Sim, eu, que nao sou nem um pouco chegado nesses celulares multifuncionais, tenho que admitir que o Black Berry, meu telefone do trabalho, me ajudou muito ontem. Peguei o metrô e fui até uma estacao perto da piscina onde eu iria nadar. Havia anotado o endereco em um papel que, infelizmente, acabei deixando no apartamento. Tinha um mapa na mao e quase certeza que a piscina ficava na Rua X. Andei pela rua toda e nada. Caramba, eu tinha quase certeza que ficava nesta rua. Perguntei para várias pessoas na rua e ninguém sabia da tal piscina. Até que tive a brilhante ideia: peguei o celular, que nem sei porque estava carregando comigo, acho que somente pra saber as horas, já que nao uso relógio, e usei o navegador pra entrar na página da academia. Bingo! Era em uma outra rua perto de onde estava. Nao perdi a viagem e, finalmente, voltei a me movimentar, depois de alguns meses sem praticar algum esporte de verdade.
Quando vi a piscina, logo lembrei dos desenhos do livro Onde está o Wally?. Era gente nadando pra todo lado, todos sentidos, criancas pulando n'água, boias no meio de tudo, alemaes, estrangeiros. Os alemaes podem ser organizados no trabalho, transporte público, em suas vidas pessoas, mas na piscina nao! A única pequena porcao de ordem no meio da balbúrida toda era uma tímida raia no canto da piscina, onde duas pessoas estavam nadando de verdade. Comecei a nadar e toda hora tinha que me desviar do "trânsito" caótico de banhistas. Até que, pouco depois, a coisa até que foi se organizando, todo mundo indo do lado direito e voltando pelo esquerdo. Nunca tinha visto coisa igual, a piscina nao era de azulejo, mas sim de metal. Várias placas de ferro soldadas umas nas outras, achei engracado.
Voltei caminhando para casa, nao era muito perto, deu mais ou menos uns 45 minutos de caminhada. Ainda estou no período curioso e de admiracao da minha estada em Frankfurt. Fico olhando os prédios, comércio, tentando guardar os nomes das ruas, me situar. Sendo Frankfurt a capital financeira da Alemanha e até Europa, existem alguns poucos arranha-céus espalhados pelo centro da cidade. Eles sao muito práticos pra eu me orientar em minhas caminhadas. Os principais (e mais imponentes) prédios sao das seguintes empresas/bancos: Commerzbank, UBS, DB (Deutsche Bahn, a empresa ferroviária da Alemanha), DB (Deutsche Bank), BHF Bank, Banco Central Europeu, etc. Mesmo com a ajuda da globalizacao, vou comecar a sempre carregar meu Black Berry comigo, até que ele pode ser útil, confesso.
sábado, 30 de abril de 2011
Helvetia
Aproveitei o feriado da páscoa e fui pra Suíca, visitar o pessoal, que fazia tempo que eu nao os via. O engracado, nao sei por que, é que aqui na Alemanha (e na Suica também), o feriado se dá na sexta e na segunda. Já tinha comprado a passagem de trem no Brasil, e na sexta-feira cedo fui pra Berna. Lá, encontrei o Florian, que foi meu irmao-hospedeiro no intercâmbio, e sua namorada Sarina.
Berna é a minha cidade preferida na Suíca. Nao sei explicar muito bem, talvez minha preferência esteja ligada nas experiências que tive nesta agradável cidade. Durante o intercâmbio, no primeiro mês, fiz um curso de alemao todo dia em Berna e sempre me impressionava com o pitoresco centro velho. Durante o ano na Suíca, sempre ia a Berna, já que era a cidade grande perto de onde eu morei. Sem falar no Rio Aare, que circula o centro da cidade, deixando ela ainda mais bonita.
Passamos um dia muito gostoso, conversando, contando as novidades e andando pela cidade. O legal é que eu conheci algumas partes de Berna que nao havia conhecido em 2003. Fizemos uma longa caminhada pelo Aare, vimos os ursos, símbolo do cantao Berna, que agora têm uma nova casa, também na margem do rio. No final da tarde, jantamos no apartamento da Sarina (uma torta de espinafre!) e ainda fomos a um bar, entre o caminho do ap. da Sarina e do Florian.
