segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Os automóveis

Primeiro foram os americanos e logo depois os europeus. Os japoneses de ontem perderam lugar pros coreanos de hoje. Mas quando o sol brilhar de novo, será a vez dos chineses.

Montevideo

Continuando o relato anterior, cheguei em Montevidéu tarde da noite, talvez até da madrugada, não me lembro. Sim, da madrugada, agora sei, eram duas horas passadas. Fui até o hostel que havia reservado, me arrumei e desmaiei na cama. Acordei bem mais disposto e conversei com a recepcionista pra pegar umas dicas da cidade, sendo a melhor delas a ideia de alugar uma bicicleta e andar pela rambla. Já-já conto mais.

Essa foi a terceira vez que estive na capital do Uruguai, cada vez um pouco diferente das outras. A primeira, com meus pais, vindo de carro do Brasil. Com os amigos de Campo Grande foi a segunda, estávamos em Buenos Aires e fomos até a capital vizinha, enquanto, no Brasil, as pessoas jogavam confetes uma nas outras e bebiam demais. Desta vez fui a trabalho e, como era feriado no nosso país, acabei indo um dia mais cedo para aproveitar a cidade.

Devo dizer, adoro Montevidéu! Não sei explicar porquê, apenas me identifiquei com esta cidade desde a primeira vez que estive nela. É um lugar calmo para caminhar, cheio de praças, as pessoas são educadas... Pra não falar nas ruas cheias de árvores, o cheiro especial da cidade e a culinária, carne, carne e mais carne, com um pouco de bom vinho para acompanhar.

Na primeira vez, com meus pais, acabamos entrando em um restaurante e tivemos um dos melhores almoços de todos os tempos, estava tudo muito bom. Eu e meu pai tomamos uma garrafa de vinho, enquanto isso chovia torrencialmente lá fora. Foi uma tarde muito especial, ficamos conversando e, depois de muito tempo, voltamos a caminhar por Montevidéu. Tentei porque tentei achar este mágico restaurante na segunda vez, quando estive com o pessoal, mas não consegui. Mas não é que eu estava andando pelo centro com minha bicicleta (daqui a pouco conto mais!) e me deparo com o tão esperado restaurante? Desta vez não cometi o mesmo erro, marquei o nome do lugar e até ganhei um imã de geladeira; agora, toda vez que abro a porta do congelador, vejo o nome La Torre. Da próxima vez será mais fácil.

Foi um pouco entranho passar por lugares que havia visitado com meus pais ou amigos, o porto, as praças, os prédios, as playas. Foi até um pouco melancólico, pra falar a verdade. Desta vez estava sozinho, não que seja um problema, eu viajo bastante sozinho e me viro nos 30, mas com (boa) companhia a viagem fica muito mais legal.

Agora, finalmente, o breve relato sobre o aluguel da bicicleta. Como comentei, fui recomendado a alugar a bicicleta e ficar andando pela rambla. Dito e feito, foi um dos passeios ou turismo mais legal que já fiz. Como a rambla é muito extensa, com a bicicleta é muito mais legal e se pode ver muito mais da cidade. Não sei como não tivemos esta ideia antes. Com os amigos, ficamos caminhando por horas e não andamos nem a metade do que eu andei com a bicicleta. O fato da capital uruguaia ser plana também ajuda bastante.

Como não podia ser diferente, parei em uma biblioteca (muito legal, por sinal) e me dei de presente três livros de autores uruguaios: um do consagrado Mario Benedetti, outro do Horacio Quiroga, que também já conhecia, e o último do Gabriel Richieri, que enquanto escrevo estas linhas, foi o único dos três que li até agora. Gostei bastante do livro, que é uma autobiografia do autor em forma de novela ou pequenos contos, deu pra sentir bastante como era a Montevideu de décadas passadas. Até transcrevi uma parte do livro aqui no blog, posts atrás.

