Nesta sexta passada fui até o SESC Pompeia conferir o show do Vanguart, banda cuiabana que seu disco de estreia, junto com o Your Favorite Worst Nightmare, do Arctic Monkeys, foi de longe o que eu mais escutei no meu ipod quando morei em Londres, em 2008. Alguns anos passaram e o Vanguart lançou seu segundo álbum, desta vez sem nenhuma música em inglês. Nota 10!
Mesmo morando em São Paulo há quase dois anos, ainda fico com os olhos curiosos muitas vezes que ando por bairros e cantos que não fazem parte do meu cotidiano, sendo a região da Pompeia e Barra Funda dois exemplos destes lugares. Peguei um ônibus na frente de casa e andei até o Terminal Bandeira, que fica ao lado do Vale do Anhangabaú, onde entrei no metrô e fui até a estação da Barra Funda, final da linha vermelha. Saí da estaçao e andei pela Matarazzo até o SESC, passando por alguns lugares que tinha visto há muito tempo: Parque da Água Branca, a famosa mas nunca por mim visitada balada Vila Country, Casa das Caldeiras, prédios da PwC.
Havia escrito aqui que cada vez mais me impressiono (positivamente) com a rede SESC em São Paulo. Já conhecia as belíssimas e impressionantes unidades da Vila Mariana (show do Otto), Pinheiros (exposição Queremos Miles!), Interlagos (show do Zeca Baleiro), Cine SESC na Agusta, café da unidade Paulista no topo do prédio, com vista magnífica da Pauliceia - atualmente em reforma. Porém, até então, nada de SESC Pompeia.
Antiga indústria convertida em centro cultural, o SESC Pompeia chama muito a atenção de quem passa ao seu lado. O prédio é alto, uns dez andares, e suas janelas vermelhas, arredondadas, deixam a unidade ainda mais característica. Como cheguei quase uma hora antes do início do show, tive tempo pra comer alguma coisa e depois conhecer o prédio. Na verdade, esta construção que dá pra ser vista do lado de fora, em frente ao Shopping Bourbon, é apenas o bloco dos esportes do SESC Pompeia. Ao lado do prédio existe um outro bloco, mais baixo, que é destinado a outros serviços, como apresentações, bar e lanchonete, revistaria e biblioteca, etc. Resumindo: o SESC Pompeia é ainda maior do que aparenta!
Há muito estava tentando ver um show do Vanguart mas, com certeza, a espera valeu a pena. O legal do espaço de show deste SESC é que não é muito grande, encurtando a distância entre a plateia e artista. Apesar da voz e bateria estarem um pouco mais altas que os outros instrumentos na maioria das músicas, o show foi ótimo! Tocando músicas tanto do primeiro quanto segundo álbum, o Vanguart mostrou que tem uma presença de palco original. Conferir ao vivo músicas que você gosta e sempre escuta em casa é muito bacana e empolgante, ainda mais quando o pessoal resolveu levantar das poltronas e conferir o show de pé, pertinho do palco.
Na volta basicamente o mesmo caminho: trem da estação Água Branca até Barra Funda; metrô até Vale do Anhangabaú; ônibus do Terminal Bandeira até em casa. Mas não fui direto pra casa, fiz um breve pit-stop no bar do posto e tomei uma cerveja. Cheguei em casa e fui dormir feliz. Pelo show, pelo SESC, por morar em São Paulo, pelo final de semana que ainda começava.
domingo, 15 de janeiro de 2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
O Muro de Berlim
Acabei de ler o ótimo e completo Muro de Berlim - Um mundo dividido 1961-1989, de Frederick Taylor, historiador inglês que morou em Berlim em sua infância. Em relação à época nazista de Hitler e Segunda Guerra Mundial, as décadas em que Berlim ficou dividida pelo Muro sempre me interessaram muito mais. O livro aborda a história do bloqueiro sob vários apectos, dentre eles político, cultural, social, histórias do cotidiano.
Uma vez dada a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista, Berlim ficou dividida em quatro setores: russo, americano, inglês e francês. Interessante que, logo após o inimigo número um ser derrotado, uma nova ordem global foi estabelecida automaticamente, polarizando, novamente, o mundo em duas frentes, a comunista e a capitalista. O mais curioso é que não somente em um país, mas em uma única cidade, foi imprimida as duas facções antagônicas, mudando bruscamente a vida de milhares de pessoas.