No sábado fomos para Unterseen/Interlaken e lá encontrei o resto do pessoal. Todo mundo estava animado com a Páscoa, pintamos os ovos para o domingo, segundo a tradicao deles de procurar esses ovos coloridos e chocolates no jardim, na manha de domingo. Isso por causa da Mona, a filha da Anna, que era minha irma-hospedeira. A Anna teve há pouco tempo outra filha, a Jenna, e foi legal conhecer o pequeno bebê também, que ficava sempre segurando forte meu dedo.
É impressionante como as cidades vao mundando de mês para mês, ano para ano. Estive em Interlaken pela última vez no comeco de 2009 e, nesta ocasiao, a cidade já havia mudado bastante: novos comércios, reformas nas ruas, casas novas. Desta vez nao foi diferente, notei vários novos restaurantes chineses e indianos, por causa dos turistas; eles, juntos com os japoneses, sao os mais comuns em Interlaken, que é uma cidade turística por causa da proximidade com as altas montanhas, no inverno cheias de neve.
A maioria dos amigos da época do intercâmbio estava viajando ou morando em outro país. Mas pelo menos consegui encontrar dois deles, o Mani e o Niklaus, que estudaram na mesma sala que eu. Foi muito legal encontrá-los depois de tanto tempo. Ficamos em um bar (também novo) nos atualizando e lembrando dos engracados acontecimentos em 2003. O Mani estudou engenharia civil e está trabalhando em um escritório em Berna; o Niklaus está terminando o curso de física em Zurique.
No domingo, como comentei, foi o grande dia de procurar os presentes deixado pelo Coelhinho da Páscoa. Eu ainda tive a capacidade de dar a rata de perguntar pra Mona, que horas que a mae dela havia escondido os ovos. Só eu mesmo. Tomamos depois um grandioso café da manha a la Suíca e depois almocamos, no final da tarde. Durante o dia ficamos no jardim jogando jogos parecidos com golfe e bocha, muito divertido! Na segunda-feira fiz uma pequena excursao, em um ponto turístico vizinho, com a família da Anna e fiquei carregando a pequena Jenna naquelas mochilas de carregar bebês. Me diverti bastante, ela também!
Votei para Frankfurt diretamente de Interlaken e, no caminho, fiquei a maior parte do tempo lendo um livro que havia ganhado na Suica, como presente de aniversário. Foi legal, como eles nao tinham me comprado nada, eu pude escolher dois livros da biblioteca deles. Gosto desses presentes. Durante a viagem, a caminho do vagao restaurante, percebi porque o trecho Berna-Frankfurt demorava apenas pouco menos de quatro horas: o trem, vi no painel do vagao, estava andando, ou melhor, voando a 249 km/h. Caramba! Assim terminou minha pequena visita à Suíca, estava feliz da vida.
Berna é a minha cidade preferida na Suíca. Nao sei explicar muito bem, talvez minha preferência esteja ligada nas experiências que tive nesta agradável cidade. Durante o intercâmbio, no primeiro mês, fiz um curso de alemao todo dia em Berna e sempre me impressionava com o pitoresco centro velho. Durante o ano na Suíca, sempre ia a Berna, já que era a cidade grande perto de onde eu morei. Sem falar no Rio Aare, que circula o centro da cidade, deixando ela ainda mais bonita.
Passamos um dia muito gostoso, conversando, contando as novidades e andando pela cidade. O legal é que eu conheci algumas partes de Berna que nao havia conhecido em 2003. Fizemos uma longa caminhada pelo Aare, vimos os ursos, símbolo do cantao Berna, que agora têm uma nova casa, também na margem do rio. No final da tarde, jantamos no apartamento da Sarina (uma torta de espinafre!) e ainda fomos a um bar, entre o caminho do ap. da Sarina e do Florian.