De volta ao aeroporto, três dias, algumas reuniões e uma palestra em portunhol depois, percebi como o aeroporto é bonito: estrutura ampla, limpa, claro e cheia de vidros. Uma ótima primeira impressão para quem chega a um país; pra quem vai embora, um adeus simpático.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Salão do Automóvel: a retroalimentação do caos

Primeiro foi o Daniel, chegou em casa contando que havia visitado o Salão do Automóvel. Carro de 1000 cavalos, um Subaru fatiado no meio para as pessoas conhecerem o interior do mesmo, sem falar nas tradicionais marcas como Ferrari, Porsche e Masserati. Uma semana depois foi a vez dos meus pais. Meu pai, que havia tentando visitar o último Salão na edição anterior, mas não conseguiu por causa do trânsito, desta vez pôde ver as novidades automobilísticas. E levou minha mãe junto, que chegou em casa cheia de fotos na câmera, encantada com o estande da Mercedes.

Eu, como alguns de vocês já devem desconfiar, não tive vontade alguma de ver os mais novos e exorbitantes carros do momento. E não me arrependo disso. Porém, senti na pele os reflexos deste mega evento sem graça, que fez São Paulo parar por vários dias. O pior, eu não tinha nada a ver com isso.

Aconteceu que me apareceu uma viagem de última hora a trabalho para o Uruguai, que fez com que eu tivesse que ir até o aeroporto de Guarulhos, bem mais longe do usual Congonhas. Tudo bem. Como eu viajaria na segunda-feira, no meio do feriado do 2 de novembro, cheguei à conclusão de que o trajeto demoraria mais ou menos uma hora. Meu voo era às 20:20 e saí pontualmente às cinco da tarde do trabalho. A corrida começou bem, avenidas Vereador José Diniz e Ibirapuera uma beleza, vai demorar pouco mais de meia hora desta vez, pensei.

Chegando perto da 23, a surpresa: tudo parado, travado, engarrafado, congestionado. Dê o nome que quiser. O taxista sintonizou o rádio e, minuto após minuto, os boletins sobre o trânsito não paravam de cuspir informações negativas. Eu escutava o adjetivo moroso, qualificando nosso amigo trânsito, a cada segundo. O motorista, que conhecia São Paulo na palma da mão, fez mil desvios mas, mesmo assim, não conseguíamos fugir da aglomeração. Demoramos 2 horas e quarenta minuros até o aeroporto.

Lógico, perdi o voo.

A dinâmica funciona assim: muitas pessoas dependem do carro para irem ao trabalho, faculdade ou qualquer compromisso; as ruas, pontes e avenidas de São Paulo (e de qualquer outra cidade grande), que foram construídas há muitos anos, não suportam mais a infinita quantidade de automóveis; mesmo assim, os motoristas não abrem mão de utilizar o transporte individual porque o público é muito ruim; e, para finalizar, a cada dois anos, como os brasileiros gostam de carros, muitos deles visitam o Salão do Automóvel, onde ficam babando pelos novos modelos e idolatrando cada vez mais este meio de transporte que está se mostrando inviável nesta cidade. O resultado é que, apesar da falta de espaço nas vias, cada vez mais as concessionárias de automóveis estão enchendo o bolso de dinheiro.

Existe uma especulação de quando que São Paulo vai parar. Mas não está claro que já parou? Qual o verdadeiro sentido de parar? Conversando com taxistas a estatística é sempre a mesma: a cada dia São Paulo licencia 800 novos carros. Em São Paulo não se pode simplesmente sair a qualquer hora do dia se você tem que andar um percurso um pouco distante. Eu, por exemplo, quando saio de sexta-feira à noite, volto do trabalho, faço hora em casa (algumas horas, na verdade), e só depois, quando o horário de pico acabou, rumo para o ponto de ônibus. Se choveu ou está chovendo... Esquece. E tem gente pensando ainda que essa cidade só vai parar em 2017.

Mas é claro que o governo e administração pública têm sua parcela de culpa nesta história. Faltam ônibus, trens e metrôs. Como eu já citei acima, é difícil as pessoas acabarem com a dependência dos carros se o transporte público não é eficiente. O metrô comemora que em 2013 o bairro de Santo Amaro estará interligado com as outras linhas mais centrais. Mas era pra estar há muito tempo, era pra existir muito mais linhas e estações. Os ônibus deveriam ser muito melhores e passar com mais frequência nos pontos. E o governo pensando em trem bala pra ligar São Paulo ao Rio de Janeiro. Dá licença!

