quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A loja de Kebab

Faz algum tempo percebi que tenho um sonho, ou melhor, uma vontade: abrir uma loja que venda kebabs, os famosos e deliciosos lanches turcos, ainda muito mal-vistos aqui no Brasil. Falando no Brasil, temos aqui dois problemas maiores em relação à venda dos kebabs: ou eles são muito baratos e, consequentemente, de ruim qualidade (os famosos churrascos-grego vendidos no centro de São Paulo); ou são muito caros e vendidos em restaurantes chiques, o que, curiosamente, não assegura que os lanches sejam tão saborosos como na Turquia ou Europa. Portanto, percebi eu, existe uma grande (e promissora) lacuna a se explorar.

Minha paixão pelos kebabs (existem diferentes tipos, ainda mais se considerarmos que cada país tem sua particularidade na preparação dos mesmos) começou quando fui morar, pela primeira vez, na Europa. Na época, ao ser apresentado ao famoso lanche pelo Florian, meu irmão hospedeiro no meu intercâmcio na Suíça, lembrei imediatamente dos famigerados churrascos-grego e descartei a ideia de experimentar a versão suíça do lanche turco. Porém, como fiquei por lá por um ano cheio, tive a oportunidade de vencer o preconceito e experimentar o tão famoso kebab. Antes mesmo de terminar o lanche, percebi como tinha sido ignorante e cabeça-dura: o kebab era uma delícia!

Após meu ano na Suíça, retornei ao Brasil e senti muita falta do kebab. Só fui ter oportunidade de saborear de novo o lanche de carne de carneiro nas outras vezes que estive na Europa ou Turquia. E, novamente no Brasil, não conseguia entender por que os kebabs não se popularizavam por aqui. Até que descobri que haviam sim, outras possibilidades senão o churrasco-grego. Conheci duas kebaberias em São Paulo: uma na Rua Augusta e outra perto deste rua. Os lanches foram exemplarmente preparados, mas na hora de comer, não me faziam lembrar os da Europa. Faltava alguma coisa. E o pior, eram caros.

Foi aí que comecei a pensar que uma loja que vendesse o "kebab intermediário" poderia se dar muito bem. Comecei a pensar então em todas as diferentes variáveis e dificuldades que poderiam aparecer na concepção, criação e manutenção de tal loja/restaurante. A primeira coisa que pensei foi onde instalar tal loja. A resposta veio rápido na minha cabeça: na Augusta, rua agitada e jovem de São Paulo repleta de opções noturnas. Não acho que o fato de outros dois restaurantes de kebabs estarem instalados na mesma região atrapalharia, até porque o conceito seria diferente. Penso que o kebab precisa ser ainda popularizado entre nós brasileiros. Apesar de ter surgido essa primeira onda de invasão de kebaberias, poucas pessoas que conheço tem o costume frequentá-las; a horrível imagem do churrasco-grego ainda atrapalha muito.

Outro problema a ser superado, de origem técnica, seria a preparação dos grandes espetos com carne de carneiro e se isso não sairia muito caro. No Brasil temos o costume maior de comer carne bovina, então é preciso analisar se seria viável a comercialização dos lanches com a carne de carneiro. Outra alternativa seria a carne de frango, também utilizada no exterior. A carne bovina, apesar de mais acessível, não constituiria, ao meu ver, uma opção para o kebab.

Seria interessante que o restaurante fosse um lugar agradável e moderno, mesmo que pequeno. Acho que seria legal usar o mesmo molde e esquema de venda do Tolocos, restaurante mexicano também localizado na Augusta. Compra-se o lanche e bebida no caixa, e com uma ficha, retira-se no balcão onde tudo é preparado. Sem cozinha interior, tudo preparado na hora e na frente do cliente; como na Europa ou Turquia. Seria interessante vender outros salgados turcos, como a pizza turca, por exemplo. A pizza turca é uma esfiha em forma de barca. O problema é que para isso um forno se faz necessário e a preparação da massa e recheio consumiria espaço e tempo. É uma questão a se pensar bastante ainda.

Voltando a falar do desing e marketing do restaurante, até o nome eu já tenho na cabeça: Istambul - culinária e cultura turca. Para criar uma identidade do nome com o local, fotos de lugares, escritores e temas relacionados à cultura turca seriam pendurados na parede. Estariam lá o Orham Pamuk, as imponentes mesquitas, o comércio turco, talvez alguns jogadores de futebol... Em preto e branco ficaria legal.

Ainda tenho muito a pensar e desenvolver sobre este ato empreendedor que me acometeu algum tempo atrás. Na verdade acho que já andei pensando até demais. Mas os sonhos são assim, não custa nada tê-los e já que se vai sonhar, é melhor sonhar grande.

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