No sábado fomos para Unterseen/Interlaken e lá encontrei o resto do pessoal. Todo mundo estava animado com a Páscoa, pintamos os ovos para o domingo, segundo a tradicao deles de procurar esses ovos coloridos e chocolates no jardim, na manha de domingo. Isso por causa da Mona, a filha da Anna, que era minha irma-hospedeira. A Anna teve há pouco tempo outra filha, a Jenna, e foi legal conhecer o pequeno bebê também, que ficava sempre segurando forte meu dedo.
É impressionante como as cidades vao mundando de mês para mês, ano para ano. Estive em Interlaken pela última vez no comeco de 2009 e, nesta ocasiao, a cidade já havia mudado bastante: novos comércios, reformas nas ruas, casas novas. Desta vez nao foi diferente, notei vários novos restaurantes chineses e indianos, por causa dos turistas; eles, juntos com os japoneses, sao os mais comuns em Interlaken, que é uma cidade turística por causa da proximidade com as altas montanhas, no inverno cheias de neve.
A maioria dos amigos da época do intercâmbio estava viajando ou morando em outro país. Mas pelo menos consegui encontrar dois deles, o Mani e o Niklaus, que estudaram na mesma sala que eu. Foi muito legal encontrá-los depois de tanto tempo. Ficamos em um bar (também novo) nos atualizando e lembrando dos engracados acontecimentos em 2003. O Mani estudou engenharia civil e está trabalhando em um escritório em Berna; o Niklaus está terminando o curso de física em Zurique.
No domingo, como comentei, foi o grande dia de procurar os presentes deixado pelo Coelhinho da Páscoa. Eu ainda tive a capacidade de dar a rata de perguntar pra Mona, que horas que a mae dela havia escondido os ovos. Só eu mesmo. Tomamos depois um grandioso café da manha a la Suíca e depois almocamos, no final da tarde. Durante o dia ficamos no jardim jogando jogos parecidos com golfe e bocha, muito divertido! Na segunda-feira fiz uma pequena excursao, em um ponto turístico vizinho, com a família da Anna e fiquei carregando a pequena Jenna naquelas mochilas de carregar bebês. Me diverti bastante, ela também!
Votei para Frankfurt diretamente de Interlaken e, no caminho, fiquei a maior parte do tempo lendo um livro que havia ganhado na Suica, como presente de aniversário. Foi legal, como eles nao tinham me comprado nada, eu pude escolher dois livros da biblioteca deles. Gosto desses presentes. Durante a viagem, a caminho do vagao restaurante, percebi porque o trecho Berna-Frankfurt demorava apenas pouco menos de quatro horas: o trem, vi no painel do vagao, estava andando, ou melhor, voando a 249 km/h. Caramba! Assim terminou minha pequena visita à Suíca, estava feliz da vida.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Primeiros dias em Frankfurt
Sem eu perceber, o dia de deixar o Brasil a caminho de Frankfurt chegou. Como comentei em outro post neste blog, vim para a cidade onde está a sede do KfW - banco onde trabalho - para ficar pouco menos de dois meses, trabalhando com projetos do Brasil mas também para conhecer melhor a empresa e os colegas de trabalho. No voo, tudo tranquilo; acho que foi a vez que mais dormi em um voo, mesmo estando igual sardinha enlatada. Incrível.
Por enquanto o dia a dia no trabalho tem sido puxado. Cheguei no meio da tarde da última quarta-feira e logo fui para o pequeno mas agradável apartamento/hotel. Logo depois caminhei até o KfW, que fica bem perto do hotel, para dar "oi" pro pessoal do escritório. Já na quinta comecei realmente a trabalhar, depois de dormir bem durante a noite e me recuperar do fuso. Por causa de alguns pepinos, fiquei até quase dez da noite trabalhando. Ontem e hoje trabalhei até às 8. Mas nao posso reclamar, quanto mais trabalhar por aqui, mais aprenderei e aproveitarei este pequeno intercâmbio.
A hora do almoco no KfW é demais. O banco tem vários prédios descentralizados aqui em Frankfurt, um do lado ou perto do outro - um contraste com outros arranha-céus de outros bancos da cidade. Em um dos prédios fica a cantina, onde todos os funcionários almocam. O espaco é bem legal e tem três tipos de cardápio para escolher, sendo um deles vegetariano. Sem falar também na salada, sopa e sobremesa. Esses dias tomei uma sopa de aspargos que estava ótima! Pra beber, água com gás. Vai ser bom que assim eu passo a tomar menos coca-cola, já estava ficando viciado.