A solução? Talvez criar o Salão do Transporte Público, onde os cidadãos possam conferir as novidades em matéria de ônibus, trens, metrôs e vans. Poderiam daí, em vez de babar por carros que nunca vão ter, escolher algo que seria útil para todos. Outra ideia: que o Cristovam Buarque dos Transportes imite o da Educação e proponha uma lei (como estão dizendo por aí) onde os políticos e sua trupe sejam obrigados a utilizar somente transporte público, nada de carros. Radical? Pois um cidadão, como muitos em São Paulo, perder quatro horas todo dia no trânsito é muito mais radical pra mim.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O amor é outra coisa

Estados

El romance es un juego. El noviazgo, un intento. El casamiento es una celebración. El matrimonio, un acuerdo. El amor es otra cosa.

Gravedad, Gabriel Richieri

A República Dominicana de hoje e a da ditadura no passado

Depois de três dias em Bogotá acabei indo para Santo Domingo, capital da República Dominicana. Nunca imaginei que fosse conhecer este país, ainda mais tão cedo assim. O congresso para o qual eu havia sido convidado era sobre o mercado de carbono na America Latina e Caribe. Fiz uma apresentação no segundo dia do encontro sobre Programa de Atividades (PoA), um tipo de programa de crédito de carbono onde se pode agrupar vários pequenos projetos semelhantes. Estava um pouco ansioso no começo, nunca havia feito uma palestra pra tanta gente, ainda mais em inglês. Mas deu tudo certo, passei a mensagem.

Pra falar a verdade, eu estava a princípio mais interessado em descobrir como seria a vida neste país caribenho do que nas praias em si. A primeira impressão que tive ao chegar em Santo Domingo foi o calor. Ou melhor, o calor e a umidade, lembrando bastante Manaus, mas talvez não tão perto do inferno quanto a capital do Amazonas.

Tive sorte de ficar hospedado no mesmo hotel onde a conferência se realizou. Uma: o hotel era na beira-mar; apesar de ficar o dia todo infurnado nas salas de conferência, dava pra dar uma escapada até o saguão do hotel e olhar o mar (do lado de dentro, lá fora era muito quente!), parado e verde. Outra: ter um quarto no mesmo local da conferência serviu como ponto de apoio para trabalhar ou até descansar.

Na primeira noite, logo após minha chegada à ilha, pedi informação no guichê e fui até um restaurante pra tirar a barriga da miséria. No pequeno percurso (o restaurante ficava na mesma quadra do hotel) fui abordado mais ou menos 13 vezes por cafetões que queriam porque queriam que eu entrasse nas casas e conhecesse suas garotas. Incrível com eles reconhecem um gringo de longe. Eu não sabia que eu parecia um gringo. Será? Após me desvencilhar de todos eles, cheguei ao restaurante, comi um sanduíche sem graça e conversei um pouco com o garçom, que, segundo ele, havia atendido nosso presidente Lula há pouco tempo. Coitado do Lula se comeu o mesmo sanduíche que eu.

Fiquei impressionado com o tanto de SUVs que andam pelas ruas de Santo Domingo. A cada dois carros, um era grande e alto. Depois de averiguar um pouco descobri as razões: status (como não?) mas também lei da sobrevivência, já que as ruas não são muito boas e no período das chuvas parte delas ficam inundadas. Havia também muitos desses caminhões enormes que a gente só vê nos filmes americanos, como aquele no doFalcão.

Já que não conseguia aproveitar durante o dia, acabei saindo à noite e descobrindo um pouco como a cidade funcionava depois do horário comercial. Nos três dias do fórum acabei indo para bares ou restaurantes com um pessoal que conheci durante o dia. Isso foi bem legal, pessoas do continente todo, alguams eu já conhecia de outros eventos, a maioria não. Em um desses bares, depois de um cocktail organizado pelo evento, estava conversando com meus novos amigos quando, de repente, olho para o fundo do bar e vejo um caboclo, capacete na cuca, taco de beiseball na mão, rebatendo as bolinhas que uma máquina cuspia. Achei incrível, parecia que estava sonhando. Imaginem um bar no Brasil onde se pode jogar beiseball sozinho! Depois fiquei sabendo, este é o esporte mais difundido na República, eles até exportam jogadores pros Estados Unidos. Cada país com seu esporte.

Na útima noite, quando o congresso havia acabado, fomos comemorar em um restaurante requintado na Cidade Colonial. Esta parte da cidade é bem interessante, parece um forte com construções muito antigas, nunca havia visto algo parecido. Comemos muito bem e, pra variar, seguimos pra outro bar depois. Encarnamos o espírito espanhol e acabamos mundando pra outro bar ainda. Esta noite foi bem divertida.

