outros museus, com destaque para os quadros modernos com temas regionais; Palácio Rio Negro; Ponte Benjamim Constante, etc.

Estando no meio da Floresta amazônica não pude deixar de ir para um hotel na selva. Na verdade quem realmente possibilitou esse passeio foi o Fabian, amigo do meu tio, que como já havia trabalhado no Ariaú – um dos hotéis de selva mais famosos em Manaus com uma estrutura toda em palafitas de tirar o chapéu – consegui um super desconto pra mim, Raquel e Bruna, amiga da Raquel que também aproveitou a ocasião para ir visitá-la. A experiência foi incrível, o hotel é muito extenso e só o fato de estar no meio do nada, do verde, faz do lugar muito interessante. Sem contar as comidas típicas servidas no almoço e jantares, os passeios como focagem de jacaré e caminhada na selva, etc. Ficamos pouco, dormimos só uma noite, mas foi muito interessante pra conhecer a selva.

Outro passeio típico de Manaus é o Encontro das Águas, onde o Rio Negro encontra o Solimões. Eu e a Bruna fomos de ônibus até o CEASA (muito longe!) e fizemos o passeio com um piloteiro simpático. Depois, como estava na hora do almoço, acabamos comendo em um restaurante bem simples perto do CEASA mesmo. Claro, comemos peixe e tomamos tubaína, muito bom!

Notei também que em Manaus, apesar de ser perceptível sua população humilde e pobre, existem muitas pessoas ricas. É muito comum encontrar carrões importados nas ruas e existem diversos lugares finíssimos, como o Shopping Manauara ou alguns bares.

No meu último dia, acordei e fui direto pro aeroporto, meu vôo saía na hora do almoço mais ou menos. Estava muito cansado de tanto ter perambulado pela cidade e conhecido tantos lugares. Estava também um pouco aliviado de dizer adeus àquele calor estafante, subumano. Cheguei em Indaiatuba no final da tarde e fui jantar na Casa da Esfiha com a família e o Daniel. Já estava com passagem marcada para embarcar no dia seguinte pra Porto Alegre, extremo sul do país. No restaurante mesmo liguei pro Odécio e perguntei se tinha como ficar hospedado na casa dele. Claro, ele me disse. Ótimo!

***

Porto Alegre é muito diferente de Manaus, em todos os aspectos: população, paisagem, clima, desenvolvimento, etc. Não quero aqui, porém, comparar as duas capitais, são diferentes e pronto. Achei bem interessante em menos de 24 horas sair do extremo norte e ir para o extremo sul brasileiro. Diferente de Manaus, já havia estado em POA antes desta viagem. Esta segunda vez foi importante pra me confirmar a impressão que eu tinha da capital gaúcha: uma cidade muito interessante e agradável, provavelmente um lugar muito bom pra se viver, tirando o orgulho cego e irritante dos gaúchos.

Foi muito legal rever pessoas que eu não via há muito tempo, como o Odécio e o pessoal que morou comigo em Londres: Cláudia, Thiago e Gabriel. Com os últimos, saí uma noite em um bar muito legal de um bairro agitado de Porto Alegre; ficamos conversando horas a fio sobre nossas experiências em Londres e o que fizemos depois que nos separamos, após o regresso individual de cada um de nós para nossa terra. Do Odécio eu não preciso falar nada, continua a mesma figura de sempre, incrível!

Como da primeira vez, fui à Usina do Gasômetro e vi o pôr do sol no Guaíba, indescritível. Indescritível também o louco que ficou resmungando e praguejando do meu lado enquanto eu tirava foto do rio engolindo o sol, mas foi só olhar com cara de bravo pra ele que ele sumiu rapidinho. Também fui aos inúmeros sebos da Rua Riachuelo e comprei uns quatro livros: dois do local Bettega, um do paranaense Luis Henrique Pellanda (ótimo!) e um do turco Orhan Pamuk. Impressionante como esta cidade tem sebos, o pessoal do sul deve ler muito mesmo.

Repeti também os passeios no parque da Redenção, onde fiquei lendo a Piauí do mês por muito tempo; cada de cultura do Mário Quintana, onde descobri um bar/café no último andar que igualmente como a Usina, tinha uma vista espetacular do Guaíba; e almoço no Mercado Público: um prato com bife + Serra Malte. Do que mais eu precisava?

No último dia acordei e já rumei pro aeroporto de trem. Almocei no aeroporto mesmo e chegando no Viracopos, peguei um ônibus da Azul pra São Paulo pra ir com a Danusa no aniversário da prima dela.