Até poucos dias atrás eu estava tendo sorte com o tempo. Apesar de ainda ser abril, já está relativamente calor. Bem de manha e à noite é um pouco friozinho ainda, mas durante o dia bem confortável. Passei a páscoa na Suíca (mais no próximo post) e o tempo também estava ótimo. O que eu mais gosto: aqui está comecando a escurecer bem depois das oito e, com o passar do tempo, isso vai acontecer mais tarde ainda.
Mesmo estando um tempo legal aqui em Frankfurt, eu nao tive tempo de fazer quase nada. Como comentei, estou saindo tarde do trabalho, chego no apartamento e, quando vejo, já é hora de dormir. Amanha vou ver se saio um pouco mais cedo e vou nadar em um clube, descobri uma piscina que custa só 4 euros pra nadar. E nao é por hora, nao. Quatro euros e pode-se passar o dia todo na água! Cheguei à conclusao definitiva de que muitas coisas aqui sao mais baratas que em Sao Paulo. Se nao o sao, pelo menos nao é tao mais caro. Um exemplo prático é o Burger King, que custa bem menos que no Brasil. Nosso país (especialmente Sao Paulo) está ficando muito caro.
Uma coisa que tem sido totalmente diferente de minha rotina no Brasil é o fato de eu ver TV aqui. Eu chego do trabalho e umas das primeiras coisas que faco é ligar a TV. No Brasil só encosto na televisao pra assistir a algum DVD. Gosto de ver as notícias, às vezes passa uns filmes legais também. Sem falar que fico, automaticamente, treinando o alemao. Logo quando cheguei, um dos grandes temas era se a Alemanha deveria ter limite de velociadade em suas Autobahns e discussoes políticas com relacao ao futuro da energia nuclear no país.
Para finalizar, duas curiosidades: aqui na Alemanha (e agora acredito que em todo mundo) as páginas amarelas também se chamam páginas amarelas, mas em alemao fica Gelbe Seiten; os números de telefones de Frankfurt nao têm sempre a mesma quantidade de dígitos, já cheguei a ver desde 5 até 10! Imaginem ter um telefone em casa que seja 15378 e um no trabalho como 7656-987861. Vai saber... Eu até agora nao consegui decorar nenhum dos dois, nem do trabalho, nem do hotel.
Por enquanto o dia a dia no trabalho tem sido puxado. Cheguei no meio da tarde da última quarta-feira e logo fui para o pequeno mas agradável apartamento/hotel. Logo depois caminhei até o KfW, que fica bem perto do hotel, para dar "oi" pro pessoal do escritório. Já na quinta comecei realmente a trabalhar, depois de dormir bem durante a noite e me recuperar do fuso. Por causa de alguns pepinos, fiquei até quase dez da noite trabalhando. Ontem e hoje trabalhei até às 8. Mas nao posso reclamar, quanto mais trabalhar por aqui, mais aprenderei e aproveitarei este pequeno intercâmbio.
A hora do almoco no KfW é demais. O banco tem vários prédios descentralizados aqui em Frankfurt, um do lado ou perto do outro - um contraste com outros arranha-céus de outros bancos da cidade. Em um dos prédios fica a cantina, onde todos os funcionários almocam. O espaco é bem legal e tem três tipos de cardápio para escolher, sendo um deles vegetariano. Sem falar também na salada, sopa e sobremesa. Esses dias tomei uma sopa de aspargos que estava ótima! Pra beber, água com gás. Vai ser bom que assim eu passo a tomar menos coca-cola, já estava ficando viciado.
Até poucos dias atrás eu estava tendo sorte com o tempo. Apesar de ainda ser abril, já está relativamente calor. Bem de manha e à noite é um pouco friozinho ainda, mas durante o dia bem confortável. Passei a páscoa na Suíca (mais no próximo post) e o tempo também estava ótimo. O que eu mais gosto: aqui está comecando a escurecer bem depois das oito e, com o passar do tempo, isso vai acontecer mais tarde ainda.