Pra fechar a viagem com chave de ouro, fomos no sábado pra uma praia chamada Guayacanes, distante uma hora da capital. Quem nos levou foi uma local que tinha trabalhado no seminário e fez amizade com a gente. É claro, fomos de SUV para a praia, que era linda! A água do mar era verde azulada ou azul esverdeada, impossível definir. Ficamos a manhã e tarde toda conversando, dando rizada e até eu, que não sou muito fã de água, acabei entrando no mar. Valeu a pena!

***

Um pouco antes de embarcar para a Colômbia e República Dominicana, a Danusa me presenteou com mais um livro do Mario Vargas Llosa, A Festa do Bode. O momento não podia ser melhor, já que a história se passa na Santo Domingo do começo da década de 60 e ilustra quão terrível era vida sob a ditadura de Trujillo, presidente do país que acabou sendo assassinato em 1961.

Até o nome da cidada mudou durante o período da ditadura, tornando-se Capital Trujillo. O ditador era ferrenho, mandava matar seus companheiros por qualquer desconfiança, abusava de suas mulheres, humilhava o povo, e daí pra pior. Lendo o livro tive a impressão de que as ditaduras do Brasil ou Argentina foram fichinhas em comparação com a da República Dominicana.

Como na maioria dos livros do Vargas Llosa que li, a trama é muito bem elaborada. O personagem principal é uma mulher, filha de um alto funcionário durante o regime ditatorial, que volta para Santo Domingo após vários anos de refúgio nos Estados Unidos. Conforme a leitura vai se desenvolvendo, começamos a perceber os reais motivos da volta da personagem principal à terra natal. Paralelamente (característica do escritor) outra trama se desenvolve lentamente: um grupo contra o regime está prestes a atacar o carro do ditador para matá-lo e, talvez assim, acabar com o regime sangrento e injusto.

Foi interessante pelo menos começar a ler o livro antes de chegar em Santo Domingo, pude identificar algumas coisas como nome de praias ou bairros, clima e até a cerveja local, Presidente, que por sinal é muito boa. Talvez se o livro não possuísse tantos detalhes, a leitura fosse um pouco mais dinâmica, mas, de maneira geral, o livro ainda é muito bom e passa um belo panorama das dificuldades deste país durante sua ditadura. Provavelmente se a ditadura ainda estivesse presente, eu não teria conhecido a República Dominicana. Muito menos escrito estas linhas, é claro.

sábado, 6 de novembro de 2010

Bogotá DC

Há mais ou menos dois anos, quando estava morando em Londres, mudei totalmente meu conceito sobre a Colômbia. Como a grande maioria dos brasileiros eu relacionava este país somente com pobreza, tráfico e violência. Estava muito enganado, preso em mais uma das armadilhas do preconceito. O que fez mudar minha imagem na capital da Inglaterra? Um livro de fotos de Medellin que uma amiga colombiana me mostrou. O fato de ter outros amigos colombianos (incrível como existiam pessoas deste país no curso de inglês que fiz) também ajudou a me esclarecer algumas coisas. Eles falavam que seu país era muito bonito, legal pra sair a noite e não tão violento como os jornais noticiavam.

Por sorte, tive a oportunidade de conhecer Bogotá há mais ou menos um mês. Foi sorte mesmo, fui convidado pelo trabalho a participar de um fórum na Republica Dominicana e, como não havia nenhum voo direto, acabei indo pela Avianca, empresa colombiana. Como o fórum começava na quarta e na terça era feriado, remarquei minha passagem para domingo e passei três dias andando pela capital colombiana e confirmando que fizera muito bem em mudar meu conceito sobre este país.

Fiquei hospedado em um albergue no centro da Candelária, um bairro muito pitoresco e agradável de Bogotá. Sua pequenas casas e prédios antigos, a maioria deles coloridos, fazem com que um passeio por essa região seja bem agradável. É na Candelária que está localizada a praça Bolívar e, bem em frente da praça, a catedral da cidade, cartão postal de Bogotá. Mas não é só isso, existem muitas outras coisas interessantes na Candelária como museus, praças, restaurantes...