Não demorou muito para a população da Alemanha e Berlim perceberem que a vida era mais agradável e grata na parte ocidental. Sendo assim, começou o processo de fuga em massa de moradores da parte oriental para o Oeste. Existiam também aqueles que, chamados de atravessadores, continuavam morando em Berlim Oriental - mais barata e culturalmente mais ativa - e trabalhando na parte ocidental, onde se ganhava muito mais. A única solução encontrada para a Alemanha Oriental de Ulbricht, e apoiada pela União Soviética de Khrushchev, foi a construção do famoso muro.
O livro narra detalhadamente a engenhosidade de Ulbricht em convencer seus chefes soviéticos de que o muro, apesar de render uma imagem negativa do comunismo aos olhos do mundo, era a melhor ou única solução para estancar a hemorragia de pessoas sentido leste-oeste. Havia também grandes atritos entre o bloco comunista e a administração do presidente Kennedy, dos EUA, marcando o período instável da Guerra Fria.
Parece inacreditável, mas a cerca de contenção de arame farpado, erigida anteriormente ao muro própriamente dito, foi concluída em apenas uma madrugada de agosto de 1961. Alemães orientais e ocidentais acordaram em um domingo e se depararam com a cerca e vários policiais orientais protegendo-a. Parecia sonho, mas não era. Também um tanto quanto atípica foi a reação do bloco ocidental à contrução do bloqueio, por parte dos comunistas. Na realidade, o que houve foi a falta de ação dos países ocidentais, uns por temerem a erupção de uma nova guerra, desta vez nuclear, outros por estarem ocupados com assuntos mais importantes, como a França em relação à independência da Argélia. Aliás, apesar de violar a vida e autonomia de todos berlinenses, a cerca, como ainda era chamada, não estava construída em território ocidental.
Gostei muito da descrição de casos famosos que ocorreram devido à construção do Muro, como por exemplo pessoas que se atiravam de prédios ao redor da cerca para passar para o lado ocidental; grupos de estudantes ocidentais que ajudavam seus conterrâneos orientais a passar para o outro lado com a ajuda de passaportes falsos ou construção de túneis; o do soldado oriental que resolveu pular para o lado ocidental e foi clicado por um fotógrafo exatamente quando o fazia, tendo a foto se tornado famosa imediatamente. Sem mencionar dezenas de pessoas que morreram tentando atravessar a fronteiro nos quase 30 anos de sua existência.
Os anos foram passando e, apesar de muitas pessoas acreditarem, no começo, que a cerca de arame teria um caráter provisório, logo ela foi substituída pelo verdadeiro muro, fortemente construído e isolado, que se tornava cada vez mais instransponível. Também com o passar dos anos outros aspectos foram mudando. O bloco comunista começava a se deparar com vários problemas de ordem econômica e foi se enfraquecendo. Houve também um movimento de afastamento das políticas pregadas por Stalin, culminando na mudança do nome da rua Stalinalee para Karl-Marxalle, por exemplo. O mundo ocidental, por sua vez, começou a empregar um política de convergência para o leste, tentando criar mais humanidade, apesar da distinta divisão política entre os dois lados, para o povo alemão, Berlim principalmente. A Alemanha Oriental começou a receber maciços empréstimos de bancos ocidentais. Porém, o problema financeiro não era resolvido.
Em meados da década de 80 a situação ficara insustentável para o bloco comunista. Entretanto, a primeira rachadura não apareceu exatamente no Muro de Berlim, mas sim na fronteira da Hungria com a Áustria. Antes também controlada rigidamente pela Hungria comunista, a fronteira começou a ficar mais permissiva, devido à União Soviética quase em colapso. Milhares de alemães viajaram então para a Hungria com o objetivo de atravessar para a Austria e, de lá, voar para a Alemanha ou Berlim Ocidental.
Não passou muito tempo e a própria RDA começou a permitir que seus cidadãos orientais pudessem atravessar para o lado ocidental, através de vistos concedidos no momento da travessia. Não havia mais o que fazer. Em novembro de 1989, exatos 28 anos após sua construção, o Muro de Berlim começou a ser derrubado. Deu-se então um movimento e política de reestruturação de Berlim e Alemanha Oriental, que possuim sistemas produtivos muito mais atrasados e ineficazes que o ocidente. Alguns dizem que até hoje a diferença é discrepante. A lado positivo é que, após longos anos tempestivos, alemães e berlinenses puderem novamente se reunificar e compor uma só nação.
Uma vez dada a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista, Berlim ficou dividida em quatro setores: russo, americano, inglês e francês. Interessante que, logo após o inimigo número um ser derrotado, uma nova ordem global foi estabelecida automaticamente, polarizando, novamente, o mundo em duas frentes, a comunista e a capitalista. O mais curioso é que não somente em um país, mas em uma única cidade, foi imprimida as duas facções antagônicas, mudando bruscamente a vida de milhares de pessoas.