Mesmo estando um tempo legal aqui em Frankfurt, eu nao tive tempo de fazer quase nada. Como comentei, estou saindo tarde do trabalho, chego no apartamento e, quando vejo, já é hora de dormir. Amanha vou ver se saio um pouco mais cedo e vou nadar em um clube, descobri uma piscina que custa só 4 euros pra nadar. E nao é por hora, nao. Quatro euros e pode-se passar o dia todo na água! Cheguei à conclusao definitiva de que muitas coisas aqui sao mais baratas que em Sao Paulo. Se nao o sao, pelo menos nao é tao mais caro. Um exemplo prático é o Burger King, que custa bem menos que no Brasil. Nosso país (especialmente Sao Paulo) está ficando muito caro.
Uma coisa que tem sido totalmente diferente de minha rotina no Brasil é o fato de eu ver TV aqui. Eu chego do trabalho e umas das primeiras coisas que faco é ligar a TV. No Brasil só encosto na televisao pra assistir a algum DVD. Gosto de ver as notícias, às vezes passa uns filmes legais também. Sem falar que fico, automaticamente, treinando o alemao. Logo quando cheguei, um dos grandes temas era se a Alemanha deveria ter limite de velociadade em suas Autobahns e discussoes políticas com relacao ao futuro da energia nuclear no país.
Para finalizar, duas curiosidades: aqui na Alemanha (e agora acredito que em todo mundo) as páginas amarelas também se chamam páginas amarelas, mas em alemao fica Gelbe Seiten; os números de telefones de Frankfurt nao têm sempre a mesma quantidade de dígitos, já cheguei a ver desde 5 até 10! Imaginem ter um telefone em casa que seja 15378 e um no trabalho como 7656-987861. Vai saber... Eu até agora nao consegui decorar nenhum dos dois, nem do trabalho, nem do hotel.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
O norte oriental de Milton Hatoum
Fugindo de sua constante de produzir romances, todos entre cem e duzentas e poucas páginas e bem intercalados temporalmente, Milton Hatoum escreveu por último um ótimo livro de contos, A cidade ilhada. Escritor manauara de origem libanesa, Hatoum deixa sua ascendência e impressões da civilização na selva influenciar todas suas histórias. Outra característica marcante de seus livros é a difícil relação que se pode dar entre pai e filho, presentes exacerbadamente em Cinzas do Norte e Orfãos do Edorado.
Tomei conhecimento deste magnífico escritor através de um amigo, que, na época, estava prestando vestibular e me recomendeu Dois irmãos, que cairia na prova. Ao me contar os acontecimentos e artifícios utilizados pelo escritor, achei interessante e acabei comprando uma edição de bolso deste livro. Nesta obra, todas suas características básicas estão presentes: a dificuldade do relacionamento familiar, raízes orientais, vida na Amazônia etc. Sem falar no final surpreendente e dúbio, que deixa o leitor intrigado. Acredito que esta é a obra mais completa do escritor e foi aí que comecei a admirar seus livros e originalidade.
Os relatos de A cidade ilhada são diversificados, excetuando a correspondência, física ou histórica, com Manaus e região. Em um conto, adolescentes resolvem, após duradouros momentos de ansiedade e impaciência, ir a um bordel em busca de novas experiências; o final, surpreendente e cômico. Em outra estória, o amor platônico entre dois jovens vizinhos que não possuem contato algum, seguido de uma repentina mudança de uma das famílias, de origem inglesa.
O fascínio também é tema dos contos de Hatoum. Em um, um renomado pesquisador japonês desenvolve um laço profundo com a região da Amazônia; em outro, é a vez de um morador da região expressar sua admiração pela França e língua francesa a um de seus pupilos, prester a conhecer o país que o admirador nunca teva a oportunidade.