Por falar em restaurantes, devo dizer que gostei muito da culinária colombiana, comi bastante arepas (salgado de milho recheado com queijo), ajiaco (sopa com vários tipos de batata, espiga de milho e frango desfiado) e um outro prato que não me lembro o nome, basicamente com vários tipos de carne, linguiças, arroz, feijão e abacate. Sim, eles comem abacate com tudo! Aprovei. Sem falar nos sucos, tinha um de frutas vermelhas que era uma delícia. Bom, minha mãe sempre fala, o turismo que eu mais gosto é o gastronômico, deve ser verdade.

Me marcou em Bogotá DC - maneira como os colombianos chamam sua capital - a dinâmica da cidade, maior do que eu imaginava. A cidade se espalha no eixo norte e sul, limitada a leste por montanhas e a oeste... talvez pela preguiça de se contruir para esta direção, acredito. A arquitetura é única, muitos prédios, mesmo os comerciais, são de tijolinho à vista, criando uma imagem única e original da cidade. As ruas se dividem em carreras e calles, e o mais legal é que eles não se importam em dar nomes de políticos e celebridades às ruas, mas sim números. As carreras cortam a cidade de norte a sul e as calles de leste a oeste. É muito fácil de se localizar e calcular a distância de um lugar ao outro, penso que toda cidade deveria adotar este sistema. O que adianta ter uma avenida chamada Afonso Pena? Eu mesmo nem sei quem ele foi.

Outra coisa legal de Bogotá é o sistema de transporte público. Há alguns anos eles criaram os corredores para os ônibus Transmilênio, todos vermelhos, novos e articulados. O projeto foi inspirado nos corredores de Curitiba, porém, no caso de Bogotá, foi o primeiro projeto de crédito de carbono no setor de transportes a ser registrado na ONU. A justificativa: conseguiram provar que com os corredores, os ônibus andariam mais uniformemente e, assim, economizariam combustível, reduzindo as emissões de gases efeito estufa.

A componente social também foi contemplada: em muitos lugares onde os corredores do Tranmilênio foi contruídos, locais públicos como praças, parques e ruas foram revitalizados, trazendo as pessoas de volta às ruas e criando uma intereção maior cidadão/cidade assim como cidadão/cidadão. Muito interessante, sinto falta disto em São Paulo.

Ainda no contexto social e da urbanização, é interessante destacar a abrupta queda da violência que a Colombia alcançou. Com todos colombianos que conversei, a resposta foi unânime: o país está agora muito mais seguro, fruto de um combate acirrado com as FARC e outras organizações criminosas. Andando pelas ruas de Bogotá eu não me senti ameaçado nenhuma vez; claro que evitei andar em locais desconhecidos pela noite, mas dava para perceber que as pessoas estavam tranquilas e sem medo. Fiquei surpreso ao saber que grande parte dos colombianos não gosta da Ingrid Bittencourt, política que estava concorrendo à presidência e foi sequestrada durante sua campanha eleitoral, ficando refém das FARC durante seis anos. O povo alega que ela foi longe demais e que era óbvio que ela seria sequestrada. Muitos querem ainda que ela perca sua cidadania colombiana, já que está refugiada, junto com sua família, na França.

Como me disseram os amigos de Londres, Bogotá tem uma vida noturna muito badalada. No última dia de minha estada nesta cidade fui para o norte, onde está localizada uma região cheia de casas noturnas, bares e restaurantes. É como se fosse uma Rua Agusta de Bogotá, com a diferença que é muito mais agradável de caminhar, as calçadas são largas, o bairro bonito.

Acabei indo (sozinho) em uma bar-balada-restaurante chamado Andrés Carne de Résl, uma das paradas obrigatórias em Bogotá. O dono do lugar é meio artista, meio empreendedor e o conceito é muito original: em um prédio de 5 andares, pode-se comer, beber e dançar. Nos andares mais baixos, estão as pessoas comendo. Nos mais alto, apenas dançando e bebendo. Nos intermediários, os três, tudo misturado! Sem falar que a música ambiente é uma só pro prédio todo e a decoração também é única. Teria sido muito legal caso eu estivesse com amigos. Os colombianos são, de maneira geral, muito simpáticos e receptivos, mas não muito neste bar. Devia ser a nata (nariz em pé) da sociedade colombiana. Mas tudo bem, toda cidade tem seu defeito.