terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Adeus, Cinecultura

Adeus, Lenin!, O Cheiro do Ralo, Irreversível, Os Sonhadores. Eu poderia ficar até amanhã escrevendo os belíssimos filmes que assisti no Cinecultura, agradável cinema alternativo de Campo Grande - subsidiado (até então) pelo Governo do Estado - que acaba de fechar suas portas. O motivo eu já sei e desconfio há muito tempo: falta de público, prestígio e atenção com este maravilhoso lugar que, a meu ver, era um dos meus favoritos em Campo Grande. Se não o favorito.

Lembro-me ainda o ano de 2007, estava em Campo Grande, de férias da faculdade. Em paralelo, ocorria o 4o Festival de Cinema do MS, promovido pelo Cinecultura. A paixão pelo cinema, aliado ao ócio do verão, me fazia ir com a Danusa a cada dois dias assistir a um dos filmes escolhidos pelo festival. Vimos o João Miguel despontar em seu início de carreira em dois filmes, Eu me lembro (fraco) e O Céu de Suely (interessante); Fonte da Vida, na época a nova obra do mesmo diretor do tão polêmico Requiem para um Sonho e outros filmes meticulosamente escolhidos. Meu pai que não entendeu nada, quase todo dia lhe pedia cinco reais para ir ao cinema. Deve ter pensado que eu ia sempre comprar alguns gramas de substâncias ilícitas.

Uma vez, assistindo a um documentário com meu amigo Diogo sobre o Lula (aquele onde nosso presidente conta que quando metalúrgico, tomava quatro, cinco dozes de pinga antes do almoço pra vencer o insuportável calor), ainda no Cinecultura antigo, que era anexo ao Museu do Índio, tomamos um susto dos grandes. Um transformador da rede elétrica, que ficava bem ao lado da sala, explodiu e causou um apagão geral! Não sabíamos o que fazer, sair correndo, esperar na sala... Acabamos fazendo nada mesmo. Tempos depois o cinema se mudaria para o Pátio Avenida, conjunto comercial bem-localizado na Afonso Pena. O som, imagem e conforto também melhoraram bastante.

Tenho certeza que o Cinecultura, além de me proporcionar inúmeros momentos de prazer, fez com que eu passasse a apreciar muito mais o cinema. Mas quando falo cinema, quero dizer cinema dos bons, filmes interessantes, brasileiros, europeus, latino-americanos, turcos. Não os filmes que passavam e ainda passam no miserável Cinemark, bem ao lado do Cinema Lado B, porém classe A.

É realmente muito triste uma capital como Campo Grande perder um de seus lugares mais interessante e responsável, por vários anos, pela disseminação da pouca cultura que circula nesta cidade. Não posso, porém, ficar reclamando muito: apesar de ter alguns amigos que sempre me acompanharam no Cinecultura, a grande maioria deles, apesar de valorizarem pelo menos um pouco a cultura, nunca foi um frequentador assíduo. Alguns deles nunca se deram o luxo de conhecer este belo reduto que acaba de fechar suas portas. Uma pena para Campo Grande, uma lágrima para o Cinecultura.

Um comentário:

  1. Olha só o cinema que abriu ao lado da minha casa http://www.paradigmacinearte.com.br/
    Bem ao estilo cinecultura. Vc ia curtir. Sessões sextas e sábados com direito a um expresso 0800.
    Acho que vou lá hoje.
    Abraços

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