Porém, um dos contos mais marcantes se intitula O adeus do comandante. Marca do escritor em seus contos, ele começa com algum personagem relatando um acontecimento, que é o próprio conto em si. Neste caso, um comandante de barco que, no meio de sua travessia, com os passageiros a bordo, abandona o barco em um ponto do percurso, para vingar uma traição com sua mulher. É explicado então, finalmente, o propósito do caixão que estava sendo transportado no barco e que assustava os passageiros, gerando especulações das mais diversas. Para mim, este é um ótimo exemplo de como o sentimento de desespero e intriga dos personagens são bem detalhados, mas também um fascinante desenrolar da narrativa em si.
Após ter lido todos seus livros publicados, que ainda não são muitos, confesso que só não gostei muito de um só, sua primeira obra: Relato de um certo Oriente. Achei a trama complexa demais a ponto de não entender certos detalhes e relações. Talvez porque na época da leitura o ambiente não me ajudou: estava na sala de aula da faculdade, desanimado com o curso, no meio do barulho infernal dos meus amigos, também desanimados, mas com a prosa em vez da leitura como refúgio.
Só me resta agora aguardar o lançamento da próxima obra de arte do Milton Hatoum. Pelo menos existe, como remédio, a opção de ler suas crônicas no Estadão a cada quinza dias, às sextas-feiras. Sempre o faço após terminar o trabalho, um pouco antes de deixar o escritório e ir para casa. É um ótimo começo para o meu final de semana.
Tomei conhecimento deste magnífico escritor através de um amigo, que, na época, estava prestando vestibular e me recomendeu Dois irmãos, que cairia na prova. Ao me contar os acontecimentos e artifícios utilizados pelo escritor, achei interessante e acabei comprando uma edição de bolso deste livro. Nesta obra, todas suas características básicas estão presentes: a dificuldade do relacionamento familiar, raízes orientais, vida na Amazônia etc. Sem falar no final surpreendente e dúbio, que deixa o leitor intrigado. Acredito que esta é a obra mais completa do escritor e foi aí que comecei a admirar seus livros e originalidade.
Os relatos de A cidade ilhada são diversificados, excetuando a correspondência, física ou histórica, com Manaus e região. Em um conto, adolescentes resolvem, após duradouros momentos de ansiedade e impaciência, ir a um bordel em busca de novas experiências; o final, surpreendente e cômico. Em outra estória, o amor platônico entre dois jovens vizinhos que não possuem contato algum, seguido de uma repentina mudança de uma das famílias, de origem inglesa.
O fascínio também é tema dos contos de Hatoum. Em um, um renomado pesquisador japonês desenvolve um laço profundo com a região da Amazônia; em outro, é a vez de um morador da região expressar sua admiração pela França e língua francesa a um de seus pupilos, prester a conhecer o país que o admirador nunca teva a oportunidade.
Porém, um dos contos mais marcantes se intitula O adeus do comandante. Marca do escritor em seus contos, ele começa com algum personagem relatando um acontecimento, que é o próprio conto em si. Neste caso, um comandante de barco que, no meio de sua travessia, com os passageiros a bordo, abandona o barco em um ponto do percurso, para vingar uma traição com sua mulher. É explicado então, finalmente, o propósito do caixão que estava sendo transportado no barco e que assustava os passageiros, gerando especulações das mais diversas. Para mim, este é um ótimo exemplo de como o sentimento de desespero e intriga dos personagens são bem detalhados, mas também um fascinante desenrolar da narrativa em si.
Após ter lido todos seus livros publicados, que ainda não são muitos, confesso que só não gostei muito de um só, sua primeira obra: Relato de um certo Oriente. Achei a trama complexa demais a ponto de não entender certos detalhes e relações. Talvez porque na época da leitura o ambiente não me ajudou: estava na sala de aula da faculdade, desanimado com o curso, no meio do barulho infernal dos meus amigos, também desanimados, mas com a prosa em vez da leitura como refúgio.
Só me resta agora aguardar o lançamento da próxima obra de arte do Milton Hatoum. Pelo menos existe, como remédio, a opção de ler suas crônicas no Estadão a cada quinza dias, às sextas-feiras. Sempre o faço após terminar o trabalho, um pouco antes de deixar o escritório e ir para casa. É um ótimo começo para o meu final de semana.
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