Não demorou muito para a população da Alemanha e Berlim perceberem que a vida era mais agradável e grata na parte ocidental. Sendo assim, começou o processo de fuga em massa de moradores da parte oriental para o Oeste. Existiam também aqueles que, chamados de atravessadores, continuavam morando em Berlim Oriental - mais barata e culturalmente mais ativa - e trabalhando na parte ocidental, onde se ganhava muito mais. A única solução encontrada para a Alemanha Oriental de Ulbricht, e apoiada pela União Soviética de Khrushchev, foi a construção do famoso muro.
O livro narra detalhadamente a engenhosidade de Ulbricht em convencer seus chefes soviéticos de que o muro, apesar de render uma imagem negativa do comunismo aos olhos do mundo, era a melhor ou única solução para estancar a hemorragia de pessoas sentido leste-oeste. Havia também grandes atritos entre o bloco comunista e a administração do presidente Kennedy, dos EUA, marcando o período instável da Guerra Fria.
Parece inacreditável, mas a cerca de contenção de arame farpado, erigida anteriormente ao muro própriamente dito, foi concluída em apenas uma madrugada de agosto de 1961. Alemães orientais e ocidentais acordaram em um domingo e se depararam com a cerca e vários policiais orientais protegendo-a. Parecia sonho, mas não era. Também um tanto quanto atípica foi a reação do bloco ocidental à contrução do bloqueio, por parte dos comunistas. Na realidade, o que houve foi a falta de ação dos países ocidentais, uns por temerem a erupção de uma nova guerra, desta vez nuclear, outros por estarem ocupados com assuntos mais importantes, como a França em relação à independência da Argélia. Aliás, apesar de violar a vida e autonomia de todos berlinenses, a cerca, como ainda era chamada, não estava construída em território ocidental.
Gostei muito da descrição de casos famosos que ocorreram devido à construção do Muro, como por exemplo pessoas que se atiravam de prédios ao redor da cerca para passar para o lado ocidental; grupos de estudantes ocidentais que ajudavam seus conterrâneos orientais a passar para o outro lado com a ajuda de passaportes falsos ou construção de túneis; o do soldado oriental que resolveu pular para o lado ocidental e foi clicado por um fotógrafo exatamente quando o fazia, tendo a foto se tornado famosa imediatamente. Sem mencionar dezenas de pessoas que morreram tentando atravessar a fronteiro nos quase 30 anos de sua existência.
Os anos foram passando e, apesar de muitas pessoas acreditarem, no começo, que a cerca de arame teria um caráter provisório, logo ela foi substituída pelo verdadeiro muro, fortemente construído e isolado, que se tornava cada vez mais instransponível. Também com o passar dos anos outros aspectos foram mudando. O bloco comunista começava a se deparar com vários problemas de ordem econômica e foi se enfraquecendo. Houve também um movimento de afastamento das políticas pregadas por Stalin, culminando na mudança do nome da rua Stalinalee para Karl-Marxalle, por exemplo. O mundo ocidental, por sua vez, começou a empregar um política de convergência para o leste, tentando criar mais humanidade, apesar da distinta divisão política entre os dois lados, para o povo alemão, Berlim principalmente. A Alemanha Oriental começou a receber maciços empréstimos de bancos ocidentais. Porém, o problema financeiro não era resolvido.
Em meados da década de 80 a situação ficara insustentável para o bloco comunista. Entretanto, a primeira rachadura não apareceu exatamente no Muro de Berlim, mas sim na fronteira da Hungria com a Áustria. Antes também controlada rigidamente pela Hungria comunista, a fronteira começou a ficar mais permissiva, devido à União Soviética quase em colapso. Milhares de alemães viajaram então para a Hungria com o objetivo de atravessar para a Austria e, de lá, voar para a Alemanha ou Berlim Ocidental.
Não passou muito tempo e a própria RDA começou a permitir que seus cidadãos orientais pudessem atravessar para o lado ocidental, através de vistos concedidos no momento da travessia. Não havia mais o que fazer. Em novembro de 1989, exatos 28 anos após sua construção, o Muro de Berlim começou a ser derrubado. Deu-se então um movimento e política de reestruturação de Berlim e Alemanha Oriental, que possuim sistemas produtivos muito mais atrasados e ineficazes que o ocidente. Alguns dizem que até hoje a diferença é discrepante. A lado positivo é que, após longos anos tempestivos, alemães e berlinenses puderem novamente se reunificar e compor uma só nação.
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